Das pinturas rupestres, passando pelo volumen ao codex, os homens foram registrando suas histórias. Os livros, como todas as coisas, viveram e ainda vivem a sua evolução, haja vista os e-books hoje em dia que, respeitosamente e sem nenhum preconceito, pois os tenho, não é a minha preferência.
A partir das lajotas de barro, passando pelo papiro – planta que cresce em regiões lodosas que no antigo Egito existia nas margens do rio Nilo – os livros evoluíram para as peles de animais, onde era possível dobrá-los, uma vez que o papiro, quebradiço, não permitia.
Os chineses já imprimiam calendários e livros sagrados no século VII, mas foi a partir da prensa de tipos móveis de Johannes Gensfleish, conhecido como Gutenberg, no século XV, que tivemos a primeira grande evolução dos livros, podendo estes se popularizarem, uma vez que não eram mais escritos à mão e deixaram de ser uma exclusividade dos nobres e do clero, alcançando o seu maior objetivo: propagar a arte e o conhecimento.
O que isso nos mostra?
Que tudo, absolutamente tudo evolui, principalmente em se tratando de arte, que há sempre outros caminhos a serem percorridos para quem se propõe a encontrá-los, e se eles por acaso não existirem podem ser construídos.
Foi este pensamento que me fez construir com a parceria do luthier Egídio Alves de Souza a minha própria prensa, também de madeira, como a de Gutenberg, e dei a ela o nome de “Paula Brito” em homenagem ao nosso tipógrafo brasileiro no século XIX. Com ela criei uma técnica autoral de feitura de livros utilizando folhas soltas coladas e costuradas ao invés dos tradicionais cadernos em blocos.
Não se trata de querer voltar ao passado, mas se inspirar nele e trazer para a contemporaneidade uma nova forma de fazer e consumir literatura de uma maneira livre e descompromissada de verdades absolutas e receitas prontas, porque elas não existem; o que existe é a vontade, pois, como diz Agualusa, um escritor angolano:
“quando nós fazemos o que quer que seja com paixão, vamos acabar por fazer bem, e os livros bons acabam sempre por encontrar os seus leitores”.
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Publicado por leandrobertoldo
Sempre gostei de histórias. Os primeiros livros que li foram os clássicos “Cinderela” e o “Caso da Borboleta Atíria”, da antiga coleção vaga-lume. Hoje as coleções são mais modernas, melhoradas... Mas aqueles livros transformaram a minha vida. Lia-os de cima de um pé de ameixa, na casa de minha avó, e lá passava a maior parte do meu tempo sempre na companhia de outros livros que, com o tempo, foram ficando mais “robustos”. A partir de José Lins do Rego e seu “Menino de Engenho” fui descobrindo Graciliano Ramos, Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Clarice Lispector, Fernando Pessoa, Henriqueta Lisboa, Fernando Sabino, Murilo Rubião... Ainda hoje continuo descobrindo escritores, muitos se tornando amigos, outros pelas páginas de seus livros, como Mia Couto, Ondjaki, Agualusa. Porém, já naquela época sabia o que queria ser. Não tinha uma formulação clara, mas sabia que queria fazer parte do mundo das histórias, dos poemas, dos romances e das crônicas, pois aquilo tudo me encantava, me tirava o chão, fazia a minha imaginação voar. Hoje sou um homem feliz; casado, eterno apaixonado e pai da Yasmin. As duas, ela e a mãe, minhas melhores histórias... Mas também sou formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC/MG, com habilitação em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, sou Membro Correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni/MG, título que muito me responsabiliza e sou um homem das palavras. Mas essas palavras tiveram um começo... O meu encanto por elas fez com que eu começasse a escrever, inicialmente para mim mesmo, mas o tempo foi passando e pessoas começaram a ler o que eu produzia. Até que a revista AMAE EDUCANDO me encomendou um conto infanto-juvenil, e tal foi minha surpresa que o conto agradou! Foi publicado e correu o Brasil, como outros que vieram depois deste. Mais contos vieram e outros textos, como uma peça de teatro encenada no SESC/MG, poemas, artigos até que finalizei meu primeiro romance - Janelas da Alma - em fase de edição e encontrei uma grande paixão: os Haicais! Embora venho colecionando "histórias", como todo homem que caminha por esta vida, prefiro deixar que as palavras falem por mim, pois escrever para mim é mais do que um ofício que nos mantém no mundo. Escrever me coloca além dele... E é por isso que a minha vida, como a de um livro, vai se escrevendo – páginas ao vento, palavras ao ar.
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