SAVITRI – CONTO TRADICIONAL DA ÍNDIA

… Assim, por estas trilhas da Índia, chega a princesa SAVITRI que nos ensinará sobre a coragem para amar…

SAVITRI é um conto de ensinamento tradicional da Índia e ensina sobre amor e determinação, sobre como preparar-se para conseguir o que se deseja, o que na narrativa é indicado pelo jejum e vigília e, sobretudo, nos fala de coragem e do pedido generoso que alcança também o bem-estar daqueles que estão próximos. Mas, acima de tudo, reflete a grande sabedoria da mulher.

O Eu leio para você é uma proposta biblioterapêutica de incentivo ao autoconhecimento e ao amor pelos livros e pelas histórias.

JANELAS DA ALMA – PREFÁCIO DA NOVA EDIÇÃO

Por Jéssica Rodrigues

Será possível adentrar os mistérios da alma e descortinar janelas que possam desvendá-la? Este exercício interno em conflito contínuo com o meio é essência da natureza humana. Os seres que se veem refletidos em situações, encontros e desencontros são puramente isto: humanos. E como uma obra de ficção, um romance, pode revelar tão bem esta nuance genuinamente real e presente no viver ou no imaginário de cada um de nós? A esta e outras perguntas, temos o aguçar aqui nesta obra.

Na leitura deste livro que mescla emoções, sentidos, memórias e devaneios – o encontro pessoal do personagem Jorge é brilhantemente construído nesta narrativa que cativa o leitor do início ao fim do texto. Penso que um bom romance é aquele que, ao fim de um capítulo, nos convida à leitura do próximo. Quando isso acontece, a conexão está estabelecida e o leitor já se deixou cativar pelo enredo. Este é o momento em que a mágica surge: o texto, antes vivo apenas no imaginário do autor, ganha ares e, com asas literárias, alça voo recebendo vida também no universo dos leitores. Foi assim aqui comigo ao leu o “Janelas da alma – uma tempestade íntima, um conflito, um retorno”. Jorge foi apresentando-se e, gradativamente, desvelando seus segredos. Vi-me em conflito de compreensão e, por vezes, voltei para conferir se havia me distraído e perdido algum ponto que me desse pistas para o desenrolar da história. Gosto disso, quando o livro não nos mantém inertes e então nos convida a revê-lo, transitar em suas páginas e buscar elementos de significação e ressignificação. Afinal, é aí que está a graça de tudo, não é? Sem esse remelexo no pensamento, a leitura não nos move, e é nele que o texto toma forma e sentido. Não penso em sentidos prontos e acabados, mas em diferentes e vastas elaborações pessoais, que dialogam com o cerne da narrativa. Isto sim me parece bom: dialogar com o texto, construindo possibilidades e gestando o impossível também.

As janelas do personagem, por vezes, abriram-se às minhas próprias. Um texto que faz parar, pensar, amadurecer. O zelo com informações pontuais como a nomenclatura das flores ou de cenas do cenário artístico teatral, bem como o dialogar de detalhes e de aprendizados nas entrelinhas. Uma obra completa: instigante, bem arquitetada, com jogos simbólicos e confrontos entre o abstrato e o real. Permito-me parafrasear Rubem Alves que diz que “todo jardim nasce de um sonho e, este por sua vez, nasce dentro da alma; assim, quem não tem jardins por dentro, não os plantam por fora, nem passeia por eles”. Jorge me conduziu aos seus jardins externos e internos. Leandro Bertoldo Silva manejou bem as palavras e este livro é um jardim completo.

Jéssica Rodrigues é pedagoga, professora e escritora.

A EVOLUÇÃO DOS LIVROS

Das pinturas rupestres, passando pelo volumen ao codex, os homens foram registrando suas histórias. Os livros, como todas as coisas, viveram e ainda vivem a sua evolução, haja vista os e-books hoje em dia que, respeitosamente e sem nenhum preconceito, pois os tenho, não é a minha preferência.

A partir das lajotas de barro, passando pelo papiro – planta que cresce em regiões lodosas que no antigo Egito existia nas margens do rio Nilo – os livros evoluíram para as peles de animais, onde era possível dobrá-los, uma vez que o papiro, quebradiço, não permitia.

Os chineses já imprimiam calendários e livros sagrados no século VII, mas foi a partir da prensa de tipos móveis de Johannes Gensfleish, conhecido como Gutenberg, no século XV, que tivemos a primeira grande evolução dos livros, podendo estes se popularizarem, uma vez que não eram mais escritos à mão e deixaram de ser uma exclusividade dos nobres e do clero, alcançando o seu maior objetivo: propagar a arte e o conhecimento.

O que isso nos mostra?

Que tudo, absolutamente tudo evolui, principalmente em se tratando de arte, que há sempre outros caminhos a serem percorridos para quem se propõe a encontrá-los, e se eles por acaso não existirem podem ser construídos.

Foi este pensamento que me fez construir com a parceria do luthier Egídio Alves de Souza a minha própria prensa, também de madeira, como a de Gutenberg, e dei a ela o nome de “Paula Brito” em homenagem ao nosso tipógrafo brasileiro no século XIX. Com ela criei uma técnica autoral de feitura de livros utilizando folhas soltas coladas e costuradas ao invés dos tradicionais cadernos em blocos.

Não se trata de querer voltar ao passado, mas se inspirar nele e trazer para a contemporaneidade uma nova forma de fazer e consumir literatura de uma maneira livre e descompromissada de verdades absolutas e receitas prontas, porque elas não existem; o que existe é a vontade, pois, como diz Agualusa, um escritor angolano:

“quando nós fazemos o que quer que seja com paixão, vamos acabar por fazer bem, e os livros bons acabam sempre por encontrar os seus leitores”.

Saiba mais sobre esse trabalho clicando AQUI.

PARA LÁ DESSE QUINTAL

Por Leandro Bertoldo Silva – Quixote das Gerais

Sou de Belo Horizonte e amo minha cidade. Acabei de publicar um livro com histórias de BH contadas pelo fantasma de Aarão Reis, que foi aprovado pela Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais. Mas foi nesta pequena cidade de Padre Paraíso, no Vale do Jequitinhonha, que fiz nascer a Árvore das Letras e junto dela a Alforria Literária. E é daqui que todos os meus livros autorais, na escrita e na forma, são distribuídos para todo o Brasil. Clique em Alforria Literária para conhecer.

Se estiver passando pelo Vale, venha conhecer Padre Paraíso, a Árvore, a Alforria Literária, as prensas de madeira – as chamadas “Paula Brito” – e toda a arte que floresce nessa terra que se tornou a casa de tantos que aqui chegaram e mesmo dos que saíram, pois, como diz a famosa referência, “quem bebe a água da biquinha, não passa da igrejinha”.

E já que está por aqui, aproveite para ler o conto mínimo “Para lá desse quintal”, inspirado na tranquilidade de todos os Vales que moram em nosso interior.

Quando a pátria que temos não a temos
perdida por silêncio e por renúncia
até a voz do mar se torna exílio
e a luz que nos rodeia é como grades.

– Sophia de Mello Breyner Andresen –

Ilustração: Adilson Amaral

Para lá desse quintal, sempre houve uma noite infinita. Contudo, agora que o transpôs, não sabia se deveria. Talvez fosse melhor imaginá-la pelo rádio ao debruçar-se sobre a mesa a ouvir aquela música e deixar-se fazer dela – a noite – o que as suas lágrimas sugerissem.

Mas a curiosidade o abateu como estrelas cadentes a viajarem em excessos. Era evidente a sua felicidade na simples-cidade em que vivia: meiga, pequena, pacata, protegida dos adereços que tornam cheios os nossos pensamentos.

E quão mais confortável era a vida pouca neste quintal vazio que o tempo ainda não preenchera…

Tudo era tão cheio de nada a sua volta, que a falta, além de não se fazer presente, apresentava-se como possibilidades. Um banho quente em noite fria era um bálsamo de abundância! O que dizer da velha bicicleta que o ajudava a vencer a longa distância entre a casa e a escola e ainda emprestava-lhe a suave carícia do vento?

Mas o menino cresceu…

E o quintal não mais lhe cabia. Não se arrependia de ter desejado o infinito, mas de tê-lo deixado ser ilusão…

PLANEJAMENTO É TUDO, ATÉ PARA LER

Por Leandro Bertoldo Silva

Sabe aqueles livros da sua estante e também da biblioteca da sua cidade, assim como aqueles outros tantos das livrarias que você ainda sonha em comprar?

Então…

Se você também é um amante da leitura como eu deve ficar meio em dúvida às vezes com tantos livros que gostaria de ler, mas que o tempo castiga nosso adorado desejo de viver em meio às páginas. Mas tenho uma boa notícia, uma não, duas! Primeiro, não existe falta de tempo, existe falta de prioridade; e como esse não é o seu caso, se não nem teria começado a ler este post, vem a segunda boa notícia: há maneiras de resolver essa questão!

Mas, olha! Planejamento é tudo, e é o que devemos fazer, pois ele é muito necessário, ainda mais nos dias corridos de hoje. Devo dizer, entretanto, que não existe um método ou uma cartilha a ser seguida. Cada qual é cada qual e cada um sabe, melhor do que ninguém, onde os calos apertam, ou melhor, do seu dia a dia.

O que vou escrever aqui funciona comigo dentro da minha rotina e escolhas. Sou escritor e mediador afetivo de leitura e ela é matéria-prima do meu trabalho. Tenho tantos livros para ler quanto são as estrelas no céu…! Por isso, faço uma divisão de três modalidades de leitura:

  • LEITURA DE ENTRETENIMENTO;
  • LEITURA DE PESQUISA;
  • LEITURA DE REFERÊNCIA.

Funciona mais ou menos assim:

LEITURA DE ENTRETENIMENTO

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É a que eu faço pelo meu bel prazer (não que as outras não sejam). É a leitura do divertimento puro, do deleite, sem maiores compromissos do que a apreciação da arte literária. Aqui incluo contos, romances, poesias, etc. Costumo realizar essa leitura de segunda à quinta-feira logo após o horário de almoço, mais especificamente de 13h:00 até 13h:45, que é quando estou em meu momento de descanso do trabalho da manhã, o que inclui a escrita e a confecção de livros. Assim, posso me entregar e desfrutar dos personagens e versos…

LEITURA DE PESQUISA

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É a que eu realizo quando estou escrevendo um livro, seja ele de contos ou romance. Um escritor é um contador de histórias e precisa estar atento a tantas histórias já contadas por aí. Isso nos ajuda a estarmos mais presentes, sintonizados com a nossa época, com os gostos e preferências do nosso tempo, sem dizer que um escritor é antes de tudo um pesquisador da sua própria arte. Essa leitura eu a faço às sextas-feiras na parte da tarde, que é o dia de planejar toda a semana que virá.

LEITURA DE REFERÊNCIA

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É a leitura dos grandes autores, daqueles que me dizem mais profundamente, seja em termos de estilo, seja em termos de ideias. Aqui estão os escritores da literatura clássica e contemporânea. Como diz Mia Couto (um dos meus escritores de referência), “os escritores nascem de outros escritores”, e é exatamente assim que acontece. Para essa leitura eu reservei os fins de semana, não todo, claro, pois também tenho uma vida social e familiar que é tão importante quanto. Mas para um leitor sempre sobra um tempinho…

Bem, como disse, não há um modelo a ser seguido. O importante é que cada um encontre o seu jeito, seja ele qual for, pois deixar de ler é algo que não devemos, tanto porque, como disse Monteiro Lobato, “um país se faz com homens e livros”.

Se você gostou, aproveite para divulgar essas dicas para aquele amigo ou amiga que, como você, ama a leitura e tem vontade de ler muitas coisas, mas, no entanto, esbarra na “falta de tempo”.

Vamos lá?

Ah, e já que estamos em companhia de leitores, aproveito para indicar os meus livros. Saiba sobre eles clicando AQUI

Desejo a todos Boas leituras!