MATERNIDADE

Maternidade

Alice: Quanto tempo dura o eterno?

Coelho: Às vezes, apenas um segundo.

 – Lewis Carroll –

Maternidade era uma das palavras esquecidas no seu dicionário. Era fácil demais para algumas pessoas pensarem nisso, não para ela, de corpo perfeito e vida em liberdade. Por isso, seu ventre crescido estava na contramão de todos e recordava sua rejeição. Daquele invólucro perfeito, ficariam cicatrizes, marcas que sobreporiam ao efemeramente físico e atingiriam sonhos interrompidos.

Dejanira era mulher do mundo. Esse era o resguardo que nunca pensou em abandonar, nem sequer substituí-lo por um momento que fosse. Sentia-se sem vida, apesar da vida que crescia dentro de si. E, agora, mesmo sendo duas, teimava em sua solidão. O tempo passava, mas não levava a angústia que aumentava a cada dia que a circunscrição de seu estado apontava. Já dividia seu alimento, mesmo sem sua permissão, como seria dividir o resto? Era o que pensava desolada e inquieta. Só havia um jeito: acabar logo com aquilo. Porém, o feto crescido já era uma criança e, antes mesmo de pensar em qualquer outra coisa, de seu corpo redondo começou a emergir um líquido que, ao rebentar da bolsa, jorrou junto com uma sensação indefinível que a urgência do momento não permitiu reflexões. Elas só vieram quando, já com a criança liberta deitada em seu peito em meio aos médicos, começou a cantarolar uma cantiga de ninar no mesmo momento em que seus seios saciavam o filho que calava a ouvir.

Seus olhos recém-maternos se iluminaram, e o coração, que antes rejeitava, agora acalentava e se punha a descobrir uma desconhecida impressão felina e protetora.

A mulher do mundo sem fronteiras não sabia se o choro convulso que irrompia naquele instante era amor ou remorso, talvez fossem os dois. Aquele momento eternizado na música que embalava sua criança fazia pensar: afinal, é a mãe quem dá à luz um filho ou é o filho que faz nascer a mãe?

QUER OUVIR UMA HISTÓRIA?

Contação de histórias

“ELE IMAGINAVA que era rei, soldado, herói, pirata e domador. Era o que queria ser, porque era um sonhador…”

Foi ouvindo essa música tema do Pedrinho, do Sítio do Picapau Amarelo, que cresci de tamanho, mas continuei criança no coração porque nunca deixei de sonhar. Por muitos anos contei histórias em tantas cidades e lugares… Livrarias, eventos, feiras, simpósios e principalmente escolas. Mudei de Belo Horizonte para o Vale do Jequitinhonha e continuei contando histórias, só que através dos livros que comecei a escrever. Hoje tenho 4 livros publicados entre romance, contos, poesia e um infanto-juvenil. E este ano publico o meu quinto livro, que é fruto de uma longa pesquisa sobre as histórias e casos de Belo Horizonte e que tem como protagonistas Xavier de Novais — o segurança de uma livraria — e nada mais, nada menos do que o fantasma de Aarão Reis! É cada história…

Agora é hora de juntar as duas coisas — os livros e a oralidade — para que cada vez mais personagens sejam libertados e a magia e o encantamento nunca possam deixar de existir.

Quer ouvir uma história? Tenho muitas pra contar!

Uma mala, um violão, alguns livros, apitos, lenços e um mundo se abre aos nossos olhos…

Como na foto acima que, pelas carinhas das crianças, dá para perceber o quanto elas ficaram encantadas ao ouvir a saga do caçador que recebia no terreiro da sua casa o terrível bicho Mapinguari… Eita!

Clique no play abaixo para conhecer essa história e, se quiser conhecer outras, entre em contato! Terei o maior prazer em fazer uma visita levando minha mala repleta de livros e casos…

Entre em contato e se abra para um mundo de sonhos!

Whatsapp: (33)98437-0072

Forte abraço!

Leandro Bertoldo Silva.

PRIMEIRO DIA DE AULA

Primeiro dia de aula

Nossas vidas são definidas por momentos.

Principalmente aqueles que nos

pegam de surpresa.

 – Bob Marley –

Primeiro dia de aula. Escola nova, novos colegas, novos professores. Ia sem entusiasmo, pois não compreendia o porquê de estudar aquelas matérias, ou melhor, aquelas coisas sem praticidade nenhuma. Já não bastasse a Matemática com aqueles cálculos medonhos, ainda tinha o Português com aqueles textos e regras cheias de exceções. Chegou atrasado, quando o professor, que já havia iniciado a aula, falava com entusiasmo:

— A função do verbo é dar ação ao sujeito. Portanto, sujeito sem verbo é sujeito paralisado…!

Torcendo o nariz, por ver ali a comprovação do que pensava, perguntou ao colega ao lado:

— Qual o nome desse professor de Português?

— Português?! Não… Ele é professor de Teologia!

A surpresa e o susto que tomou, fizeram-no lembrar-se da combustão instantânea da Química quando, aos moldes da Física e seus caminhos improváveis, começou a enxergar a importância oculta das matérias enquanto o professor complementava sua explicação:

— É por isso que precisamos aprender a ler o mundo e a manter a nossa vida longe do ‘estado de dicionário’ e correr a Geografia de nossas almas.

E uma nova História começou a ser escrita em sua vida…