
Por Leandro Bertoldo Silva
“Leem muito, sabem o que estão a falar, gostam de conversar e criam um ambiente familiar…”
Sim, estes são os livreiros, muito mais do que vendedores de livros que, muitas vezes, não conhecem do seu ofício, são apenas funcionários de livrarias, quer dizer, livrarias não, loja de livros… É bem diferente!
Pois eu conheci o Sr. Demerval, da livraria 7 Arte, no lendário Ed. Maleta, em Belo Horizonte, palco de encontros memoráveis, como Carlos Drummond e Mário de Andrade, Fernando Sabino, Tarsila do Amaral e muitos outros… O Sr. Demerval não é um vendedor de livros, é o verdadeiro livreiro, às antigas, aquele que entende de literatura e do mundo dos escritores.
A diferença entre livrarias e loja de livros, ou megastores, vai muito além do retorno financeiro a curto prazo, pois estas não dependem supostamente da venda de livros. As vendas alternativas de CD’s, presentes, produtos de informática, proporcionam a tão procurada segurança, mas a troco de quase deixar os livros – o principal – em segundo plano.
A consequência disso é um misto de decepção e desilusão quando o vendedor não conhece aquele escritor ou escritora que você tanto ama, que para você é um ícone da literatura. Para quem acha que o vendedor não tem a obrigação de conhecer tudo desse universo, saiba que o livreiro conhece… Ele sabe exatamente quem é quem e jamais tomaria um escritor por escritora e vice-versa… Foi o que me aconteceu ao procurar numa dessas megastores um livro de Mia Couto…
Por isso que ao invés de me embrenhar neste mundo da disputa de egos, onde os destaques ficam para a mídia nas gôndolas bem arrumadas ou na parte dos “mais vendidos”, enquanto outros tão grandes quanto, ou mais, ficam em meio à escuridão das prateleiras – quando ficam – prefiro os Srs. Demervais, aquela conversa em meio aos livros que pulsam vida, história, variados encontros de vozes e figuras das mais simples até grandes intelectuais.
A vida é assim, tudo são escolhas…
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Publicado por leandrobertoldo
Sempre gostei de histórias. Os primeiros livros que li foram os clássicos “Cinderela” e o “Caso da Borboleta Atíria”, da antiga coleção vaga-lume. Hoje as coleções são mais modernas, melhoradas... Mas aqueles livros transformaram a minha vida. Lia-os de cima de um pé de ameixa, na casa de minha avó, e lá passava a maior parte do meu tempo sempre na companhia de outros livros que, com o tempo, foram ficando mais “robustos”. A partir de José Lins do Rego e seu “Menino de Engenho” fui descobrindo Graciliano Ramos, Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Clarice Lispector, Fernando Pessoa, Henriqueta Lisboa, Fernando Sabino, Murilo Rubião... Ainda hoje continuo descobrindo escritores, muitos se tornando amigos, outros pelas páginas de seus livros, como Mia Couto, Ondjaki, Agualusa. Porém, já naquela época sabia o que queria ser. Não tinha uma formulação clara, mas sabia que queria fazer parte do mundo das histórias, dos poemas, dos romances e das crônicas, pois aquilo tudo me encantava, me tirava o chão, fazia a minha imaginação voar. Hoje sou um homem feliz; casado, eterno apaixonado e pai da Yasmin. As duas, ela e a mãe, minhas melhores histórias... Mas também sou formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC/MG, com habilitação em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, sou Membro Correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni/MG, título que muito me responsabiliza e sou um homem das palavras. Mas essas palavras tiveram um começo... O meu encanto por elas fez com que eu começasse a escrever, inicialmente para mim mesmo, mas o tempo foi passando e pessoas começaram a ler o que eu produzia. Até que a revista AMAE EDUCANDO me encomendou um conto infanto-juvenil, e tal foi minha surpresa que o conto agradou! Foi publicado e correu o Brasil, como outros que vieram depois deste. Mais contos vieram e outros textos, como uma peça de teatro encenada no SESC/MG, poemas, artigos até que finalizei meu primeiro romance - Janelas da Alma - em fase de edição e encontrei uma grande paixão: os Haicais! Embora venho colecionando "histórias", como todo homem que caminha por esta vida, prefiro deixar que as palavras falem por mim, pois escrever para mim é mais do que um ofício que nos mantém no mundo. Escrever me coloca além dele... E é por isso que a minha vida, como a de um livro, vai se escrevendo – páginas ao vento, palavras ao ar.
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