Um dos filmes mais lindos que já assisti até hoje foi O Carteiro e o Poeta, baseado no romance de Antônio Skármeta. Muito além da história de amor do carteiro pela bela garçonete, insuflado pela poesia de Pablo Neruda, chama atenção algo muito maior: o encontro com a poesia.
É de Neruda que Mario, o carteiro, busca conselhos sobre como conquistar o coração de Beatriz, a garçonete, e é do simples Mario que Neruda recebe os sons de sua casa, quando, doente, pede ao rapaz para gravar os ruídos em torno da Ilha Negra. Ao fazê-lo, o carteiro anda pelos lugares e se depara não apenas com os sons, mas com paisagens comuns do dia a dia ao se tonarem exuberantes pelo simples fato de serem observadas, ou melhor, percebidas. Esse é o momento ápice para mim em que a poesia, em sua essência, se faz presente.
Refiro-me a esse filme e a essa passagem exclusivamente para dizer como é impressionante o fato da poesia estar ao alcance dos nossos olhos, basta nos colocarmos à disposição.
Foi assim, nesse modo receptivo, que em um passeio na casa de uns amigos na zona rural, aqui mesmo em Padre Paraíso, no Vale do Jequitinhonha, estavam lá, em um espaço de alguns metros quadrados bem perto de nós, muitas poesias a serem vistas, ouvidas e apreciadas, as quais compartilho aqui algumas na minha forma preferida: os haicais.
Se você gostou desses pequenos versos, quero te convidar a seguir o meu novo perfil no Instagram, onde, estimulado pelo filme O Carteiro e o Poeta, irei mostrar os Vales do Jequitinhonha e Mucuri pelos olhos da poesia em haicais, essa arte tão linda quanto sutil e profunda.
É uma forma de evidenciar e agradecer essas terras que me acolheram como filho nesses 15 anos a caminhar por elas.
A ideia é de um perfil focado justamente na arte do haicai, sem apelo comercial ou sequer legenda, somente com a referência do local. Busca-se ser um lugar para encontrar fotos bonitas, sempre autorais, admirar as composições dos versos com as imagens e cores em um ambiente calmo e sereno para trazer sensibilidade e inspiração.
Sempre gostei de histórias. Os primeiros livros que li foram os clássicos “Cinderela” e o “Caso da Borboleta Atíria”, da antiga coleção vaga-lume. Hoje as coleções são mais modernas, melhoradas... Mas aqueles livros transformaram a minha vida. Lia-os de cima de um pé de ameixa, na casa de minha avó, e lá passava a maior parte do meu tempo sempre na companhia de outros livros que, com o tempo, foram ficando mais “robustos”. A partir de José Lins do Rego e seu “Menino de Engenho” fui descobrindo Graciliano Ramos, Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Clarice Lispector, Fernando Pessoa, Henriqueta Lisboa, Fernando Sabino, Murilo Rubião... Ainda hoje continuo descobrindo escritores, muitos se tornando amigos, outros pelas páginas de seus livros, como Mia Couto, Ondjaki, Agualusa. Porém, já naquela época sabia o que queria ser. Não tinha uma formulação clara, mas sabia que queria fazer parte do mundo das histórias, dos poemas, dos romances e das crônicas, pois aquilo tudo me encantava, me tirava o chão, fazia a minha imaginação voar. Hoje sou um homem feliz; casado, eterno apaixonado e pai da Yasmin. As duas, ela e a mãe, minhas melhores histórias... Mas também sou formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC/MG, com habilitação em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, sou Membro Correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni/MG, título que muito me responsabiliza e sou um homem das palavras. Mas essas palavras tiveram um começo... O meu encanto por elas fez com que eu começasse a escrever, inicialmente para mim mesmo, mas o tempo foi passando e pessoas começaram a ler o que eu produzia. Até que a revista AMAE EDUCANDO me encomendou um conto infanto-juvenil, e tal foi minha surpresa que o conto agradou! Foi publicado e correu o Brasil, como outros que vieram depois deste. Mais contos vieram e outros textos, como uma peça de teatro encenada no SESC/MG, poemas, artigos até que finalizei meu primeiro romance - Janelas da Alma - em fase de edição e encontrei uma grande paixão: os Haicais! Embora venho colecionando "histórias", como todo homem que caminha por esta vida, prefiro deixar que as palavras falem por mim, pois escrever para mim é mais do que um ofício que nos mantém no mundo. Escrever me coloca além dele... E é por isso que a minha vida, como a de um livro, vai se escrevendo – páginas ao vento, palavras ao ar.
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2 comentários em “HAICAIS DOS VALES: O ENCONTRO COM A POESIA”
Belíssimos
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Obrigado, Antônia 🙂
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