No dia 04 de agosto deste ano, por acaso dia do meu aniversário, publiquei aqui no blog uma crônica em que chamei de “Memórias de cidade”. Você, inclusive, pode conferir ao clicar AQUI.
Ela nasceu em um dia quando acabava de chegar de viagem a Belo Horizonte, minha cidade natal, em Minas Gerais, vindo de São Paulo, tendo que esperar por mais 8 horas até a partida do próximo ônibus com destino a minha cidade atual, no Vale do Jequitinhonha, onde resido há 14 anos.
Mas o que importa aqui nesta Crônica de Domingo são os desdobramentos de uma história e onde ela pode chegar.
Sim, foi um dia para mim de muita contemplação e resinificados.
O que não imaginava e nem poderia é que ela inspiraria o poeta e amigo Nasapulo Kapiãla, de Angola, a uma poesia repleta de sensibilidade ao demonstrar, em poucos versos, exatamente tudo o que senti.
Assim disse ele:
Contemplar é sentir a vida a cada instante, apreciar o momento, sem pressa de voar no tempo.
Emprestar olhos coloridos, que pintem as circunstâncias e tragam a esperança.
É resignificar os lugares, os sentimentos, e visualizar além do nosso tempo.
(Nasapulo Kapiãla)
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Nasapulo Kapiãla é angolano, colaborador e integrante da turma Paulina Chiziane da Vivência Novos Autores, da Árvore das Letras.
O que mais me encanta é a capacidade da arte e da literatura em fazer amigos… Obrigado, amigo poeta de além-mar.
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Sempre gostei de histórias. Os primeiros livros que li foram os clássicos “Cinderela” e o “Caso da Borboleta Atíria”, da antiga coleção vaga-lume. Hoje as coleções são mais modernas, melhoradas... Mas aqueles livros transformaram a minha vida. Lia-os de cima de um pé de ameixa, na casa de minha avó, e lá passava a maior parte do meu tempo sempre na companhia de outros livros que, com o tempo, foram ficando mais “robustos”. A partir de José Lins do Rego e seu “Menino de Engenho” fui descobrindo Graciliano Ramos, Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Clarice Lispector, Fernando Pessoa, Henriqueta Lisboa, Fernando Sabino, Murilo Rubião... Ainda hoje continuo descobrindo escritores, muitos se tornando amigos, outros pelas páginas de seus livros, como Mia Couto, Ondjaki, Agualusa. Porém, já naquela época sabia o que queria ser. Não tinha uma formulação clara, mas sabia que queria fazer parte do mundo das histórias, dos poemas, dos romances e das crônicas, pois aquilo tudo me encantava, me tirava o chão, fazia a minha imaginação voar. Hoje sou um homem feliz; casado, eterno apaixonado e pai da Yasmin. As duas, ela e a mãe, minhas melhores histórias... Mas também sou formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC/MG, com habilitação em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, sou Membro Correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni/MG, título que muito me responsabiliza e sou um homem das palavras. Mas essas palavras tiveram um começo... O meu encanto por elas fez com que eu começasse a escrever, inicialmente para mim mesmo, mas o tempo foi passando e pessoas começaram a ler o que eu produzia. Até que a revista AMAE EDUCANDO me encomendou um conto infanto-juvenil, e tal foi minha surpresa que o conto agradou! Foi publicado e correu o Brasil, como outros que vieram depois deste. Mais contos vieram e outros textos, como uma peça de teatro encenada no SESC/MG, poemas, artigos até que finalizei meu primeiro romance - Janelas da Alma - em fase de edição e encontrei uma grande paixão: os Haicais! Embora venho colecionando "histórias", como todo homem que caminha por esta vida, prefiro deixar que as palavras falem por mim, pois escrever para mim é mais do que um ofício que nos mantém no mundo. Escrever me coloca além dele... E é por isso que a minha vida, como a de um livro, vai se escrevendo – páginas ao vento, palavras ao ar.
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6 comentários em “CONTEMPLAÇÃO”
contemplar a vida em verso e prosa é colorir a memória e o sentimento.
contemplar a vida em verso e prosa é colorir a memória e o sentimento.
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Que lindo, meu amigo!! Muito obrigado 🙂
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Amigo Leandro,muito obrigado por estas trocas e por partilharmos estas vivências num projecto que nos torna cada vez mais maduros!
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Eu que agradeço, amigo, por sua presença e por esse encontro fascinante!
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Como tu mesmo se referes no texto,”Memórias de Cidade” e passo a transcrever:
《 o lugar já palco de tantos sentimentos controversos,de tantas pessoas e de tantos motivos,para mim era apreciação.》,fim de citação.
Que contemplação,amigo!
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Maravilhoso, meu amigo. Isso muito me emociona… Gratidão!
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