Por Leandro Bertoldo Silva
Gostava de andar nos trilhos do trem para sentir a vida passar. Ficava horas a se equilibrar na linha de braços abertos, esquecido de si. Cada passo era uma eternidade esvaindo-se de lembranças, memórias das árvores que surgiam a todo instante. Fazia-se parente do futuro e de outras gentes e pássaros e casas a se dissolverem e a se formarem continuamente. Não queria chegar a nenhum lugar, desejava apenas ir, sentir no vento a carícia dos séculos a passar, a passar, a passar…
Sonhos viajam
Pelas linhas do tempo.
Para onde vamos?
Quem sabe? Até onde o trem parar.
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Para mim que sempre gostei do trem como símbolo de força, de perseverança, de união e conquista, e também como uma verdadeira “máquina do tempo”, essa foto representou muito e me fez pensar em minhas escolhas pela vida… Você se sente satisfeito com quem era e com quem se tornou?
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Um forte abraço e até a próxima.
Descubra mais sobre Por uma literatura de identidade própria - Escrever é costurar ideias com as mãos
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Publicado por leandrobertoldo
Sempre gostei de histórias. Os primeiros livros que li foram os clássicos “Cinderela” e o “Caso da Borboleta Atíria”, da antiga coleção vaga-lume. Hoje as coleções são mais modernas, melhoradas... Mas aqueles livros transformaram a minha vida. Lia-os de cima de um pé de ameixa, na casa de minha avó, e lá passava a maior parte do meu tempo sempre na companhia de outros livros que, com o tempo, foram ficando mais “robustos”. A partir de José Lins do Rego e seu “Menino de Engenho” fui descobrindo Graciliano Ramos, Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Clarice Lispector, Fernando Pessoa, Henriqueta Lisboa, Fernando Sabino, Murilo Rubião... Ainda hoje continuo descobrindo escritores, muitos se tornando amigos, outros pelas páginas de seus livros, como Mia Couto, Ondjaki, Agualusa. Porém, já naquela época sabia o que queria ser. Não tinha uma formulação clara, mas sabia que queria fazer parte do mundo das histórias, dos poemas, dos romances e das crônicas, pois aquilo tudo me encantava, me tirava o chão, fazia a minha imaginação voar. Hoje sou um homem feliz; casado, eterno apaixonado e pai da Yasmin. As duas, ela e a mãe, minhas melhores histórias... Mas também sou formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC/MG, com habilitação em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, sou Membro Correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni/MG, título que muito me responsabiliza e sou um homem das palavras. Mas essas palavras tiveram um começo... O meu encanto por elas fez com que eu começasse a escrever, inicialmente para mim mesmo, mas o tempo foi passando e pessoas começaram a ler o que eu produzia. Até que a revista AMAE EDUCANDO me encomendou um conto infanto-juvenil, e tal foi minha surpresa que o conto agradou! Foi publicado e correu o Brasil, como outros que vieram depois deste. Mais contos vieram e outros textos, como uma peça de teatro encenada no SESC/MG, poemas, artigos até que finalizei meu primeiro romance - Janelas da Alma - em fase de edição e encontrei uma grande paixão: os Haicais! Embora venho colecionando "histórias", como todo homem que caminha por esta vida, prefiro deixar que as palavras falem por mim, pois escrever para mim é mais do que um ofício que nos mantém no mundo. Escrever me coloca além dele... E é por isso que a minha vida, como a de um livro, vai se escrevendo – páginas ao vento, palavras ao ar.
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Bela reflexão, Leandro. Para onde vamos? Quem passa pela vida sem esse pensamento já se perdeu no tempo e não viveu…
Grande abraço.
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Sim, minha amiga! Tem toda razão… 🙂
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O Trem me faz voltar ao tempo de criança lá em Ubá nos domingos de páscoa e depois de adulto é uma viagem que pretendo fazer por aqui para ouvir e contar as histórias de dentro de um trem . Vamos?
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Vamos!!!! 🙂
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