Por António Alexandre
Angola
Olhei a minha volta e vi tudo natural
Mas tudo que vi me fez mal
Vi crianças descalças sem destino sem caminho
O tempo para elas passa e dos adultos não há nada nem carinho
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Vivo numa terra de abundância riqueza
Mas o povo conserva tristeza
O sofrimento perpétuo das crianças me atormenta
Na lixeira, nas ruas estão elas catando restos que não alimenta.
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Vejo os mais velhos comendo tudo até as sementes
De barrigas cheias nada deixam para as crianças
Vejo velhos e crianças sem alimentação
E refugiam-se ao criador do céu e da terra como solução.
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Aqui trago mais uma vez a poesia de António Alexandre, um poeta sensível que se compadece das dores do mundo. Um dia viu quatro crianças a caminhar e a catar na lixeira algo para se alimentar. “Por que isso acontece em uma terra tão rica?” Que a poesia nos aponte uma resposta…
Forte abraço!
Até a próxima.
Descubra mais sobre Por uma literatura de identidade própria - Escrever é costurar ideias com as mãos
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Publicado por leandrobertoldo
Sempre gostei de histórias. Os primeiros livros que li foram os clássicos “Cinderela” e o “Caso da Borboleta Atíria”, da antiga coleção vaga-lume. Hoje as coleções são mais modernas, melhoradas... Mas aqueles livros transformaram a minha vida. Lia-os de cima de um pé de ameixa, na casa de minha avó, e lá passava a maior parte do meu tempo sempre na companhia de outros livros que, com o tempo, foram ficando mais “robustos”. A partir de José Lins do Rego e seu “Menino de Engenho” fui descobrindo Graciliano Ramos, Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Clarice Lispector, Fernando Pessoa, Henriqueta Lisboa, Fernando Sabino, Murilo Rubião... Ainda hoje continuo descobrindo escritores, muitos se tornando amigos, outros pelas páginas de seus livros, como Mia Couto, Ondjaki, Agualusa. Porém, já naquela época sabia o que queria ser. Não tinha uma formulação clara, mas sabia que queria fazer parte do mundo das histórias, dos poemas, dos romances e das crônicas, pois aquilo tudo me encantava, me tirava o chão, fazia a minha imaginação voar. Hoje sou um homem feliz; casado, eterno apaixonado e pai da Yasmin. As duas, ela e a mãe, minhas melhores histórias... Mas também sou formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC/MG, com habilitação em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, sou Membro Correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni/MG, título que muito me responsabiliza e sou um homem das palavras. Mas essas palavras tiveram um começo... O meu encanto por elas fez com que eu começasse a escrever, inicialmente para mim mesmo, mas o tempo foi passando e pessoas começaram a ler o que eu produzia. Até que a revista AMAE EDUCANDO me encomendou um conto infanto-juvenil, e tal foi minha surpresa que o conto agradou! Foi publicado e correu o Brasil, como outros que vieram depois deste. Mais contos vieram e outros textos, como uma peça de teatro encenada no SESC/MG, poemas, artigos até que finalizei meu primeiro romance - Janelas da Alma - em fase de edição e encontrei uma grande paixão: os Haicais! Embora venho colecionando "histórias", como todo homem que caminha por esta vida, prefiro deixar que as palavras falem por mim, pois escrever para mim é mais do que um ofício que nos mantém no mundo. Escrever me coloca além dele... E é por isso que a minha vida, como a de um livro, vai se escrevendo – páginas ao vento, palavras ao ar.
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Poesia emocionante e verdadeira. Parabéns ao poeta pela sensibilidade social.
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Muito sensível sua poesia , Antônio e muito verdadeira.
É isso mesmo muita incerteza no mundo todo , só Deus para nós socorrer.
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Uma realidade social muito tocante! Poetisada pelo Dr. Antônio Alexandre, a quem endereço os meus parabéns pela forma como traduz esta triste realidade por forma a despertar o sentimentos de humanidade.
Estamos juntos!
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Uma triste realidade vivemos. Um futuro muito incerto mesmo!. Muitos são os que seguem dormindo e parece não querer plantar hoje as sementes do amanhã!
Parabéns ao poeta Alexandre! Parabéns amigo Leandro Bertoldo por nos brindar cada manhã de domingo com esses licores de sabedoria! Um abraço!
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