
Por Leandro Bertoldo Silva
Não sou um desocupado, mas aceito de bom grado o presente me dado por Machado. Sim, ele mesmo: o bruxo do Cosme Velho, Machado de Assis me presenteou! Não é um sonho, não é um delírio; é real. Basta ir ao capítulo LV de Dom Casmurro e terás a prova nua e crua. Não vou descrever a sentença para que não lhe furte o prazer da procura. Se bem que aqueles versos me foram dados por Bentinho… Mas vá lá! Fica o dito pelas mãos do seu criador e não se fala mais nisso. Se bem, que é preciso falar, pois algum outro “desocupado” é bem possível requerer os versos como seus. Acontece que eu, nos meus 47 anos, nunca vi ninguém utilizá-los ao soneto nunca escrito até então. Nunca ninguém veio ao cabo de se pronunciar e, se isso vier acontecer, agora já vai tarde. São meus, assim como o recheio que ora vos apresento…
CAPITOLINA
“Oh! Flor do céu! Oh! Flor cândida e pura!”
Que brilho as estrelas refletem de ti!
Olha a aurora serena que eu vi
Vinda de manso a posar-lhe brandura.
Versos esperados entregues à cura.
Oh! Anos idos… Zéfiros calmos, senti.
Que me apraz tenra lembrança do que li
Ao brindar com falácias doce ternura.
Naquele tempo tudo era encanto
Ora nos fugidos da dor que me valha.
Ei-la, agora, soberana em pranto.
Mas, ah! Queria eu revolver da mortalha
O sorrir que a hora já não diz tanto:
“Perde-se a vida, ganha-se a batalha!”
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Publicado por leandrobertoldo
Sempre gostei de histórias. Os primeiros livros que li foram os clássicos “Cinderela” e o “Caso da Borboleta Atíria”, da antiga coleção vaga-lume. Hoje as coleções são mais modernas, melhoradas... Mas aqueles livros transformaram a minha vida. Lia-os de cima de um pé de ameixa, na casa de minha avó, e lá passava a maior parte do meu tempo sempre na companhia de outros livros que, com o tempo, foram ficando mais “robustos”. A partir de José Lins do Rego e seu “Menino de Engenho” fui descobrindo Graciliano Ramos, Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Clarice Lispector, Fernando Pessoa, Henriqueta Lisboa, Fernando Sabino, Murilo Rubião... Ainda hoje continuo descobrindo escritores, muitos se tornando amigos, outros pelas páginas de seus livros, como Mia Couto, Ondjaki, Agualusa. Porém, já naquela época sabia o que queria ser. Não tinha uma formulação clara, mas sabia que queria fazer parte do mundo das histórias, dos poemas, dos romances e das crônicas, pois aquilo tudo me encantava, me tirava o chão, fazia a minha imaginação voar. Hoje sou um homem feliz; casado, eterno apaixonado e pai da Yasmin. As duas, ela e a mãe, minhas melhores histórias... Mas também sou formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC/MG, com habilitação em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, sou Membro Correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni/MG, título que muito me responsabiliza e sou um homem das palavras. Mas essas palavras tiveram um começo... O meu encanto por elas fez com que eu começasse a escrever, inicialmente para mim mesmo, mas o tempo foi passando e pessoas começaram a ler o que eu produzia. Até que a revista AMAE EDUCANDO me encomendou um conto infanto-juvenil, e tal foi minha surpresa que o conto agradou! Foi publicado e correu o Brasil, como outros que vieram depois deste. Mais contos vieram e outros textos, como uma peça de teatro encenada no SESC/MG, poemas, artigos até que finalizei meu primeiro romance - Janelas da Alma - em fase de edição e encontrei uma grande paixão: os Haicais! Embora venho colecionando "histórias", como todo homem que caminha por esta vida, prefiro deixar que as palavras falem por mim, pois escrever para mim é mais do que um ofício que nos mantém no mundo. Escrever me coloca além dele... E é por isso que a minha vida, como a de um livro, vai se escrevendo – páginas ao vento, palavras ao ar.
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