Sabe aquelas histórias bem curtinhas que faz a gente até pensar que é mentira? Pois é… Aqui vai uma!
Ah, eu me lembro, eu me lembro… Foi um alvoroço naquela cidadezinha. Nunca havia acontecido um assalto, umsinho sequer para contar história. E olha que história era o que mais existia no meio daquela gente.
Mas naquela noite o falatório foi geral. Logo que o sacristão abriu a igreja para a missa das oito, alguém gritou: Cadê o Santo Antônio? Virgem Maria! O São Pedro também sumiu! E lá se foi o São João! Socorro, Ave Maria! Foi você, Marinalva? Me respeita, seu Batista! Foi a Emengarda! Queria se casar, levou o Santo Antônio e os outros pra padrinho.
E agora, São José?
No meio de toda aquela agitação um risinho se ouviu. Para espanto de todo mundo, descia em azul do manto de Nossa Senhora a própria Santa a mirar com um doce olhar o rosto de cada um.
— Como disse o poeta: “não entendo essa gente, seu moço, fazendo alvoroço demais…” É festa junina, ora essa! Santo não tira férias, mas também pode brincar, ou não pode?
Ao dizer isso, apontou para a praça da cidade toda enfeitada com bandeirolas coloridas, barraquinhas e até pau de sebo. Lá, bem no meio, estavam eles.
Que aquarela!
Quando oiei a fogueira, Antônio, João e Pedro brincavam nela…
Porque razão não há de poder os Santos pularem as suas fogueiras?
É, pensando bem, não faz mal para ninguém.
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Essa é uma história despretensiosa, de um passeio despretensioso pela cidade onde moro. Ao passar pela praça enfeitada para as festividades juninas que gosto muito, vejo uma grande fogueira. Ao olhar para a Igreja penso nos Santos lá dentro loucos para virem pra fora… Por que não?
Forte abraço! Até a próxima.
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Sempre gostei de histórias. Os primeiros livros que li foram os clássicos “Cinderela” e o “Caso da Borboleta Atíria”, da antiga coleção vaga-lume. Hoje as coleções são mais modernas, melhoradas... Mas aqueles livros transformaram a minha vida. Lia-os de cima de um pé de ameixa, na casa de minha avó, e lá passava a maior parte do meu tempo sempre na companhia de outros livros que, com o tempo, foram ficando mais “robustos”. A partir de José Lins do Rego e seu “Menino de Engenho” fui descobrindo Graciliano Ramos, Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Clarice Lispector, Fernando Pessoa, Henriqueta Lisboa, Fernando Sabino, Murilo Rubião... Ainda hoje continuo descobrindo escritores, muitos se tornando amigos, outros pelas páginas de seus livros, como Mia Couto, Ondjaki, Agualusa. Porém, já naquela época sabia o que queria ser. Não tinha uma formulação clara, mas sabia que queria fazer parte do mundo das histórias, dos poemas, dos romances e das crônicas, pois aquilo tudo me encantava, me tirava o chão, fazia a minha imaginação voar. Hoje sou um homem feliz; casado, eterno apaixonado e pai da Yasmin. As duas, ela e a mãe, minhas melhores histórias... Mas também sou formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC/MG, com habilitação em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, sou Membro Correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni/MG, título que muito me responsabiliza e sou um homem das palavras. Mas essas palavras tiveram um começo... O meu encanto por elas fez com que eu começasse a escrever, inicialmente para mim mesmo, mas o tempo foi passando e pessoas começaram a ler o que eu produzia. Até que a revista AMAE EDUCANDO me encomendou um conto infanto-juvenil, e tal foi minha surpresa que o conto agradou! Foi publicado e correu o Brasil, como outros que vieram depois deste. Mais contos vieram e outros textos, como uma peça de teatro encenada no SESC/MG, poemas, artigos até que finalizei meu primeiro romance - Janelas da Alma - em fase de edição e encontrei uma grande paixão: os Haicais! Embora venho colecionando "histórias", como todo homem que caminha por esta vida, prefiro deixar que as palavras falem por mim, pois escrever para mim é mais do que um ofício que nos mantém no mundo. Escrever me coloca além dele... E é por isso que a minha vida, como a de um livro, vai se escrevendo – páginas ao vento, palavras ao ar.
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2 comentários em “PENSANDO BEM, QUE MAL TEM?”
Festa Junina é a melhor festa do ano para mim . Até os santos concordam e Deus e Nossa senhora abençoam .
Festa Junina é a melhor festa do ano para mim . Até os santos concordam e Deus e Nossa senhora abençoam .
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Concordo com você, meu amigo 🙂
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