Quem me conhece sabe: há tempos digo que a literatura de nossos irmãos africanos (e a África são muitas) é uma das vozes mais marcantes da contemporaneidade. Escritores como Pepetela, Luandino Vieira, Mia Couto, Paulina Chiziane e tantos outros, assim como Mangel Faria, Tomé Nassapulo, Antônio Alexandre, Kafala Tibah que integram hoje a minha irmandade literária na Árvore das Letras, tornaram-se meus pais e mães de referência do que mais belo é produzido em nossas letras e em nossa língua portuguesa. Ter uma crônica minha — Crônica Testamento — publicada no Jornal Pungu Ndongo, de Angola, é mais do que uma alegria, é a felicidade de uma certeza que eu, quando criança, tinha ao sonhar em ser escritor e lia de cima do pé de ameixa os meus primeiros livros. Nascia ali, entre galhos e frutos, a minha caminhada na vida.
Não por acaso tenho para mim uma frase de Mia Couto:
“O que faz andar a estrada? É o sonho. Enquanto a gente sonhar, a estrada permanecerá viva. É para isso que servem os caminhos, para nos fazerem parentes do futuro”.
E aqui estou eu neste caminho irmanado com tantos amigos e amigas das letras ao fazer da literatura a minha casa, ao abrir as suas portas e voar para além-mar, como também trazer para cá o melhor que existe lá.
Que essas estradas frutifiquem; construamos pontes ao invés de muros e façamos da literatura um único lugar sem fronteiras e distâncias, porque o que está longe se torna perto na descoberta do olhar.
Sigamos.
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Deixo aqui o meu agradecimento coletivo a Mangel Faria, António Alexandre, Tomé Nassapulo, Kafala Tibah e todos e todas irmãs e irmãos de África pela partilha e pelo convívio que estamos a construir semanalmente, não apenas pelas publicações, mas pela Vivência Novos Autores, onde, juntos fazemos a literatura frutificar.
Para quem deseja saber mais a respeito da Vivência Novos Autores e de como participar dessa construção literária, é só clicar AQUI.
Sejam todos bem-vindos e bem-vindas.
Descubra mais sobre Por uma literatura de identidade própria - Escrever é costurar ideias com as mãos
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Sempre gostei de histórias. Os primeiros livros que li foram os clássicos “Cinderela” e o “Caso da Borboleta Atíria”, da antiga coleção vaga-lume. Hoje as coleções são mais modernas, melhoradas... Mas aqueles livros transformaram a minha vida. Lia-os de cima de um pé de ameixa, na casa de minha avó, e lá passava a maior parte do meu tempo sempre na companhia de outros livros que, com o tempo, foram ficando mais “robustos”. A partir de José Lins do Rego e seu “Menino de Engenho” fui descobrindo Graciliano Ramos, Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Clarice Lispector, Fernando Pessoa, Henriqueta Lisboa, Fernando Sabino, Murilo Rubião... Ainda hoje continuo descobrindo escritores, muitos se tornando amigos, outros pelas páginas de seus livros, como Mia Couto, Ondjaki, Agualusa. Porém, já naquela época sabia o que queria ser. Não tinha uma formulação clara, mas sabia que queria fazer parte do mundo das histórias, dos poemas, dos romances e das crônicas, pois aquilo tudo me encantava, me tirava o chão, fazia a minha imaginação voar. Hoje sou um homem feliz; casado, eterno apaixonado e pai da Yasmin. As duas, ela e a mãe, minhas melhores histórias... Mas também sou formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC/MG, com habilitação em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, sou Membro Correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni/MG, título que muito me responsabiliza e sou um homem das palavras. Mas essas palavras tiveram um começo... O meu encanto por elas fez com que eu começasse a escrever, inicialmente para mim mesmo, mas o tempo foi passando e pessoas começaram a ler o que eu produzia. Até que a revista AMAE EDUCANDO me encomendou um conto infanto-juvenil, e tal foi minha surpresa que o conto agradou! Foi publicado e correu o Brasil, como outros que vieram depois deste. Mais contos vieram e outros textos, como uma peça de teatro encenada no SESC/MG, poemas, artigos até que finalizei meu primeiro romance - Janelas da Alma - em fase de edição e encontrei uma grande paixão: os Haicais! Embora venho colecionando "histórias", como todo homem que caminha por esta vida, prefiro deixar que as palavras falem por mim, pois escrever para mim é mais do que um ofício que nos mantém no mundo. Escrever me coloca além dele... E é por isso que a minha vida, como a de um livro, vai se escrevendo – páginas ao vento, palavras ao ar.
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4 comentários em “O QUE FAZ ANDAR A ESTRADA?”
As letras criam palavras e de dentro das páginas elas ganham asas e nos levam para voar pelos corações do mundo,sem que a gente saia do lugar. Depois,a gente tendo belas histórias pra contar
Leandro,esta relação construída por meio da literatura através do projecto “arvoresdasletras “,foi um marco na minha vida, estou a desafiar-me nesta caminhada e me descobrindo! Muito obrigado por esta partilha.
As letras criam palavras e de dentro das páginas elas ganham asas e nos levam para voar pelos corações do mundo,sem que a gente saia do lugar. Depois,a gente tendo belas histórias pra contar
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Lindo, meu amigo! É exatamente assim que acontece 🙂
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Leandro,esta relação construída por meio da literatura através do projecto “arvoresdasletras “,foi um marco na minha vida, estou a desafiar-me nesta caminhada e me descobrindo! Muito obrigado por esta partilha.
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Eu que agradeço, meu amigo. Como está gratificante essa ponte que estamos a construir 🙂
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