REGRESSO

Por Leandro Bertoldo Silva

Havia ficado estéril de prazeres. Há muito não sorria ao sol, nem à lua encontrava juras ou sequer nas estrelas se aninhava em sonhos. Todo ele era uma secura de pedra, sopro de poeira ao vento das lembranças.

Os anos passavam levando suas vontades. Era rio lavando as pedras sem ser a alegria das águas.

Assim permaneceu por longos anos até se esquecer na lembrança do tempo. Mas bastou um canto, um pio de pássaro ao ressoar com outros cantos e outros pássaros para tornar clara sua escuridão.

Na berma daquela estrada, onde tantas vezes se criançou, lá estavam eles a levá-lo pelas asas enquanto os primeiros raios do sol voltaram a brilhar sem ao menos saber o porquê.

Se ao descriançar não desejou saber o motivo, porque desejaria o reverso?

Fechou os olhos e sorriu quando o tempo se abriu. Junto com o que retornava veio o que faltava. Disse a si mesmo:

O dia amanhece
e o tempo floresce
sons de passarinhos.

Resplandeceu.

________________________

Às vezes é preciso apenas um detalhe para voltarmos a nossa própria alma e nos encontrarmos… O personagem dessa história se encontrou no chamado dos pássaros. Onde você se encontra?

Um forte abraço.

Até a próxima.


Descubra mais sobre Por uma literatura de identidade própria - Escrever é costurar ideias com as mãos

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

2 comentários em “REGRESSO”

Deixar mensagem para Ricardo Albino Cancelar resposta