Não estou maluco! Apenas fui convidado a psicografar uma viagem ao lado da minha caneta. Ao receber o convite para visitar a cidade da escrita e rever minha letra, em princípio dei risada. Depois, fechei os olhos, segurei de leve na pontinha da pretinha, como ela gosta de ser carinhosamente chamada, e voamos do papel. Cheguei a um lugar grande e colorido. Minha letra foi me vendo e logo perguntou:
— Lembra-se de mim, Ric?
Tomei um susto! Apesar do tempão que a gente não se encontrava pessoal e manualmente, ela estava igual aos tempos de escola. Cresceu só um pouquinho. Minha mão direita suava e a minha baixinha linda tremia na folha de emoção e raiva também. Escreveu meio desgovernada porque eu a troquei pela tecla do celular. Por isso solicitei a ajuda da psicaneta para explicar que o motivo da troca foi apenas visual para que eu pudesse enxergar melhor. Aos poucos, letrinha foi se acalmando e chamou todo o alfabeto para junto de mim e de minha nova caneta de estimação, para irmos à casa fabulosa da imaginação, onde moram livros e histórias de todos os tamanhos e estilos. Livros e histórias que amam voar até os corações do mundo pelas asas da Dona Arte.
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Ricardo Albino é jornalista, escritor, contador de histórias e correspondente da Árvore das Letras.
A Quarta Literária é uma ação da árvore das Letras de fomento à literatura independente.
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Sempre gostei de histórias. Os primeiros livros que li foram os clássicos “Cinderela” e o “Caso da Borboleta Atíria”, da antiga coleção vaga-lume. Hoje as coleções são mais modernas, melhoradas... Mas aqueles livros transformaram a minha vida. Lia-os de cima de um pé de ameixa, na casa de minha avó, e lá passava a maior parte do meu tempo sempre na companhia de outros livros que, com o tempo, foram ficando mais “robustos”. A partir de José Lins do Rego e seu “Menino de Engenho” fui descobrindo Graciliano Ramos, Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Clarice Lispector, Fernando Pessoa, Henriqueta Lisboa, Fernando Sabino, Murilo Rubião... Ainda hoje continuo descobrindo escritores, muitos se tornando amigos, outros pelas páginas de seus livros, como Mia Couto, Ondjaki, Agualusa. Porém, já naquela época sabia o que queria ser. Não tinha uma formulação clara, mas sabia que queria fazer parte do mundo das histórias, dos poemas, dos romances e das crônicas, pois aquilo tudo me encantava, me tirava o chão, fazia a minha imaginação voar. Hoje sou um homem feliz; casado, eterno apaixonado e pai da Yasmin. As duas, ela e a mãe, minhas melhores histórias... Mas também sou formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC/MG, com habilitação em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, sou Membro Correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni/MG, título que muito me responsabiliza e sou um homem das palavras. Mas essas palavras tiveram um começo... O meu encanto por elas fez com que eu começasse a escrever, inicialmente para mim mesmo, mas o tempo foi passando e pessoas começaram a ler o que eu produzia. Até que a revista AMAE EDUCANDO me encomendou um conto infanto-juvenil, e tal foi minha surpresa que o conto agradou! Foi publicado e correu o Brasil, como outros que vieram depois deste. Mais contos vieram e outros textos, como uma peça de teatro encenada no SESC/MG, poemas, artigos até que finalizei meu primeiro romance - Janelas da Alma - em fase de edição e encontrei uma grande paixão: os Haicais! Embora venho colecionando "histórias", como todo homem que caminha por esta vida, prefiro deixar que as palavras falem por mim, pois escrever para mim é mais do que um ofício que nos mantém no mundo. Escrever me coloca além dele... E é por isso que a minha vida, como a de um livro, vai se escrevendo – páginas ao vento, palavras ao ar.
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2 comentários em “A PSICANETA”
Essa história nasceu quando eu fiz uma viagem a cidade da escrita para matar saudade da minha letra que não via desde o tempo de colégio e ela reclamou a Psicaneta que eu havia lhe trocado pelo celular. Depois que a psicóloga das Letras lhe acalmou eu e o Leandro levamos as duas para ser título do meu segundo Livro Antologia da Psicaneta: Calmaria sem ponto final Publicado pela Árvore das Letras selo Alforria Literária em 2023 como lembrança da turma Lygia Fagundes Telles. Assim nascem as histórias e se consolida o amor entre as pessoas
Essa história nasceu quando eu fiz uma viagem a cidade da escrita para matar saudade da minha letra que não via desde o tempo de colégio e ela reclamou a Psicaneta que eu havia lhe trocado pelo celular. Depois que a psicóloga das Letras lhe acalmou eu e o Leandro levamos as duas para ser título do meu segundo Livro Antologia da Psicaneta: Calmaria sem ponto final Publicado pela Árvore das Letras selo Alforria Literária em 2023 como lembrança da turma Lygia Fagundes Telles. Assim nascem as histórias e se consolida o amor entre as pessoas
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Lindo registro, Ric 🙂
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