CAIXA DE BRINQUEDOS

Por Elisa Augusta de Andrade Farina

A menina que fui, onde está? Mora dentro de mim, ou se foi?

Procuro a sineta que soava meus sonhos… Está perdida no âmago do meu ser, ou ainda soa vibrando minhas quimeras?

Será que reaparece quando inspirada, deixo-me levar pelo ritmo de um poema que exorciza meus medos, minhas frustrações, meus (des)encantos! Ou (re)surge nos sorrisos dos meus netos chamando-me para brincar, fazendo-me mais próxima da criança que fui um dia?

Quero me envolver de corpo e alma com a seriedade de criança ao brincar. Numa atitude brincante, repleta de encantamento, de espanto diante da possibilidade de magia, viver um mundo de encantamento.

Preciso recuperar o estágio brincante de ser. Recuperar a minha capacidade de rir, gargalhar, de maravilhar-me com as coisas simples e nem por isso, menos importante.

Deixar-me levar pela magia…. Concordar com o poeta Manoel de Barros de que:” as coisas que não existem são mais bonitas”. São elas que nos fazem viver, imaginar, sonhar, criar e mergulhar no mundo das histórias e brincadeiras infantis que celebram a nossa pureza. A gente ri, sofre, se encanta, vive tudo que está ali na imaginação através dos livros, das brincadeiras, da empolgação de uma história bem elaborada.

Preciso buscar a “caixa de brinquedos” da minha memória infantil e soltar todas as brincadeiras que ficaram presas num tempo que eu achava perdido. Nessa caixa, estão todas as coisas inúteis, que não serve para nada no mundo adulto: pular amarelinha, empinar pipas, jogar bola, brincar de roda, pique esconde, um poema, uma música, uma foto de um país distante…

Reaprender a usar a “caixa de brinquedos” para ter prazer, alegria e reviver o tempo pretérito.

Apesar do peso da idade e dos cabelos brancos, posso gritar ao vento: ” mais respeito, eu sou criança”.


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5 comentários em “CAIXA DE BRINQUEDOS”

  1. Que lindo, Elisa! Parabéns. É isso mesmo. De vez em quando, soltemos as crianças que existem em nós. Tive uma bela experiência esses dias. Fiquei uma semana com a neta de 5 anos. Tantas brincadeiras alegres que fiquei criança, de novo. Un abraço.

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