Fazer 50 anos não é um aniversário como os outros, não que os outros não tiveram importância. Afinal, só chegamos aos 50 por causa deles. Mas fazer 50 anos é a junção de dois momentos: um que se fecha e outro que se abre. É aquele momento exato entre o final do dia e o início da tarde. Também poderia ser da tarde para a noite ou da noite para o dia. É a pausa da inspiração para a expiração. E embora tudo possa parecer imperceptível, a mudança acontece trazendo as marcas do tempo, as consequências das escolhas, as palavras ditas, os olhares revelados, os abraços dados, os encontros realizados.
Fazer 50 anos é poder, sim, olhar para trás, avaliar, analisar com minúcias. É poder se dar o direito de sentar à sombra da árvore, afiar o machado da vida com mais paciência, sem correria, pois o ritmo pode ser mais lento, o que não significa ser menos eficaz, mas dosado com mais calma, com mais inteligência.
Fazer 50 anos é estar à porta de onde moram as pessoas que já passaram por tudo que passamos até então e que sabem que todas as experiências são válidas, mas que muitas delas não precisam ser levadas tão a sério. Aliás, brincar é abandonar qualquer tristeza e adquirir a qualidade da inocência sem ser infantil.
Fazer 50 anos é engravidar de si mesmo e renascer criança madura.
Obrigado a todos e todas que me acolheram em suas vidas. Obrigado por fazerem parte da minha. Gratidão pelas palavras de carinho. A história continua agora em outras páginas.
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Publicado por leandrobertoldo
Sempre gostei de histórias. Os primeiros livros que li foram os clássicos “Cinderela” e o “Caso da Borboleta Atíria”, da antiga coleção vaga-lume. Hoje as coleções são mais modernas, melhoradas... Mas aqueles livros transformaram a minha vida. Lia-os de cima de um pé de ameixa, na casa de minha avó, e lá passava a maior parte do meu tempo sempre na companhia de outros livros que, com o tempo, foram ficando mais “robustos”. A partir de José Lins do Rego e seu “Menino de Engenho” fui descobrindo Graciliano Ramos, Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Clarice Lispector, Fernando Pessoa, Henriqueta Lisboa, Fernando Sabino, Murilo Rubião... Ainda hoje continuo descobrindo escritores, muitos se tornando amigos, outros pelas páginas de seus livros, como Mia Couto, Ondjaki, Agualusa. Porém, já naquela época sabia o que queria ser. Não tinha uma formulação clara, mas sabia que queria fazer parte do mundo das histórias, dos poemas, dos romances e das crônicas, pois aquilo tudo me encantava, me tirava o chão, fazia a minha imaginação voar. Hoje sou um homem feliz; casado, eterno apaixonado e pai da Yasmin. As duas, ela e a mãe, minhas melhores histórias... Mas também sou formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC/MG, com habilitação em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, sou Membro Correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni/MG, título que muito me responsabiliza e sou um homem das palavras. Mas essas palavras tiveram um começo... O meu encanto por elas fez com que eu começasse a escrever, inicialmente para mim mesmo, mas o tempo foi passando e pessoas começaram a ler o que eu produzia. Até que a revista AMAE EDUCANDO me encomendou um conto infanto-juvenil, e tal foi minha surpresa que o conto agradou! Foi publicado e correu o Brasil, como outros que vieram depois deste. Mais contos vieram e outros textos, como uma peça de teatro encenada no SESC/MG, poemas, artigos até que finalizei meu primeiro romance - Janelas da Alma - em fase de edição e encontrei uma grande paixão: os Haicais! Embora venho colecionando "histórias", como todo homem que caminha por esta vida, prefiro deixar que as palavras falem por mim, pois escrever para mim é mais do que um ofício que nos mantém no mundo. Escrever me coloca além dele... E é por isso que a minha vida, como a de um livro, vai se escrevendo – páginas ao vento, palavras ao ar.
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“Fazer 50 anos é engravidar de si mesmo e renascer criança madura”. Que frase linda!!! Ela diz tudo o que todos que recebem a dádiva de viver e chegar aos 50 anos de vida deveria ter a consciência de dizer! Um divisor de águas, não é mesmo meu amigo? Só quem já chegou a essa fase entende o que estamos dizendo! O lindo de tudo isso é exatamente isso; olhar para trás com os olhos da maturidade que não mais julga o passado, os tropeços, os tombos, as escolhas acertadas ou não. Ser feliz simplesmente por afirmar que a nostálgica saudade de tudo o que foi bom se torna lindas inspirações para se contar. Sentir a metamorfose de nossa mente amadurecida emergir outra vez à superfície da vida para sentir fluir a leveza das águas calmas e não só o temor dos vendavais. Deliciar-se com o frescor da brisa matutina, com o olhar puro de uma criança que confia, sonha e acredita . É deixar fluir… Degustar os preciosos e únicos segundos de cada alvorecer! Feliz cinquentenário meu amigo!! Que você tenha a cada dia mais oportunidades para dar vida aos seus anos de vida!!! Um afetuoso abraço!
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Minha amiga, que sábias palavras que eu li agora. Como sempre você emociona ao saber falar ao coração e pelo coração. Muito obrigado por essa linda amizade.
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