ALGUMAS PALAVRAS “PARA SEMPRE AMANHÔ

Por Leandro Bertoldo Silva e Elisa Augusta de Andrade Farina

Ao longo do caminho da escrita de um livro encontramos vários “anjos da guarda”, pessoas a nos estenderem a mão ao compreenderem a importância daqueles momentos a se formarem em verdadeiras histórias nascidas de um ato de amor com as palavras.

Uma dessas pessoas a existir nesse “Para sempre, amanhã”, se fez presente logo no início de tudo: Elisa Augusta de Andrade Farina. Elisa é uma alma diferenciada que entende a essência das sensibilidades. É capaz, como diz Manoel de Barros, de “fazer uma pedra dar flor”, tamanha a sua capacidade de absorver a poesia da vida.

Além de possuir tudo que a literatura mais necessita para florescer, Elisa é minha grande amiga, alguém a fazer morada em mim de um jeito especialíssimo. Foi por tudo isso e muito mais que entreguei a ela o carinho do prefácio deste livro para que sempre possam, seja nessa ou em todas as manhãs do mundo, estarem eternizadas suas tão inspiradoras palavras.

Tenho o prazer de vir aqui neste espaço, na companhia de vocês, antecipar o que me foi dito. Leia a seguir o prefácio de “Para sempre, amanha”.

Obrigado, minha amiga!

PREFÁCIO DO LIVRO “PARA SEMPRE, AMANHÔ

Elisa Augusta de Andrade Farina
Presidente da Academia de Letras de Teófilo Otoni

A palavra é a matéria prima da Literatura. Saber usá-la, aproveitando todo o seu poder de sugestão, com originalidade e propriedade, é o objetivo do escritor. Aí residem a sua arte e o seu talento. Aproveita o poder e a originalidade que as palavras oferecem na apreensão da magia poética dos fatos, estruturando as tramas e liames de forma harmônica e estética de todo o conteúdo literário que cria. É o mundo vasto das letras e o poder da palavra.

Parabéns, Leandro, por nos presentear com mais um livro repleto de sentimentos que nos inspiram. Só quem vive sua essência e age de acordo com o que realmente tem no coração pode expressar tantos sentimentos, que tocam nossa alma de leitores, provocando reflexão nos espaços que reforçam a troca de saberes.

Convido a todos a darem um mergulho no universo criativo que o autor nos oferece. Seremos envolvidos pela singularidade contida em cada criação literária, em que o autor deixa antever a sua alma, numa transparência de asas de borboletas multicoloridas, prontas para o voo ao mundo criativo das palavras que nos deleitam.

Cada palavra traz em si um universo indefinível de significados e significantes.

A delicadeza tão peculiar do autor na sua construção literária já é sentida pela escolha do título: “Para sempre, amanhã”, que nos remete a crer que há esperança, apesar dos revezes das armadilhas cotidianas de nossas vidas.

Em seus textos extraímos a genialidade como constrói suas tramas. Suas memórias, tal qual o fio de Ariadne, são costuradas de maneira tão forte e singular, levando o leitor a embrenhar-se em suas lembranças, conduzindo-o através dos labirintos de suas “verdades” de forma mágica, adentrando seus pensamentos e sentimentos guardados nos porões de sua alma sonhadora.

Quando fala da dor, do amor, de seus medos, angústias, frustrações, das lágrimas derramadas em silêncio e também do sorriso esboçado,  quando pousa o olhar de poeta nas coisas “desimportantes”, extraindo a beleza que precisa ser revelada, só para citar alguns pontos de vista distintos, baseados em minha leitura.

Vou deixar para o leitor o prazer de encontrar em cada página que ler a sua análise, para valorizar o talento do autor nos desdobramentos literários e poéticos.

Que este livro tenha a capacidade de iluminar mentes, aquecer corações e inspirar transformação em direção a uma nova realidade do mundo literário humano e libertador.

_______________________

A campanha de pré-venda com o preço promocional está chegando ao fim. Estará aberta até o dia 17 de setembro/2025. Quem desejar adquirir, presentear e receber este livro autografado, ou durante o evento de lançamento na FLIM – Festa Literária Vale do Mucuri, em Teófilo Otoni, do dia 16 ao dia 21 de setembro/25, ou em casa, é só acessar o link abaixo e preencher o formulário.

https://forms.gle/7F5WRyu7GttX7Tk28

Forte abraço e até lá!

NEM TUDO SÃO HOSES, EXISTEM GUNS N’ TAMBÉM

Por Leandro Bertoldo Silva

Já ouviu a frase do título acima “nem tudo são Roses, existem Guns N’ também?” A ouço constantemente de uma pessoa que gosto muito. É uma variação divertida de “nem tudo são flores…”

Sim, isso acontece em tudo, inclusive na delicada arte de fazer livros artesanais. Hoje quero compartilhar uma das muitas situações que vivo ao realizar esse ofício lindo e encantador, que mistura beleza e criatividade, mas também muita paciência e desafios.

Uma das diferenças entre um livro em série e um livro artesanal é a quantidade de matéria-prima necessária para sua feitura. Um livro em série dispõe de uma enorme quantidade de material, pois é feito, de uma só vez em máquinas e prensas automáticas, 1000, 2000, 3000 exemplares e até mais. Muitos desses livros, quando não vendidos e/ou distribuídos são devolvidos ao autor e muitos são estocados e até mesmo perdidos.

O livro artesanal é feito em pequenas tiragens e também sob demanda, em que o material como linha, cola, tinta e papéis não são estocados, tanto porque, se assim fossem, perderia o conceito de sustentabilidade.

Porém, entre a compra de um lote e outro de matéria-prima acontece da mesma vir com pequenas ou até mesmo grandes diferenças de fabricação, sem contar quando determinado material se encontra em falta no mercado ou sai de linha, o que influencia no projeto e exige uma dose extra de criatividade e desprendimento.

Uma parte disso aconteceu comigo no livro “Para sempre, amanhã”.

Inicialmente, a capa do livro era de um vermelho cereja, bem forte. Mas eis que a mesma tonalidade não se encontrava mais à venda em lojas físicas. Eu, particularmente, não gosto de comprar papéis pela internet, pois esse é um tipo de produto que, para quem trabalha com o ofício da encadernação, é preciso pegar, tocar, sentir a gramatura, é uma espécie de “degustação espiritual”… rsrsrs. Pelo menos é assim comigo.

Do vermelho cereja, portanto, passei ao vermelho plus como projeto padrão. Como nem tudo são flores, mas tudo caminha para a luz, amei o resultado, pois essa tonalidade deu ao livro uma suavidade muito mais condizente com o seu conteúdo. O livro ficou, assim, mais tênue e doce.

Com isso aprendi a não resistir, a enxergar os obstáculos como oportunidade de se reinventar e de criar algo único a revelar uma parte da nossa essência. É aqui que reside a magia do livro artesanal, onde o ofício de dar forma às nossas ideias com as próprias mãos descortina uma jornada de desafios e encantos repleta de beleza e significado.

_______________________

Já estamos quase no mês de agosto. Faltará pouco mais de um mês para o lançamento do livro a acontecer na FLIM – Festa Literária Vale do Mucuri, na cidade de Teófilo Otoni/MG. Eu estou aqui em plena produção e confecção e até lá tem muito a mostrar a vocês.

A campanha de pré-venda continua aberta até o dia 17 de setembro. Quem desejar receber este livro no conforto de casa, autografado e ter a experiência de possuir e ler um livro totalmente feito à mão, com muito carinho e dedicação é só acessar o link abaixo e preencher o formulário.

https://forms.gle/7F5WRyu7GttX7Tk28

Aproveite para presentear alguém querido, uma pessoa amiga. Basta, no formulário, indicar o nome e endereço dela.

Terei muito prazer em estar com vocês!

Forte abraço.

UM LIVRO, UMA TRAVESSIA

Por Leandro Bertoldo Silva

Imagine um livro a transpor fronteiras…

Imagine um livro a viajar pelos continentes…

Imagine histórias a serem lidas além mar…

“Para sempre, amanhã” está a me proporcionar não somente essas experiências ao chegar em Angola, mas principalmente em viver o prazer da amizade selada e eternizada pelo amor às palavras.

Aqui neste vídeo apresento a todos Emílio Cinco Reis, a quem a poesia acolheu pelo nome de Nasapulo Kapiãla.

Nasapulo está nesse livro de forma sutil, delicada, mas com a força de uma afeição a construir novas possibilidades.

O livro será lido lá como sua poesia conhecida aqui, juntamente com uma obra carregada de sentimentos.

Afetos, abraços, surpresas, descobertas… São muitas histórias forjadas nas vivências que trazem por trás das mesmas outras histórias a contar, como a que vai neste vídeo.

Disponha, Nasapulo. Vamos juntos.

_______________________

Aqui vão dois convites:

Quem desejar fazer parte da “Lista de Transmissão Para sempre, amanha” no WhatsApp e acompanhar cada passo do processo de produção e confecção de um livro artesanal, participar de sorteios e ter acesso a muito material interessante do mundo da encadernação é só enviar mensagem para o WhatsApp (33)98461-2688 e falar diretamente comigo.

Para quem quiser saber mais a respeito e receber o livro “Para sempre, amanhã” autografado com valor promocional até o lançamento no dia 17 de setembro deste ano, que será na FLIM – Festa Literária Val do Mucuri, em Teófilo Otoni, é só clicar no link abaixo.

https://forms.gle/7F5WRyu7GttX7Tk28

Forte abraço e até a próxima.

DEPOIMENTOS QUE INSPIRAM

Por Leandro Bertoldo Silva
Carolina Bertoldo
Elisa Augusta de Andrade Farina

Em uma produção de livro nunca estamos sozinhos. Por mais que ele inicia na escrita e, aí sim, é um momento somente do autor e autora, muitas pessoas fazem parte de sua existência.

No caminho há consultas aos amigos, opiniões colhidas na flor das primeiras páginas e também das últimas; há quem ofereça coragem para acreditar no possível e no impossível para seguir adiante.

Quero trazer aqui a presença em palavras de duas dessas pessoas incríveis na jornada deste “Para sempre, amanhã”: Carolina Bertoldo e Elisa Augusta de Andrade Farina.

Carolina passeou pelo livro com o olhar cuidadoso de quem inicia profissionalmente no que tanto gosta de fazer — revisar textos, mas encontrou além do que procurava.

Elisa, com a sensibilidade que lhe é peculiar, presenteou-me com o prefácio dessa obra, a eternizar ainda mais nossa amizade.

Deixo, pois, para apreciação de todos e também a mim, esses dois depoimentos muito carinhosos.

Carolina Bertoldo

Ao abrir essa obra “Para sempre, amanhã”, que é uma verdadeira Janela da Alma me deparei com muitas histórias que já havia escutado algumas vezes na vida. Umas contadas pelo próprio autor do livro, que é também meu tio e padrinho e outras pelos meus avós, bisavó e até minha mãe.

Olhar por uma janela é sempre uma novidade e na verdade eu tenho medo de janelas, principalmente a noite quando vira breu e não se sabe ao certo o que está olhando! Mas essa em especial já era conhecida, foi um reencontro sem medo! Reencontrei nas linhas desse livro histórias familiares, cheias de saudades e amor e relendo-as agora, na íntegra dos fatos pude entender e curtir muito mais esses causos. Com alguns eu ri, com outros me emocionei, e outros ainda me surpreendi e descobri partes que ou nunca foram contadas ou eu apenas não lembrava.

Ganhei de presente revisar um livro cheio de boas lembranças e de fácil leitura. Livro leve que te prende a ele e te dá a maior vontade de procurar uma Janela, abrir as páginas e deixá-las tocar a Alma!

Elisa Augusta de Andrade Farina

Em épocas como a que vivemos hoje, é difícil encontrar uma obra literária com tanta sensibilidade, coerência e amor.

 O autor vai com maestria organizando as costuras existenciais advindas de uma memória repleta de momentos indeléveis.

Um escrito com respingos de saudade e realidade

Uma obra que inspira os leitores a explorar novas dimensões da imaginação e acercarem-se da singularidade das expressões criativas e poéticas num todo.

_______________________

Bem, creio que o título dessa publicação fica, assim, explicado!

Obrigado Carol e Elisa por suas palavras.

E quero deixar aqui dois convites:

Quem desejar fazer parte da “Lista de Transmissão Para sempre, amanha” no WhatsApp e acompanhar cada passo do processo de produção e confecção de um livro artesanal, participar de sorteios e ter acesso a muito material interessante do mundo da encadernação é só enviar mensagem para o WhatsApp (33)98461-2688 e falar diretamente comigo.

Para quem quiser saber mais a respeito e receber o livro “Para sempre, amanhã” autografado com valor promocional até o lançamento no dia 17 de setembro deste ano, que será na FLIM – Festa Literária Val do Mucuri, em Teófilo Otoni, é só clicar no link abaixo.

https://forms.gle/7F5WRyu7GttX7Tk28

Forte abraço e até a próxima.

PROCESSO DE PRODUÇÃO “PARA SEMPRE, AMANHÔ

Por Leandro Bertoldo Silva

Escrever um livro já é algo extraordinário; confeccioná-lo é especial e encantador. Cada etapa, desde a escolha dos papéis, a furação, a costura, a cor da linha, a aplicação das guardas e capas é uma história sendo contada em tempo real a acolher outras histórias escritas anteriormente.

Nesse processo tudo é muito importante: o toque das mãos, o olhar cuidadoso, o tempo das esperas para ver unidos o sonho e a realidade. Tudo é muito mágico. Compartilho nesse vídeo um pedacinho desse sentimento e do prazer em ver nascer algo que é, ao mesmo tempo, uma obra de arte e um reflexo do próprio coração.

_______________________

Amigos leitores e leitoras, a campanha de pré-venda do livro PARA SEMPRE, AMANHÃ continua aberta. Ela irá até o dia do lançamento, 17 de setembro deste ano. Quem desejar receber o livro autografado com valor promocional no dia do evento na FLIM – Festa Literária Vale do Mucuri, em Teófilo Otoni ou mesmo em casa em qualquer cidade do Brasil, é só entrar neste link https://forms.gle/7F5WRyu7GttX7Tk28 e preencher o formulário.

Um forte abraço e até a próxima!

Leandro.

PAPÉIS E AFETOS

Por Leandro Bertoldo Silva

Hoje quero falar sobre uma das etapas mais importantes na confecção dos livros artesanais. Aliás, é um dos aspectos a diferenciá-los e torná-los tão especiais.

Uma das coisas essenciais na encadernação artesanal para a feitura de qualquer projeto é a escolha dos papéis. Não se trata apenas de uma mera casualidade ou escolha arbitrária, é antes uma questão de afetos. É preciso ter sentimento pelo papel. Ele deve comunicar algo em nossos corações e essa relação precisa ser recíproca, sem a qual as formas não acontecem.

Existe um verdadeiro diálogo entre o artífice e a matéria da sua criação. Pelo menos é assim que acontece comigo e meus livros costurados à mão. Nossa comunhão inicia na sutil leveza das sensações. Quando penso um livro o visualizo pronto e é possível sentir o seu toque, até mesmo o seu cheiro. Quase sempre ele existe primeiro do que o texto. É comum eu escrever já sabendo a morada das minhas palavras.

O papel é mais do que um simples suporte, é onde a história acontece. Junto dele, além do toque, está a textura, a cor a transmitir emoções muito além do conteúdo escrito.

Ter afeto pelo papel, valorizar o cuidado da sua manipulação é um gesto de carinho e respeito pelo livro, onde cultivamos uma conexão sensorial e emocional por quem o irá ler. O papel é, portanto, uma poesia silenciosa cheio de memórias.

Foi dessa forma que meu novo livro passou a existir. PARA SEMPRE, AMANHÃ é fruto desses afetos por dentro e por fora como numa espécie de fotografia, onde a materialidade do papel traz junto de si o retrato de nossas existências.

Tenho uma maneira muito particular de ver as coisas. Tudo para mim precisa fazer sentido, porque do contrário não funciona. Nada é exatamente aquilo que se mostra. Há algo maior em tudo. Se você pegar um livro e olhar para ele, verá a sua forma e nada mais. Mas, se pegar um livro artesanal e olhar atentamente sentirá, mesmo sem conhecer ainda a história ali contida, uma espécie de completude, uma emanação quase mágica. É algo sutil, mas possível de perceber. Nessa hora irá enxergar muito além de um objeto ou um caminho unilateral, mas um lugar de transcendência, uma conformidade entre autor, leitor e natureza.

Por isso gosto da artesania do livro, sem a qual me sentiria incompleto. Eu preciso “ser o livro”, sentindo-o à medida que escrevo. Assim, os papéis não são simplesmente escolhidos como não basta a uma capa ser simplesmente bonita; é preciso haver uma fusão de todos os elementos vivos, uma concepção afetuosa a originar não em mais um livro, mas algo com a potencialidade de um abraço.

_______________________

Amigos leitores e leitores, a campanha de pré-venda do livro PARA SEMPRE, AMANHÃ continua aberta. Ela irá até o dia do lançamento, 17 de setembro deste ano. Quem desejar receber o livro autografado com valor promocional no dia do evento na FLIM – Festa Literária Vale do Mucuri, em Teófilo Otoni ou mesmo em casa em qualquer cidade do Brasil, é só entrar neste link https://forms.gle/7F5WRyu7GttX7Tk28 e preencher o formulário.

Um forte abraço e até a próxima!

Leandro.

ESCREVER É COSTURAR IDEIAS COM AS MÃOS

Por Leandro Bertoldo Silva

Desde criança eu vivo em contato com o artesanato, principalmente em se tratando de linha e agulha. Cresci em meio a uma variedade de formas e cores feitas em crochê e tantas outras peças repletas de carinho e cuidado tecidas por minha mãe. Por mais diferente fosse a técnica utilizada e a arte feita, a linha e a agulha sempre estavam presentes, e muito longe de se desentenderem como no célebre Apólogo de Machado de Assis, lá na Ilha do Governador. Nas mãos de minha mãe elas sempre foram as melhores amigas e bailavam juntas.

De tanto observar aquela dança entre as duas em verdadeira comunhão quase religiosa, tornei-me também um costureiro, porém de palavras. Passei a uni-las e no lugar das correntinhas iniciais tecia frases. Com o tempo fui me aprimorando na escrita e na leitura, mas sem perder o contato físico e visual daquelas mãos de Elena ao criarem com a sua arte histórias tão fascinantes quanto as que eu lia e sonhava em confeccionar.

Assim foi por muito tempo. Mas algo interessante começou a acontecer: passei a me apaixonar não somente pelas histórias, mas pelo livro em si. Até aí tudo bem, porque geralmente os amantes da leitura têm os livros como objetos quase sagrados e os veneram com toda aquela mística do contato, do cheiro, do passar as páginas e tudo mais. Porém, no meu caso era muito além disso. Passava a existir em mim um desejo genuíno de fazê-los. Eu não queria só escrever, eu queria que os livros surgissem de minhas mãos.

Esse desejo foi a pedra fundamental, não apenas do meu trabalho, mas por transformar-me em quem eu sou. Achei-me ali em meio ao emaranhado das linhas. Encontrei, se assim posso dizer, o “fio da meada” de mim mesmo e passei a puxá-lo e a existir livremente na materialidade artesanal do que é escrito.

Ora, temos aqui dois ofícios: escrever e proporcionar a experiência estética e afetiva da leitura por meio dos livros. Tanto um quanto o outro vibram na mesma sintonia e carregam o mesmo objetivo, ou seja, contar histórias. A escrita percorre o caminho da literariedade, da criação deliberada, enquanto o livro acolhe suas palavras e as protege como um pai. O livro, como as palavras, tem um momento específico de feitura, uma época, um contexto, uma ancestralidade, onde cada página nos deixa um legado de existência.

Desde as tabuletas cuneiformes dos sumérios, passando pelo desenvolvimento do tipo portátil até a emergência da revolução moderna da informação, os livros sempre estiveram presentes. Foi assim nos códices maias, nos papiros egípcios, iluminuras de manuscritos medievais, mapas da época das grandes navegações, até mesmo os clássicos infantis. E em todos eles estavam ali as mãos do artesão, daquele ser quase mágico a dar forma a tudo isso. Juntar, pois, as duas coisas, não é tarefa simples, mas possível em um mundo onde ser diferente requer coragem.

Por isso digo que acredito na escrita como um ato de liberdade e no livro como objeto vivo. O que advém desse enlace é uma nova perspectiva a inspirar novas gerações de autores e leitores a criarem e absorverem histórias com autonomia e profundidade. Esse é o meu desejo.

PESSOAS NA PESSOA

Por Leandro Bertoldo Silva

Era o mesmo ritual todas as manhãs. Ao acordar e logo depois do desjejum, se preparava para ir à biblioteca. Lá o recebia o bibliotecário com um olhar inquiridor como se esperasse sempre outra pessoa.

— O que vai ser hoje, Seu…

Nunca terminava a frase. Já se passavam meses e não lhe sabia o nome.

Seu… estranhava esse comportamento e essa maneira de ser recebido como se fosse sempre outro alguém. Com o tempo passou a compreender o homem, pois a cada dia sentia-se diferente. Passou a olhar-se no espelho e a cada vez era como se sua imagem se desfocasse antes de se firmar quase imperceptivelmente alterada. Não era apenas uma ruga a denunciar a passagem do tempo ou outro indício físico a marcar-lhe mudanças, mas algo a metamorfosear os sentidos e desejos da natureza de sua alma.

Gostos culinários se alternavam, certezas e convicções desmoronavam e transfiguravam em outras antes rejeitadas. Os cabelos outrora partidos ao meio ganhavam dia a dia um penteado inédito. É como se já não tivesse filosofias, tivesse sentidos… Tudo transformava, menos o gosto pela poesia.

As mudanças se sucediam e o bibliotecário já não sabia quem recebia, embora nunca o soubera. Um dia, Seu… ao devolver um dos livros tomado por empréstimo deixou esquecido dentro dele um papel escrito à lápis- nunca usava canetas -, onde se lia:

Um certo poeta
sempre viverá em mim.
Ou melhor, em mins…

Abaixo dos versos estava escrito um nome:

Bernardo Soares.

Descobrira enfim.

________________________

A poesia sempre nos transporta para outros lugares, muitos deles versões de nós mesmos… Quais são as suas?

Forte abraço!
Até a próxima.

O QUE FAZ ANDAR A ESTRADA?

Por Leandro Bertoldo Silva

Quem me conhece sabe: há tempos digo que a literatura de nossos irmãos africanos (e a África são muitas) é uma das vozes mais marcantes da contemporaneidade. Escritores como Pepetela, Luandino Vieira, Mia Couto, Paulina Chiziane e tantos outros, assim como Mangel Faria, Tomé Nassapulo, Antônio Alexandre, Kafala Tibah que integram hoje a minha irmandade literária na Árvore das Letras, tornaram-se meus pais e mães de referência do que mais belo é produzido em nossas letras e em nossa língua portuguesa. Ter uma crônica minha — Crônica Testamento — publicada no Jornal Pungu Ndongo, de Angola, é mais do que uma alegria, é a felicidade de uma certeza que eu, quando criança, tinha ao sonhar em ser escritor e lia de cima do pé de ameixa os meus primeiros livros. Nascia ali, entre galhos e frutos, a minha caminhada na vida.

Não por acaso tenho para mim uma frase de Mia Couto:

“O que faz andar a estrada? É o sonho. Enquanto a gente sonhar, a estrada permanecerá viva. É para isso que servem os caminhos, para nos fazerem parentes do futuro”.

E aqui estou eu neste caminho irmanado com tantos amigos e amigas das letras ao fazer da literatura a minha casa, ao abrir as suas portas e voar para além-mar, como também trazer para cá o melhor que existe lá.

Que essas estradas frutifiquem; construamos pontes ao invés de muros e façamos da literatura um único lugar sem fronteiras e distâncias, porque o que está longe se torna perto na descoberta do olhar.

Sigamos.

________________________

Deixo aqui o meu agradecimento coletivo a Mangel Faria, António Alexandre, Tomé Nassapulo, Kafala Tibah e todos e todas irmãs e irmãos de África pela partilha e pelo convívio que estamos a construir semanalmente, não apenas pelas publicações, mas pela Vivência Novos Autores, onde, juntos fazemos a literatura frutificar.

Para quem deseja saber mais a respeito da Vivência Novos Autores e de como participar dessa construção literária, é só clicar AQUI.

Sejam todos bem-vindos e bem-vindas.