Nunca é tarde para se encontrar. E sempre o momento é precedido de coragem: coragem para dizer “não” para as crenças que passam a ser nossas sem nunca terem sido.
Por que razão abrimos mão à vontade dos outros? Acreditamos quando nos dizem o que fazer, pois, afinal, é sempre o melhor para nós.
O problema?
Quando passamos a ser dirigidos por outras mãos, a olhar por outros olhos que nunca foram nossos.
Fico a pensar! Quão maravilhosa é a liberdade de sermos realmente livres, ter a dignidade para desagradar caso as expectativas postas em nós não correspondam as nossas próprias verdades.
E quais são as nossas verdades?
Sim, porque o que é luz para alguns, para outros pode ser escuridão; o que é ideal para muitos, para outros tantos pode ser motivo de os jogar no chão.
Talvez a melhor forma de achar seja não procurar… Talvez nem seja preciso, talvez já esteja aqui, basta soltar, parar, chegar ao ponto zero — esse lindo lugar que é a ausência e a presença de tudo.
Ser solidário neste mundo pragmático e utilitarista é muito desgastante e muitas vezes frustrante. Nós, seres humanos, somos um universo tão complexo, tão individual, somos um amontoado de sentimentos controversos que são só nossos e ficam no recôndito de nosso “eu”.
As experiências, as dores, alegrias são únicos e nos pertencem. A verdade de nossas vidas só é conhecida por nós mesmos. Não temos a coragem de compartilhá-la com ninguém. O clímax da questão está pontuado nessa individualidade que nos faz escravos de nossas tensões e dissabores. Temos medo de nos abrir com os nossos iguais e nos fechamos qual concha, matando a confiança, fazendo morrer atitudes, sorrisos e sepultando a felicidade numa morte simbólica de sonhos, expectativas e mesmo na confiança que depositávamos em nós mesmos, enfim, na vida.
Mas, quando a vida resolve dar um baque, nos vemos ”obrigados” a (re)avaliar nossos valores. A recuperação é lenta e dolorosa, todavia capaz de promover uma verdadeira transformação interior. Aí ficamos mais atentos, matamos atitudes que nos fazem morrer por dentro para que possamos renascer.
Como bem disse Cecília Meireles: “percebemos que o caminho da dor é sempre o mais longo (…) e em alguns instantes a dor da existência se torna bem maior que a dor do insistir (…) de modo que um esplendor mágico abre sobre as tragédias um relâmpago e o coração resiste, pela força do deslumbramento”.
A nossa alma ferida necessita permanecer só para restabelecer-se e voltar a reluzir. Os amigos verdadeiros respeitam esse momento de reclusão, mas tantos outros “amigos” com as melhores das intenções insistem em reabrir a ferida que ainda não cicatrizou. Aí a dor recomeça…
Seria mágico se pudéssemos enxergar no crescimento dos que nos cercam de superação, um motivo de respeito, deixando de lado a lâmina mortífera da inveja e abrindo as portas do amor e da compreensão pela vida e para a vida. O mundo necessita que esse amor transborde nos corações para que haja luz na escuridão das almas humanas.
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Elisa Augusta de Andrade Farina é escritora, presidente da Academia de Letras de Teófilo Otoni – ALTO, colaboradora e integrante da turma Manoel de Barros, da Árvore das Letras.
“Anote coisas que você gostaria de fazer para si mesmo, mas só faz para os outros”.
Pois é, meus amigos e amigas…
São tantas coisas assim que até me perco em meus pensamentos. A lista, caso fosse escrevê-la, ficaria imensa. Talvez abrindo o meu coração e falando a vocês seja uma forma mais interessante, porque internalizo a partir da reflexão e o estado de espírito de uma reflete vibracionalmente em outras. Acredito ser mais fácil, inclusive, de identificá-las.
Vou dar um exemplo. Eu levanto todos os dias e preparo com esmero o café da manhã para minha esposa e filha. Não deixo faltar nada, coloco os melhores talheres, pratos e xícaras na mesa com seus respectivos pires. Deixo tudo à mão: pão, biscoito, queijo, bolo, cremes, geleias e procuro dispor tudo de forma bonita e harmoniosa. Às vezes até flores eu coloco. Faço isso todos os dias sem deixar faltar um sequer.
Mas quando acontece de eu estar sozinho por algum motivo, muitas vezes nem um pão eu como. Sentar à mesa? Jamais! Isso não acontece. E aí eu penso: será que eu não mereço o mesmo cuidado? Se isso acontece com algo tão simples, o que dizer de coisas maiores que afetam nossa autoestima e nosso senso de merecimento? E, Acreditem! Isso influencia desdobramentos para outros não merecimentos…
Então vamos lá!
E se só por hoje vestíssemos nossa melhor roupa para ficar dentro de casa?
E se só por hoje fizéssemos aquela comida especial e servíssemos de maneira bem bonita para nós mesmos?
E se só por hoje cuidássemos de nosso corpo de forma carinhosa?
E se só por hoje bebêssemos água em uma taça de cristal?
E se só por hoje invertêssemos a máxima e fizéssemos por nós o que gostaríamos que os outros nos fizessem?
Eu não quero aqui dar lições de moral nem agir como guru (nossa! Como têm deles na internet!), tanto porque estou no mesmo barco de centenas de pessoas precisando urgentemente de mudanças e transformações. Eu só quero oferecer — talvez para mim mesmo — um pouquinho de conforto.
Época de encontros, abraços, confraternizações, reflexões… Momento em que a casa recebe visitas de amigos, parentes próximos e distantes e tudo parece ficar mais aconchegante e poético…
Imagine, nesses momentos, um caderno em um cantinho especial da casa, onde as pessoas chegam e podem escrever livremente mensagens uns aos outros ou mesmo desenhos que contam histórias…
Imagine esse caderno, repleto de carinhos em palavras e ilustrações no próximo Natal, no próximo e no próximo, daí a muitos anos, sendo um verdadeiro documento histórico de um contexto e de uma época que irá passar, mas poderá ficar registrada…
Imagine o valor desse caderno no futuro, o quanto ele será especial…
Agora, imagine um livro feito artesanalmente, onde é possível encontrar contos, crônicas, romances e poesias não apenas escritas, mas costuradas folha a folha, unindo literatura à arte manual.
Nós, da Árvore das Letras, podemos te oferecer um momento assim, feito à mão, costura a costura, no caso dos cadernos ou com uma capa já preparada e que ilustra a sua personalidade, ou mesmo uma criada exclusivamente para você.
Vou deixar aqui o link da nossa loja virtual, onde você pode encontrar uma variedade de possibilidades com diferentes formas de pagamento e segurança. Caso prefira, pode entrar em contato diretamente comigo pelo WhatsApp. O frete para qualquer lugar do Brasil é grátis.
Comprando os nossos cadernos e livros você ajuda a manutenção dos nossos serviços gratuitos, a divulgação de autores independentes (inclusive você, autor, autora que nos brinda com seus textos) e uma série de ações.
Portanto, reserve o seu livro ou caderno ou faça o seu pedido exclusivo com antecedência, valorize o presente artesanal e registre histórias que valem lembranças.
Pense rápido! Que vida você gostaria de ter se pudesse escolher apenas com base no que é verdadeiramente seu, sem depender de reconhecimento externo?
Responder essa pergunta não é tão simples assim, não é mesmo? Isso porque vivemos em sociedade e sempre ou quase sempre estamos direcionados a fazer as coisas como esperam que nós a façamos. Isso é muito sério!
Por mais que tenhamos ou buscamos ter autenticidade na vida e viver de acordo com as nossas escolhas, sempre há algo a considerar, seja familiar, profissional, em nosso círculo de amizades.
Mesmo que assim seja, é preciso ter em mente que a felicidade não depende ou não deveria depender da validação externa, mas de alinhar ações aos próprios valores e tempo interior.
Não quero dizer que não devemos ouvir as pessoas, mas ponderar o que elas dizem em detrimento aos nossos próprios desejos é fundamental para uma vida feliz e verdadeiramente autêntica.
Você certamente já ouviu a famosa pergunta: “o que você quer ser quando crescer?” Muito provavelmente já a fez também para alguma criança. Mas deixa-me dizer uma coisa… Essa pergunta nós deveríamos nos fazer todos os dias, independente da idade que tenhamos… 5, 10, 15, 50, 70, 80 anos… Não importa, pois ela é uma forma de saber algo muito importante: “Você está feliz com quem você é?”
Pense em situações em que você agiu segundo os seus valores, mesmo sem aplausos… Como você se sentiu?
Para ajudar nessa reflexão, deixo aqui primeiro a indicação e apresentação de um livro: “Que vida eu quer ter?”, de Susana Maria Fernandes, com ilustrações de Mariângela Haddad, da editora abacate.
O livro mostra de forma magistral que nem toda pessoa autêntica é feliz, mas toda pessoa feliz, antes de tudo, é uma pessoa autêntica. Ser autêntico é fazer as coisas mais simples e importantes da vida de um modo que só você faria, em seu próprio tempo, mesmo que não ganhe aplausos ou fogos de artifício por suas escolhas, mesmo que esse seja o caminho aparentemente mais longo, mais doído, mais difícil…
Deixo também um pequeno vídeo onde eu conto a vida que eu sempre quis ter: vida de escritor construída pelos livros e autores que me moldaram quando eu tinha 7 anos de idade. Essa história vou deixar aqui para você porque ela responde a mesma pergunta do tema de hoje.
Espero que essas reflexões possam inspirar você a acreditar e valorizar a sua vida e enxergar nela todos os potenciais.
Aproveite e diz aí nos comentários qual a sua vida ideal. Afinal, o que você quer ser quando crescer?
Acompanhar Ti Zé, Tchissola e Pedro Sabino em uma viagem que se funde com a própria estrada percorrida é uma experiência absolutamente nova e surpreendente que nos remete à época dos folhetins do século XIX, porém através da modernidade dos dias de hoje. Não bastasse a genialidade do autor em nos proporcionar dessa forma à “conta gotas” uma história repleta de sentimentos à flor da pele, coragem em evidenciar questões e comportamentos sociais que ultrapassam fronteiras e se alojam em todo mundo, Tomé Nassapulo Kapiãla usa de palavras tão bem colocadas em um estilo apuradíssimo de pura literatura poética de modo a nos envolver também sentimentalmente com cada um de seus personagens.
A cada capítulo acende em nós, leitores, a chama da curiosidade do provável e do improvável, da aproximação e da distância, do sorriso e do choro, da tensão e do alívio.
Interessante pensar na estrada, com todas as suas nuances, encostas, rios e cachoeiras, como símbolo de um estado de espírito, onde cada um dos personagens existe a partir das suas escolhas. A estrada é a mesma para todos, mas a percepção dela é de cada um, às vezes docemente compartilhada, como Ti Zé e Tchissola, às vezes repudiada como para Pedro, cuja paisagem muda mais bruscamente. Assim, a estrada é a nossa consciência a cada instante, mutável e fluida e o autocarro o corpo que nos conduz à grande viagem de nossas vidas.
Digo isso porque é possível nos colocarmos no centro deste triângulo onde os personagens estão, sentir o que eles sentem e viver (ler) na esperança do dia (capitulo) seguinte. O que virá? Aguardemos.
Obrigado, meu kamba (amigo), por proporcionar-me experiência tão nobre e gratificante pela primeira vez experimentada. E obrigado pela confiança ao remeter-me tão rica literatura à medida que ela surge.
Capítulo 11 – Ecos da cachoeira
O caminho para o interior do município era sinuoso e encantador. A estrada, coberta de pó dourado, abria-se por entre colinas suaves e palmeiras dispersas, até que o som distante da água a cair se fez ouvir.
O roteiro da agência Soares e Viagens indicava aquele local como o ponto alto da estadia: um recanto de serenidade, onde a natureza se deixava tocar por mãos antigas — o canto das aves, o perfume das acácias, e o rumor eterno da cachoeira, como um hino secreto do tempo.
Eram dezassete horas quando chegaram. O sol já descia, e o acampamento ganhava forma ao pé da mata. Pedro Sabino, visivelmente contrariado, montou a sua tenda afastada dos outros, o olhar frio e o coração em silêncio. Não trocou uma palavra com Ti Zé nem com Tchissola durante todo o percurso.
O ambiente entre os três tornara-se espesso, quase palpável — como se o vento ali também tivesse medo de soprar.
Depois de organizarem o acampamento, Ti Zé procurou refúgio junto à cachoeira, afastando-se dos murmúrios humanos. Levava consigo a guitarra, fiel companheira dos seus pensamentos.
Sentou-se sobre uma pedra, os pés mergulhados na água fresca. O som das quedas d’água misturava-se às notas que ele dedilhava, melancólicas, lembrando Luanda, Ana Bela e Joaquim — os filhos que não ouvia havia quase dois dias.
Na solidão, falava consigo mesmo em silêncio, tentando compreender o turbilhão que o atravessava: o desejo inesperado, o remorso, e a doçura perigosa de se sentir vivo outra vez.
As águas refletiam o céu em tons de âmbar quando Tchissola se aproximou.
Vestia um fato de banho azul turquesa, o corpo cintilando sob a luz das últimas horas do dia.
Chegou devagar, quase em segredo, como quem teme acordar o encanto. E, sem dizer palavra, sentou-se atrás de Ti Zé, acolhendo-o entre as suas pernas.
Os braços dela enlaçaram-se sobre o tronco dele, e o rosto pousou-se-lhe ao ombro, respirando o mesmo ar.
Ti Zé estremeceu — o toque dela misturava-se com o som da guitarra, e o coração, antes contido, começou a trair-lhe o compasso.
— Tchissola… — murmurou, sem coragem de se virar. — O que fazes aqui sozinha?
— Vim ouvir-te. — respondeu ela, num fio de voz. — O som que tiras da guitarra… parece vir de dentro de mim.
— Dentro de ti?
— Sim… cada nota parece chamar o meu nome.
— E se for o contrário? — perguntou Ti Zé, voltando-se lentamente. — E se o som apenas responde ao que o teu silêncio me grita?
Ela sorriu, os olhos rasando de brilho.
— Então que o silêncio fale, — disse, — porque há coisas que as palavras estragam.
O vento brincou nos cabelos de ambos. A água corria, mansa e infinita.
Tchissola encostou a fronte ao ombro dele.
— Sabe, Ti Zé… às vezes sinto que a vida é como esta cachoeira. A água cai sem pedir licença, mistura-se à terra, e segue. Ninguém a impede.
— E quem tenta impedir? — Perguntou ele.
— Afoga-se. — respondeu ela, e a voz saiu como um sussurro embriagado de poesia. — O amor, quando é verdadeiro, não aceita margens.
Ti Zé pousou a guitarra sobre as pedras e, por um instante, deixou o coração ceder ao tempo.
O som da cachoeira envolvia-os num manto de música líquida. O perfume das flores, o chilrear das aves e o toque dos corpos compunham um quadro que o mundo não precisava ver.
— Tenho medo, Tchissola… medo de me perder em ti, — confessou ele, a voz embargada.
— E se perder for o mesmo que encontrar? — respondeu ela, fitando-o. — Às vezes, é preciso cair para ouvir o som da própria alma.
As palavras dela eram como versos antigos, ditos pelo vento.
O entardecer descia sobre eles, pintando a paisagem em tons de ouro e silêncio.
Ti Zé segurou-lhe a mão, devagar.
— Não sei o que será de nós depois desta viagem, — disse, — mas sei que o que sinto aqui… é real.
— Então não temas o depois, — sussurrou Tchissola. — Deixa que o agora seja o nosso abrigo.
As águas continuavam a cair, eternas, como se a própria natureza abençoasse aquele instante.
E na imensidão do som e da luz, dois corações, por um breve momento, esqueceram o peso do mundo.
Por Tomé Nasapulo Kapiãla. (O romance está em escrita).
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Emílio Tomé Cinco Reis de pseudónimo literário Tomé Nasapulo Kapiãla, angolano, natural da província do Huambo, planalto central, licenciado em Geologia faculdade de ciências naturais, universidade pública, Agostinho Neto. É professor do ensino secundário do 2° ciclo do Liceu Público N° 4019 ex-IMNE de Cacuaco “24 de Junho”, lecciona a disciplina de Física e dirigente comunitário da comunidade dos Imbondeiros Cacuaco, província de Luanda.
Você já pensou em participar de uma comunidade literária?
Estar no meio de pessoas que têm a leitura e a escrita como forma de se acolher e se expressar?
Que enxerga nos livros não um, mas “o” companheiro de todos os momentos?
Poder publicar seus escritos, caso você escreva e queira, em um lugar seguro e respeitoso?
E o melhor: ter acesso a tudo isso de forma fácil bem ao alcance de suas mãos?
Então, alegre-se! Hoje quero te apresentar a Comunidade Árvore das Letras. Aqui você irá saber sobre o que ela é, como participar e o que, de fato, acontece dentro dela. Vamos lá?
Espero que goste e será um prazer ter você com a gente!
O QUE É A COMUNIDADE?
A comunidade Árvore das Letras é um espaço de convívio literário que funciona pelo WhatsApp criada para amantes da leitura e escrita, com o objetivo de divulgar textos de autores e autoras independentes, debater obras de diferentes gêneros, compartilhar reflexões por meio da Biblioterapia e promover a produção de textos autorais. Tudo em busca de ter a literatura como instrumento de crescimento humano pessoal e social em uma jornada de inspiração e criação.
COMO ENTRAR NA COMUNIDADE?
1. Clique no link da comunidade do WhatsApp no final dessa publicação.
2. Ao entrar na Comunidade, você terá acesso essencialmente a 3 conteúdos semanais: a “Quarta Literária”, “Escrita Afetiva” e a “Biblioterapia em foco”, conforme descritos abaixo.
3. Além dos conteúdos, você verá dois grupos, sendo um deles aberto e outro para membros, também conforme descrição a seguir. O importante ao participar do grupo aberto é que seja ativo e siga as recomendações descritas de forma educada e harmoniosa.
4. Pronto! Seja bem-vindo(a) à comunidade Árvore das Letras.
O QUE ACONTECE DENTRO DA COMUNIDADE?
Quarta Literária
Ação destinada à publicação e divulgação de autores independentes. Toda quarta-feira é publicado aqui no blog da Árvore das Letras e divulgado na Comunidade texto em artigo, crônica, conto ou poesia de autores independentes e integrantes da comunidade, caso queiram, que atuam como colaboradores. Os textos são publicados um por vez conforme agendamento mensal.
Biblioterapia em foco
Com o objetivo de promover bem-estar emocional e crescimento pessoal por meio da literatura, quinzenalmente, às sextas-feiras, é apresentado um breve tema para reflexão seguido de indicação de livros, histórias, áudios ou vídeos que possam ilustrar e inspirar ações positivas.
Escrita afetiva
O simples ato de colocar uma palavra no papel pode ajudar a expressar sentimentos, liberando emoções que às vezes não se pode expressar por outros meios. Afinal, a escrita pode ser um recurso afetivo de autoconhecimento, de comunicação e de transformação pessoal.
Toda quinta-feira é apresentada uma sugestão para você exercitar sua escrita reflexiva, libertar-se e até mesmo desabafar. O objetivo é para você, caso queira, escrever espontaneamente e materializar seus pensamentos em palavras, que podem ser compartilhadas no grupo “Conversa ao pé da Árvore”, ou não, expressando suas emoções, deixando de lado o pensamento racional por meio desse recurso lúdico, prático e criativo que é a escrita espontânea. Tudo que você irá precisar é papel, caneta ou lápis e a vontade de se sentir mais realizado(a).
OS GRUPOS DA COMUNIDADE:
Conversa ao pé da Árvore (aberto a todos)
Grupo destinado à interação e trocas de mensagens entre os participantes da comunidade. É extremamente importante que tudo gire em torno do universo literário apenas: livros, textos, festivais, lançamentos, entrevistas, oficinas, entre outros, tudo com respeito e moderação.
Novos autores (aberto somente para membros)
Encontros quinzenais pelo Google Meet, com o objetivo de aprimorar a percepção literária e aplicar técnicas criativas e afetivas na produção de narrativas e poesias partindo da escrita à mão. A culminância desses encontros é uma publicação em antologia anualmente no mês de julho.
Os encontros acontecem às quartas-feiras, de 19h às 20h., sendo turmas de 7 pessoas a cada 15 dias, totalizando 14 pessoas. A adesão de novos membros neste grupo somente acontecerá quando da abertura de vagas com datas devidamente divulgadas.
Para entrar na Comunidade Árvore das Letras e ter acesso a tudo isso é muito fácil! É só entrar no link abaixo e seguir os passos descritos. Seja bem-vindo, seja bem-vinda!
Se você se identificou e conhece alguém que, como você, também sempre quis encontrar um lugar assim, envie essa postagem para ele ou ela. Que possamos fazer crescer este lugar com gente de bem e escrever uma linda história com a literatura. Acredite, há um mundo inteiro a ser desvendado…
Certa vez, descobri que eu e a Carol temos mais coisas em comum que o amor pela lua. Uma delas é o mesmo número da sorte: o sete.
Ela, assim como eu, deve ter crescido jogando o jogo dos sete erros e, não por acaso, encontrado todos eles escutando que “amigo é coisa para se guardar debaixo de sete Chaves, dentro do coração”.
Acho que deve ter ouvido muitas vezes a história da Branca de Neve e os Sete Anões e assistido a série A casa das sete Mulheres.
Por acaso, você aprendeu a jogar 21 cantando sete mais sete são 14 com mais sete 21? Será que Carolina aprendeu a gostar de gatos porque eles têm sete vidas? Por acaso, alguém falou pra ela que ser distraída ou um pouco esquecida era um dos sete pecados capitais?
Fica tranquila, amiga! Não é!
Ser distraído é uma dádiva criada por Deus para a gente prestar atenção nas sete maravilhas do mundo, mas do nosso pequeno maravilhoso grande mundo do Achados e perdidos, que deveria ser ao contrário né? Pois primeiro a gente perde para depois achar.
E por falar em encontrar, por acaso você já achou as sete chaves de casa? Pode procurar com calma! Deus está no comando e o acaso vai te proteger. Afinal, você tem as sete Chaves para o acaso e no fim da história, o tal do “por acaso” é simplesmente o encontro do inesperado sem querer com o nosso por querer que mora atrás da porta dos bons encontros que a vida tem.
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Sou Ricardo Flávio Mendlovitz Albino. No mundo da contação de história todos me conhecem por Ricardo Albino. Tenho 47 anos, nascido e criado em Belo Horizonte, jornalista formado em 2006, pelo Centro Universitário de Belo Horizonte – UNI BH, contador de histórias formado pelo Instituto Cultural Aletria, em 2015, criador da página Ricontar Histórias, em 2017, e do canal de mesmo nome no You Tube, em 2021. Cadeirante, idealizei no canal o podcast Ricontar para unir histórias, meu amor pelo rádio, acessibilidade e inclusão.
Cumprindo a inexorável jornada, cada dia deve ser brindado em sua inigualável e irrepetível fluidez, sendo o tempo o mestre implacável. Entre curvas e surpresas desses trilhos iluminados, um ano se cumpre em sintonia ao descortinar de horizontes outros.
Nessa jornada, ficaram pra trás: uma parte do esôfago, a vesícula, o apêndice, uma sutura no diafragma, um osso trincado, um dente, uma úlcera e uma hérnia. Em uma dessas ocasiões, quase fui … (ok, vocês acertaram, foi o dente).
A vesícula o médico me deu de presente. Guardei na geladeira durante um tempo, mostrava aos amigos e visitantes, para que me conhecessem por inteiro. Um dia minha filha disse pra parar com isso, soava meio sinistro. Retruquei, afinal poucos têm a oportunidade de se apresentar estando assim, em pedaços, fora de si. Outro dia, porém, alguém carregou a geladeira pra longe e essa parte de mim foi junto. Guardei o luto, sem saber do enterro. De outra sorte, posso ter sido descartado por desconhecimento, inutilidade, ou mesmo cozinhado como iguaria, vai saber… a bem da verdade, nunca me senti frito.
O apêndice, ao contrário, dei de presente para a médica que o retirou, era algo estranho e incomum, mesmo para um apêndice. Está aí, em algum laboratório, talvez um dia me encontrem. Se acontecer, sintam-se cumprimentados, “prazer, sou Angelo”.
Nasci nesse sagrado dia 02 de novembro. Foi há muito tempo, nem percebi, afinal, estive inconsciente naquele momento, era quase um natimorto, no sétimo mês de gestação e o cordão umbilical enrolado no pescoço. Nada demais, acontece com frequência, sabe, mas confere uma aura de estranheza, por ser dia dos finados e já estar, como dizer, chegando pronto pra partir.
Naquele tempo (como disse, foi há muito tempo), as pessoas visitavam com mais frequência seus entes queridos. Lembro-me da movimentação nos dias precedentes, do cuidado com as palavras, do silêncio respeitoso, da limpeza das ruas, da renovação da sinalização, pra que ninguém errasse o caminho de casa, digo, do cemitério. Limpava-se os túmulos e depositava-se flores, o ar ficava carregado de perfume. Uma floricultura era montada perto de casa e a maior parte dessas décadas todas (foram muitas, eu disse?) morei próximo a um cemitério, cujo nome era Da Saudade. Bastava dar um passo para, literalmente, enfiar o pé na cova. Era mais fácil passar o aniversário lá, não havia bolo, porém velas sim, inúmeras. Em criança, tive o prazer de conviver com muitos, estando vivos ou mortos. Atualmente está mais difícil diferenciar uns dos outros, mas a presença dos últimos me é agradável, sou bastante seletivo.
Quando viajo por aí, a trabalho ou a passeio, os amigos fazem questão de indicar os melhores cemitérios. Não que conheçam de fato, claro, procuram dicas na internet, é um carinho de outro mundo que têm por mim. Desse modo, cultivo o prazer de frequentar a ilustre morada de pessoas as mais admiráveis, gente fina, aliás finíssima (não citarei aqui, pois a lista é longa, e daqui a pouco irei visitá-los). A conversa, a rigor, ressoa epitáfios.
Senti de compartilhar com vocês esse alento que me anima. Visitem os mortos, passem um tempo com eles, conversem de igual pra igual, um dia passaremos todos pra lá e não será nada legal chegar como um estranho, dando uma de desentendido. Pra mim é super de boas, estou indo por partes, as afinidades aumentaram, tive a sorte de viver o limiar. Mas vocês não! Vocês irão por inteiro, então é bom cuidar e evitar surpresas na última hora.
A senha é a seguinte: procure primeiro o morto que você é, encontre seu próprio túmulo. Limpe-o, ofereça flores, dignifique o trato com as palavras, respire ares perfumados, deixe a luz entrar, pois é o “dia” e não a “noite” dos mortos. Junte seus pedaços, contemple aquele sorriso, beba e coma o que te faz bem, cante sua melhor canção, celebre-se. Bem entendido, a tampa do seu caixão está aberta e tem gente querendo te ver bem, não é hora pra ficar dormindo. Faça isso corriqueiras vezes. Um dia, por derradeiro, você estará pronto e seu túmulo, finalmente, vazio.
Meus amigos queridos, de aquém e além, muito obrigado pela companhia. Sintam-se abraçados para sempre.
P.S.: tudo que se diz aí é verdade, exceto aquela coisa do dente.
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Angelo Campos é jardineiro. Nas horas vagas dedica-se a coisas de menor relevância tais como Filosofia, Psicanálise e Transdisciplinaridade.