Por Leandro Bertoldo Silva
Quando criei a Alforria Literária como selo de publicação da Árvore das Letras em 2017 foi porque acreditava na possibilidade da existência de novos caminhos. Passaram-se 8 anos e os acontecimentos me mostraram que eu estava certo. Desde “Entrelinhas Contos mínimos”, meu primeiro livro publicado pelo selo, ao último até então “Para sempre, amanhã”, foram 6 obras, dois festivais literários, 3 anos de exposição em livrarias e espaços culturais, feiras de arte e muitos livros vendidos e enviados para várias cidades e estados do Brasil e até para Angola, sem contar outros autores publicados e antologias produzidas anualmente na Árvore das Letras.
Não sou muito adepto à palavra “resistência”, mas me rendo a ela nesse momento, porque ser um escritor independente no nosso país é tarefa onde é preciso resistir a pressões: pressão em acreditar que só é possível ser lido devidamente por meio de editoras tradicionais; pressão em achar que é o mercado quem determina o que vai ser escrito, porque se assim não for você não será visto; pressão em pensar que na vida tudo é um jogo.
Bem, eu nunca quis jogar com ninguém, não vejo a literatura como uma forma de disputa, mas como um espaço de acolhimento onde há lugar para todo mundo. Vale lembrar que se um caminho não existe, podemos construí-lo.
Foi assim a minha escolha em escrever e publicar da forma que eu acreditei ser possível: de maneira artesanal, livro a livro, capa a capa, costura a costura, através de técnicas de encadernação e papelaria fina, aprendidas, criadas, aperfeiçoadas.
Para quem pensou não ser possível transitar por caminhos assim, lembre-se de que “o mundo não se fez para pensarmos nele (pensar é estar doente dos olhos), mas para olharmos para ele e estarmos de acordo”. Pois eu sempre estive de acordo com essas palavras de Fernando Pessoa.
Estar de acordo com o que acreditamos é vibrar na sequência certa, não o certo dos outros, mas o certo para nós mesmos. Isso faz tudo acontecer de uma maneira muito além do imaginado. Tive uma prova disso ao entrar em uma livraria e me deparar com os meus livros não apenas expostos à venda, mas carinhosa e cuidadosamente em destaque em um local reservado a eles.
Por tudo isso, faço aqui um convite: deixe-se envolver por histórias unidas à mão pela costura de um livro artesanal. Se você ainda não teve essa experiência, dê-se uma oportunidade e conheça de perto a literatura independente. Pegue, folheie, sinta o toque de um livro artesanal, a sua textura, sabendo que ali, além do valor literário de uma crônica, romance ou poesia, está a arte do artesão, do diferente, do personalizado, do tempo sem pressa… Você merece esse cuidado. É como eu sempre digo: escrever é costurar ideias com as mãos. Permita-se.
Os livros podem ser encontrados na Árvore das Letras e exclusivamente na Livraria e Cafeteria Papo Café, em Teófilo Otoni, lugar de encontros, conversas, histórias de vida e, claro, muita leitura e arte. Tudo isso bem no coração da cidade.
Não é por acaso que mantenho para mim o pensamento de Mia Couto: “O que faz andar a estrada? É o sonho. Enquanto a gente sonhar a estrada permanecerá viva. É para isso que servem os caminhos, para nos fazerem parentes do futuro”.
Um forte abraço e até a próxima.
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Parabéns Leandro!! A estrada se faz caminhando… E toda história se escreve a partir da primeira página de nossa trajetória! E vamos costurando as páginas de nossas vidas!!!
Forte abraço e muito sucesso!!!
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Obrigado, Valéria, pelo comentário e pelas palavras. Essa estrada da literatura é maravilhosa e você bem sabe disso. Sucesso para você também!
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Parabéns, Leandro pelo seu notável trabalho literário e em prol da literário. Sucesso hoje e sempre!
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Obrigado, meu grande amigo, pelas palavras e votos 🙂
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