Quando pensei em convidar pessoas a caminharem comigo nesta linda estrada do processo de feitura do meu livro “Para sempre, amanhã”, mentiria ao dizer não saber até onde ela nos levaria. Sempre soube e tinha a certeza do caminho repleto de prazeres, mas também de desafios. Isso porque nenhuma história floresce sozinha. É preciso tempo e mãos… Mãos que escrevem, que costuram, colam, refilam, dão acabamento, mas também que acolhem e incentivam. Àquelas foram as minhas, essas as de vocês.
Hoje, data da postagem desse texto, é dia 31 de agosto de 2025. Amanhã é o primeiro dia do mês de setembro — não por acaso da primavera — onde o jardim tão preparado, cuidado, adubado em palavras, versos, prosas e imagens irá também florescer em lindos lançamentos a começar pela FLIM – Festa Literária Vale do Mucuri, em Teófilo Otoni/MG, a partir do dia 17.
Por isso, hoje venho agradecer por todos esses dias em que estivemos juntos por aqui. Não só isso! Agradeço cada palavra de incentivo que recebi, cada gesto, mensagem, cada presença de coração aberto e dizer que tudo isso foi um sopro de vida a fazer de todos parte dessa história.
Os livros estão prontos! Aos que estarão comigo na FLIM, não vejo a hora desse encontro, onde teremos a oportunidade de compartilhar um momento incrível. Aos que não estarão, nos veremos certamente nas páginas do livro, onde nossas vozes também se encontrarão.
Para os que adquiriram o livro na pré-venda, muito obrigado e digo que logo estarão com ele autografado em mãos e cheio de carinho.
Obrigado por acreditarem.
Por caminharem.
Por esperarem.
Por sonharem junto.
Se “Para sempre, amanhã” tem a partir de agora a chance de tocar o coração das pessoas, foi porque ele primeiro, de alguma forma, tocou o de vocês.
Aos que caminharam comigo até aqui… a estrada continua.
Gratidão eterna! Até a FLIM e aos próximos lançamentos.
Mara é uma mulher em seus 60 anos. Vive uma vida de trabalho, de lutas e muita desesperança. Mas todos os dias, sem que ela se desse conta, era convidada a mudar sua rotina, sem sucesso nem mesmo entendimento.
Após sua dura jornada diária, Mara se preparava para dormir, mal fechou os olhos ouviu uma voz vinda bem de trás dela. Vinha do espelho na porta do guarda-roupas…
— Psiu!!! – Disse o “espelho”.
— Oi! Quem é você? – disse Mara.
— Ora bolas! Não me reconhece? Afinal, faz tanto tempo…
— Ishi. Nem me fale de tempo… não tenho pra perder.
— Há muito tempo que você não me procura. Acho mesmo que já se esqueceu de mim. Às vezes até me procuro nessa imagem aí. Busco alguma coisa que me desperte, mas parece estar adormecido aí dentro. Que pena!
— Como assim? Não faço ideia do que você está falando… – Disse Mara com pouco caso. – Acho que preciso mesmo é ir dormir. Vejam só, estou conversando com um espelho!
— Espere! Não vá! Fique mais um pouco. Precisamos de sua ajuda…
A luz se apaga e mais uma noite acontece em meio aos sonhos e lembranças confusas daquela mulher. Cansada da vida dura que leva, mas resiliente.
Enquanto pensava se sairia da cama ou não, se levantava ou não para ir ao trabalho ouviu uma voz vinda bem de trás dela. Vinha novamente do espelho na porta do guarda-roupas…
— Bom dia, professora!
— Ai, ai, ai ! Ora essa, professora??Nem bem acordo e já ouço vozes. Mas é melhor um bom dia que um dia tenebroso como os outros… Disse Mara
— Bora levantar, mulher! Há muita coisa pra se fazer e você está muito atrasada!
— Mais essa. Um espelho falante e ainda me diz que estou muito atrasada. Atrasada pra quê?
— Não está te faltando nada? Há tempos você não me vê, não consegue sentir o que estou sentindo. Onde está você que não encontro aqui? Não me encontro também em você…
— Estou onde sempre estive e ai de mim se não estivesse. Devo estar ficando maluca. O que está acontecendo comigo? Não tenho tempo pra essas histórias. Preciso me tratar.
E sem dar ouvidos à voz, saiu, para mais um dia de labuta, cansada, desanimada, desmotivada e perdida de si mesma. Mara já não era mais a mesma há tempos.
Como ela desejava que tudo tivesse sido diferente. Que a vida tivesse lhe sorrido mais e sido mais generosa.
Quisera ter amigos, memórias lindas e histórias pra contar, mas a única coisa que havia de sobra, eram dívidas, dores, amores desfeitos, cansaço e lutas e lutas. Uma desesperança infinita.
Ela precisava fazer alguma coisa antes que enlouquecesse.
E naquele dia ao voltar pra casa, lembrou-se dos episódios do espelho. E sem saber ao certo se aconteceram ou se foram alucinações ou sonhos, resolveu olhar-se no espelho. Havia um certo receio do que veria, pois já haviam se passado alguns anos… Porém, dessa vez havia muito carinho e respeito por aquela imagem que seria refletida. Fosse qual fosse.
E qual não foi sua surpresa e emoção ao ver, mesclada na imagem de agora, com suas rugas, tristeza e cansaço, a mesma imagem da menina que há anos lhe cobrou que acordasse e a ajudasse.
— Que criança linda eu fui. Quantos sonhos me cercavam!
Chorou e quis pedir perdão à menina, mas essa desapareceu sorrindo e deu lugar a uma outra imagem também fundida naquela mais velha e sofrida. Porém essa continha o viço da idade madura e plena. Plena de beleza, de alegria, coragem e força.
— Céus! Como fui forte e corajosa!!
Essa fez Mara chorar copiosamente, não entendendo por que se desapegou e se distanciou daquela mulher tão destemida e forte que lhe sorrira por muitas vezes ao longo dos anos, quando se olhava no espelho.
Aos poucos e com muita suavidade as imagens foram deixando o espelho.
Até que ficou apenas Mara, consciente de que todas aquelas mulheres e outras tantas que por vezes lhe visitavam diante do espelho, eram a mesma pessoa. E que de tempos em tempos vinham lhe recordar quem ela era. Vinham buscar a Mara de hoje pela mão, pelo colo, pelo olhar e pela sabedoria. Elas não deixariam aquela mulher vacilar.
E agora, sabedora da força que havia em seu interior levantou a cabeça, com um grande sorriso, beijou o espelho e disse baixinho: Obrigada!
E feliz e encorajada foi à luta.
*Texto elaborado a partir do estudo de “O Espelho”, de Machado de Assis.
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Sou a Luzia Maria de Souza, mãe do Silas e do André. Filha da Carminha e do Duca. Irmã da Lina, da Letícia, do Alan e da Laíse. Esposa do Fernando de Bulhões. Sou escancaradamente amante da vida, da alegria, da música, do movimento e de gente! Estou dando meus primeiros passos como escritora. Mas gosto mesmo é de registrar minha própria história e navegar em minhas memórias e reflexões. Afinal, sou o resultado das coisas que vivi, do convívio com pessoas que passaram por mim e deixaram marcas em minha vida.
Por Leandro Bertoldo Silva e Elisa Augusta de Andrade Farina
Ao longo do caminho da escrita de um livro encontramos vários “anjos da guarda”, pessoas a nos estenderem a mão ao compreenderem a importância daqueles momentos a se formarem em verdadeiras histórias nascidas de um ato de amor com as palavras.
Uma dessas pessoas a existir nesse “Para sempre, amanhã”, se fez presente logo no início de tudo: Elisa Augusta de Andrade Farina. Elisa é uma alma diferenciada que entende a essência das sensibilidades. É capaz, como diz Manoel de Barros, de “fazer uma pedra dar flor”, tamanha a sua capacidade de absorver a poesia da vida.
Além de possuir tudo que a literatura mais necessita para florescer, Elisa é minha grande amiga, alguém a fazer morada em mim de um jeito especialíssimo. Foi por tudo isso e muito mais que entreguei a ela o carinho do prefácio deste livro para que sempre possam, seja nessa ou em todas as manhãs do mundo, estarem eternizadas suas tão inspiradoras palavras.
Tenho o prazer de vir aqui neste espaço, na companhia de vocês, antecipar o que me foi dito. Leia a seguir o prefácio de “Para sempre, amanha”.
Obrigado, minha amiga!
PREFÁCIODO LIVRO “PARA SEMPRE, AMANHÔ
Elisa Augusta de Andrade Farina Presidente da Academia de Letras de Teófilo Otoni
A palavra é a matéria prima da Literatura. Saber usá-la, aproveitando todo o seu poder de sugestão, com originalidade e propriedade, é o objetivo do escritor. Aí residem a sua arte e o seu talento. Aproveita o poder e a originalidade que as palavras oferecem na apreensão da magia poética dos fatos, estruturando as tramas e liames de forma harmônica e estética de todo o conteúdo literário que cria. É o mundo vasto das letras e o poder da palavra.
Parabéns, Leandro, por nos presentear com mais um livro repleto de sentimentos que nos inspiram. Só quem vive sua essência e age de acordo com o que realmente tem no coração pode expressar tantos sentimentos, que tocam nossa alma de leitores, provocando reflexão nos espaços que reforçam a troca de saberes.
Convido a todos a darem um mergulho no universo criativo que o autor nos oferece. Seremos envolvidos pela singularidade contida em cada criação literária, em que o autor deixa antever a sua alma, numa transparência de asas de borboletas multicoloridas, prontas para o voo ao mundo criativo das palavras que nos deleitam.
Cada palavra traz em si um universo indefinível de significados e significantes.
A delicadeza tão peculiar do autor na sua construção literária já é sentida pela escolha do título: “Para sempre, amanhã”, que nos remete a crer que há esperança, apesar dos revezes das armadilhas cotidianas de nossas vidas.
Em seus textos extraímos a genialidade como constrói suas tramas. Suas memórias, tal qual o fio de Ariadne, são costuradas de maneira tão forte e singular, levando o leitor a embrenhar-se em suas lembranças, conduzindo-o através dos labirintos de suas “verdades” de forma mágica, adentrando seus pensamentos e sentimentos guardados nos porões de sua alma sonhadora.
Quando fala da dor, do amor, de seus medos, angústias, frustrações, das lágrimas derramadas em silêncio e também do sorriso esboçado, quando pousa o olhar de poeta nas coisas “desimportantes”, extraindo a beleza que precisa ser revelada, só para citar alguns pontos de vista distintos, baseados em minha leitura.
Vou deixar para o leitor o prazer de encontrar em cada página que ler a sua análise, para valorizar o talento do autor nos desdobramentos literários e poéticos.
Que este livro tenha a capacidade de iluminar mentes, aquecer corações e inspirar transformação em direção a uma nova realidade do mundo literário humano e libertador.
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A campanha de pré-venda com o preço promocional está chegando ao fim. Estará aberta até o dia 17 de setembro/2025. Quem desejar adquirir, presentear e receber este livro autografado, ou durante o evento de lançamento na FLIM – Festa Literária Vale do Mucuri, em Teófilo Otoni, do dia 16 ao dia 21 de setembro/25, ou em casa, é só acessar o link abaixo e preencher o formulário.
Em 1970, na pequena cidade de São Pedro da Aldeia, Região dos Lagos, no estado do Rio de Janeiro, vivia o garoto Nilo, então com oito anos de idade.
Nilo era um garoto ativo, que se deliciava simplesmente por poder usufruir a liberdade dos garotos daquela época, quando podiam correr e brincar livremente pelas ruas da cidade, tomar banho na lagoa (até então de águas límpidas) e colocar em prática suas invenções, ideias criativas e mirabolantes de criança.
Os pais de Nilo possuíam um comércio com as mais variadas utilidades domésticas. Sua mãe, D. Ivone, era encantada principalmente com as porcelanas. Era o setor do qual ela mais cuidava e organizava com primor a exposição das peças. Em sua casa, possuía uma coleção de pratos com pinturas variadas, herança dos tempos de sua avó e que ela guardava como relíquia.
Naquele tempo, vivia também na cidade o Sr. Gabriel, dono da hoje famosa “Casa da Flor”, patrimônio cultural do estado. Seu Gabriel, como era conhecido, passou toda a vida decorando a casa com cacos, ornamentando-a com desenhos de lindas flores feitas por cacos de louça, cerâmica, conchas, vidros, etc. Filho de escravo com índia, homem simples, trabalhador, era um sonhador que, apesar das tantas dificuldades enfrentadas no seu dia a dia, não perdeu a fé de que no futuro prevaleceria a sensibilidade, a valorização da arte, da criatividade, o senso de preservação e cuidado. Foi com essa certeza que ele passou a vida toda construindo sua obra de arte, materializando seu sonho. Certamente este homem tinha “olhos de ver” além do tempo e das aparências.
Nilo era encantado com a casa de Seu Gabriel! Via a casa como se fosse um tesouro composto de “histórias de vida” de cada caco. Gostava de ir até lá e observar cada detalhe do trabalho. Em suas brincadeiras e andanças pela cidade, Nilo catava tudo que encontrava e que achava que traria beleza ao trabalho de Seu Gabriel, e assim, toda semana levava para ele o material que havia recolhido e sentia-se importante por estar contribuindo para a construção daquela casa. Era até um pouco relapso no uso dos copos e pratos em sua casa e torcia para que algo se quebrasse, pois, quando isso acontecia, prontamente recolhia os cacos e os levava para Seu Gabriel. Gostava de ver os materiais que recolhia tomando forma de flores coloridas! Para ele, era como se ali estivesse também uma parte de si mesmo.
Chegou o mês de maio. Era o mês de aniversário de D. Ivone. Nilo queria dar um presente para sua mãe, mas não sabia o que. Além disso, a situação financeira de sua família andava um pouco apertada. O comércio estava vendendo pouco. O lucro auferido dava para manter a família de três pessoas (Nilo era filho único), mas gastos extras tinham que ser programados com bastante antecedência. Nilo pensou, pensou, e teve mais uma de suas ideias geniais! Iria fazer para sua mãe a maior das homenagens que alguém poderia fazer! Imortalizar seu amor e carinho nas paredes da casa de Seu Gabriel por meio dos cacos de um dos pratos da coleção de sua mãe, o prato do qual ela mais gostava! Assim, imaginava ele, ela terá meu carinho e a lembrança de sua avó gravados para sempre na casa de maior sucesso na cidade, a casa do futuro, onde todos poderão apreciar o trabalho, em especial uma flor desenhada com cacos de um belíssimo prato pintado com desenhos coloridos e raros. Os visitantes conhecerão a história dessa flor especial, e conhecerão também o amor grandioso de um filho por sua mãe!
E assim saiu correndo, rumo ao armário da cozinha, onde ficava a preciosa coleção de sua mãe. Escolheu aquele que sabia ser o preferido dela e pronto: jogou-o ao chão e os cacos se espalharam. Prontamente os recolheu e foi correndo à casa de Seu Gabriel. Chegando lá, pediu a ele para desenhar a mais bela flor, grande, colorida, linda, pois era uma flor que eternizaria o amor que tinha por sua mãe. Ela certamente iria ficar muito feliz por saber que ali, entre tantos desenhos com cacos, aquele mais bonito que se destacava era a flor feita com os cacos de seu prato preferido. Seria o desenho que mais chamaria a atenção de todos os visitantes, seria o mais famoso deles!
Após Seu Gabriel terminar o desenho, Nilo voltou para casa todo contente e chamou sua mãe. Com os olhinhos brilhando de felicidade, disse a ela que tinha um presente lindo de aniversário para ela. Algo diferente, maravilhoso, que permaneceria para toda a vida sendo admirado por pessoas do mundo inteiro! D. Ivone ficou feliz com a espontaneidade do garoto e muito curiosa para saber que presente era aquele.
Nilo então a pegou pela mão e levou-a até a Casa da Flor. Chegando lá, levou sua mãe de olhos fechados até onde estava a linda flor criada com os cacos do prato da coleção de D. Ivone e do qual ela mais gostava. Nilo então disse a ela que ali estava o presente! Todos poderiam admirar para sempre a flor símbolo do seu amor por sua mãe, feita do seu prato preferido!
D. Ivone então abriu os olhos e, quando viu a flor formada com os cacos do prato de sua coleção, sua fisionomia mudou drasticamente. Sem medir palavras, gesticulando e falando alto, expressou toda sua revolta e decepção. Chamou a atenção de Nilo na frente de todos. O garoto, surpreso com a reação de sua mãe, começou a chorar copiosamente, como nunca havia chorado em toda sua vida. D. Ivone pegou-o pela mão com toda força e arrastou-o para casa. Durante o trajeto até em casa, Nilo escutou todo tipo de impropérios. Suas lágrimas desciam sem parar. Ao chegarem em casa, foi colocado de castigo. Por uma semana estava proibido de sair de casa, a não ser para ir à escola. Nada de brincadeiras e, quando ficasse em casa, ficaria somente dentro de seu quarto. D. Ivone parece que perdera totalmente o bom senso. Ficou muito magoada com Nilo.
Os dias foram passando. Nilo, antes um garoto espontâneo e alegre, simples, sem maiores complicações emocionais, tornou-se um garoto mais fechado com sua família. Perdeu muito de sua alegria em casa, principalmente junto à sua mãe. Afastaram-se emocionalmente um do outro.
O tempo correu ligeiro e chegou o ano de 1985. Nilo era agora um belo rapaz de 23 anos. A introspecção que adquirira desde o triste episódio fizera dele um rapaz com certo ar melancólico que o fazia parecer um pouco misterioso, deixando-o ainda mais belo. Chega até sua residência a notícia de que Seu Gabriel acabara de falecer. Na mesma hora, Nilo se arruma para ir até a Casa da Flor e, quando está saindo, seus pais pedem para que ele os espere um instante, pois também queriam se despedir de Seu Gabriel. E assim foram todos para a residência daquele senhor, artista nato, mestre da criatividade na arte de reciclar, e que infelizmente acabava de partir.
Ao chegarem à casa, já havia uma multidão de pessoas querendo prestar a última homenagem àquele homem que, em toda sua simplicidade, construíra uma das mais belas obras da arquitetura popular brasileira. Tanto D. Ivone como Nilo, depois daquele dia fatídico, nunca mais voltaram na Casa da Flor.
Eis que de repente D. Ivone vê ao longe aquela flor, a mais bela de todas as flores da casa, em localização bem visível, chamando a atenção de muitos que ali apreciavam a obra de Seu Gabriel. Ao redor daquela flor havia um grupo enorme de pessoas. D. Ivone aproximou-se do grupo e começou a escutar a fala de uma moça que contava aos demais membros do grupo a história daquela flor especial. A moça dizia que a flor havia sido feita com os cacos do mais belo prato de rara coleção, doados por um garoto no intuito de presentear sua mãe com o símbolo do seu amor que ali ficaria eternizado para todos verem e saberem que o amor é para brilhar, para ser vivido e para servir de inspiração para que outras pessoas também possam senti-lo.
De repente, as palavras daquela moça tocaram fundo o coração de D. Ivone. Ao ouvir a história, veio em sua mente um insight. Ela caiu em si e percebeu o quanto havia errado ao ter sido tão ríspida e dura com Nilo. Captou a essência da mensagem daquela moça e compreendeu que, muito mais importante que um prato guardado em bela coleção, era a demonstração de amor e carinho de seu filho. Percebeu o quanto seu filho era muito mais sábio que ela, pois, ainda garoto, ele soube perceber que de nada vale acumular tesouros na terra, de nada adianta sufocar com apego as nossas maiores preciosidades. O amor cresce, transforma-se e multiplica-se somente se cultivado livre, sem aprisionamento. E que a lembrança que tinha da sua avó, antes retratada pelo prato guardado no armário, estava ali muito mais viva, pois agora era alimentada por um amor inspirador e contagiante.
Nilo estava um pouco mais afastado, perdido em seus pensamentos em um canto da casa. D. Ivone foi até ele com os olhos marejados. Abraçaram-se. Ela pediu perdão com todas as suas forças. Relatou tudo que ouviu e disse que somente ali, naquele momento, que conseguiu compreender a nobreza da atitude de Nilo, há 15 anos. Nilo também chorava. Parecia que, naquele instante, tirava um peso de seu peito e rompia-se de vez a barreira emocional que ficara entre eles todos aqueles anos.
A alegria espontânea voltava a brilhar na face de Nilo. D. Ivone parecia rever em seu filho aquele garoto feliz, entusiasmado, ativo e cheio de energia.
Voltaram felizes para casa. Nunca mais houve distanciamento entre eles, e a alegria voltou a reinar no coração de Nilo. Aquele dia, com certeza, houvera sido o primeiro dia de sol do resto de suas vidas.
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Luciana Gonçalves Rugani é escritora e poeta. Natural de Belo Horizonte (MG), tornou-se também cidadã cabo-friense ao receber, da Câmara Municipal da cidade, o Título de Cidadania Cabo-friense. É membra fundadora da Academia de Letras e Artes de Cabo Frio – ALACAF e membra da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA. Colunista da Revista Digital Aldeia Magazine e do Blog do Totonho. Participou de diversas antologias lançadas no Brasil e em Portugal. Foi selecionada, pelos curadores da Lura Editorial e entre autores de todo o país, para participar da antologia “Leituras à Beira-mar”. Recebeu o “Prêmio Cidade São Pedro da Aldeia de Literatura” concedido pela Associação Internacional de Escritores e Artistas – Literarte, o Prêmio Cultural Caiçara, concedido pela ALACAF e pela ALSPA e o título de “Doutora Honoris Causa em Literatura”, concedido pela ALSPA. Possui publicado um livro de poesias e crônicas intitulado “Mar de Palavras”, que originou o audiolivro de mesmo nome, disponível nas principais plataformas digitais de streaming. Idealizadora dos projetos “Sarau 15 Minutos” e “Arte na Rede”, promovidos em suas redes sociais. É autora do blog “Cantinho das Ideias”. Expôs seu livro na 21ª Festa Literária Internacional de Paraty – 21ª FLIP. Foi vencedora do 3º lugar do Prêmio Teixeira e Sousa de Literatura, da Prefeitura de Cabo Frio, ano 2023, gênero “poema”. Recebeu o troféu “Destaque Cultural 2024” da ALACAF e o Certificado de Excelência Cultural 2024 da ALSPA. Possui obras em antologias lançadas na XV Bienal Internacional do Livro do Ceará e na Bienal do Livro Rio, ambas em 2025.
Instagram: @luciana_g_rugani Facebook: Luciana G. Rugani YouTube: @lucianarugani Tik Tok: @lucianagrugani
Aqui no meu ateliê, durante esse processo e a cada livro feito, venho percebendo como o trabalho artesanal e a minha escrita é uma existência essencialmente feminina.
Escrever é mais do que produzir palavras sobre o papel; é abrir o ventre das histórias e ser eu a ser fecundado por elas, como um parturiente a dar à luz a cada momento. Meu fazer literário é, portanto, essencialmente feminino ao se organizar em três movimentos distintos, mas sobrepostos a se completarem em um ciclo vital.
Para sempre, amanhã é mais um fruto desse tempo, onde esses movimentos serão não apenas revelados, mas mostrados em uma festa literária — a FLIM — na cidade de Teófilo Otoni/MG, organizada pelo Instituto In-Cena que, não por acaso, trará a temática do feminino. Falta pouco, apenas um mês para o lançamento desta que é uma obra de afetos, memórias e presenças…
Atenção!! A campanha de pré-venda com preço promocional está chegando ao fim. Estará aberta até o dia 17 de setembro/2025. Quem desejar adquirir, presentear e receber este livro autografado, ou durante o evento de lançamento ou em casa, é só acessar o link abaixo e preencher o formulário.
Uma das maiores dificuldades que percebo em um governo que, verdadeiramente, preocupa-se com o social e em fazer política pública, para tentar melhorar a justiça social no país, é a falta da comunicação com a base da pirâmide (maioria do povo).
Os ricos são donos das redes sociais (google, facebook, instagram, twitter e outras), os ricos são os detentores da mídia (jornais, tv´s e rádios) e, assim, acabam tendo controle do Congresso Nacional que prioriza suas pautas em detrimento dos projetos que buscam corrigir a injustiça social.
As redes sociais foram pensadas e construídas para defender os ricos que comandam o mundo político e financeiro.
A base da pirâmide não entende como funcionam as ferramentas utilizadas nas redes sociais que direcionam até mesmo pessoas mais informadas rumo aos seus argumentos em defesa dos ricos. Assim também acontece nos rádios, jornais e tv´s que deixam reportagens pela metade que induzem o pensamento de quem está assistindo para defenderem os ricos.
Neste nosso mundão, não existe nada de inocente em nenhum destes canais. Qualquer postagem e reportagem tem algo por trás para induzir e direcionar um argumento que justifique e defenda um rico.
Hoje mesmo, vi no ICL Notícias uma matéria sobre a reunião dos ricos na casa de João Dória, com Henrique Meireles e outros 46 empresários ricos que fazem de tudo para continuarem ricos. Fico imaginando a seguinte cena: eles reunidos para continuarem a sugar os pobres e os pobres trabalhando e assistindo a si mesmos sendo roubados cotidianamente, e ainda aplaudindo os ricos.
Se o pobre pensasse bem, não votaria em um rico que pode até prometer fazer algo, mas, em relação a justiça social, ele jamais irá se bancar.
A meu ver, no planeta não deveria existir bilionários, pois esses são frutos desse sistema desigual e falido chamado de capitalismo. Que o governo procure ao menos acabar com um pouco da injustiça social, cobrando tributos na mesma proporção para pobres e ricos.
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Hairon Herbert de Freitas é apreciador de arte: poética, musical e desenhos abstratos. É membro da Academia de Letras e Artes de Cabo Frio – ALACAF e da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA. Participou de projetos, antologias, varais poéticos e saraus, entre eles: Projeto Poesia na Escola, do professor Gilberto Martins, de Brodowski (SP); antologias “A Aldeia de Pedro”, em São Pedro da Aldeia; antologias “Flores Literárias” em Cabo Frio; antologias, varais poéticos e saraus da ALACAF e da ALSPA. Recebeu o “Prêmio Cultural Caiçara”, concedido pela ALACAF e pela ALSPA, e o Título de Doutor Honoris Causa em Artes e Literatura, concedido pela ALSPA. É colaborador da Árvore das Letras.
Na infância é comum as crianças terem os seus heróis preferidos, como Batman, Super Homem, Mulher Maravilha e tantos outros, todos eles com super poderes. Mas e quando o herói escolhido não voa, não usa capa, não usa máscara, não manda raios e nem sequer é valente?
Essa é uma das histórias contadas no livro “Para sempre, amanhã”, que hoje eu trago aqui pela narração de um grande amigo: o escritor e contador de histórias Pierre André.
Essa história já está aqui no blog, mas não assim narrada. Inclusive, ela é a primeira a fazer parte do audiobook “Para sempre, amanhã” que está sendo preparado…
O século XXI caminha a passos largos, em seu bojo as tecnologias vão cada vez mais se aprimorando. A era da informação dos multimeios é a realidade que leva as pessoas a procurarem se informar a seu respeito. Por mais incrível que pareça, nunca tivemos uma situação tão caótica na comunicação interpessoal.
O que se falava “face a face”, hoje se clica na Internet, sem o famoso “olho no olho”, uma verdadeira simulação de sentimentos, ocultando a verdade que hoje é quimera dos “sentimentalóides” (aqueles que prezam a ética e a boa convivência).
Os relacionamentos vão de mal a pior entre homem e mulher, silêncio doloroso e persistente entre pais e filhos, clima pesado entre alunos e professores. Todos nós desastrados, ora tolhidos, ora dissimulados e, na maior parte do tempo, mentindo uns aos outros. Estamos assistindo impassíveis à agonia da verdade, deixando a falsidade campear livre, fazendo vitimas entre os inocentes e ingênuos. A civilização pós-moderna se firma cada vez mais no egoísmo, na vaidade numa total indiferença: tudo para mim, para a satisfação do meu ego e o próximo que se dane!
O ser humano é incapaz de manter uma relação de amizade verdadeira. Em compensação a maior relação se dá em sua tela de computador, seu ciclo social resume-se no Facebook, Instagran, WhatsApp, etc. As fofocas, o exibicionismo, a falta de privacidade, as imaturidades virtuais vilipendiam o tempo e as verdadeiras emoções do encontro face a face. A verdade, onde se encontra? Nesse mundo de faz de conta está cada vez mais marcada a dependência psicológica e afetiva, de ciúmes desvairados, de insegurança e traições virtuais, de promiscuidade e baladas regadas a bebidas, sexo, tirando a sanidade mental de Todos. Nunca fomos tão frágeis, carentes e inseguros. A angústia é o marco das nossas relações inter e intrapessoais.
Cadê o olho no olho e a sabedoria de dizer: “errei”, “não quero”, “não posso”, “não sei”, “me perdoe”? Quanto mais roupas de grife, tatuagens, corpo sarado, imagem narcísica, maior a baixa autoestima, menos a paz de espírito, maior a nossa fragilidade. A espontaneidade faz parte de um passado, a nossa sociedade nos imputa uma “respeitabilidade” falsa, nos adestra como animais de circo para falar o que não pensamos, expressar o que não sentimos e fazermos o que não desejamos.
Vivemos em contraposição, uma era conflituosa nas nossas relações matrimoniais, na criação e no cuidado dos nossos filhos, nas escolas, no trabalho e entre as demais nações.
Dia virá em que as pessoas buscarão de fato a capacidade de descomplicar os atos que as impedem de pensar, amar, sentir e agir, tendo a aptidão de na maior parte do tempo, falarem o que pensam, expressarem o que sentem e de fazerem o que desejam, resgatando desta forma a busca da verdade.
O sonho de um tempo em que a energia do pensamento seja transmissível, nos tornando mais honestos, habita o recôndito do nosso ser nos impulsionando a viver em paz, sem dissimulações, simplificando a nossa vida e as nossas relações de fato.
Você já pensou nisso? Se não…
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Elisa Augusta de Andrade Farina é escritora, presidente da Academia de Letras de Teófilo Otoni – ALTO, colaboradora e integrante da turma Manoel de Barros, da Árvore das Letras.