Por Leandro Bertoldo Silva
Hoje quero falar sobre uma das etapas mais importantes na confecção dos livros artesanais. Aliás, é um dos aspectos a diferenciá-los e torná-los tão especiais.
Uma das coisas essenciais na encadernação artesanal para a feitura de qualquer projeto é a escolha dos papéis. Não se trata apenas de uma mera casualidade ou escolha arbitrária, é antes uma questão de afetos. É preciso ter sentimento pelo papel. Ele deve comunicar algo em nossos corações e essa relação precisa ser recíproca, sem a qual as formas não acontecem.
Existe um verdadeiro diálogo entre o artífice e a matéria da sua criação. Pelo menos é assim que acontece comigo e meus livros costurados à mão. Nossa comunhão inicia na sutil leveza das sensações. Quando penso um livro o visualizo pronto e é possível sentir o seu toque, até mesmo o seu cheiro. Quase sempre ele existe primeiro do que o texto. É comum eu escrever já sabendo a morada das minhas palavras.
O papel é mais do que um simples suporte, é onde a história acontece. Junto dele, além do toque, está a textura, a cor a transmitir emoções muito além do conteúdo escrito.
Ter afeto pelo papel, valorizar o cuidado da sua manipulação é um gesto de carinho e respeito pelo livro, onde cultivamos uma conexão sensorial e emocional por quem o irá ler. O papel é, portanto, uma poesia silenciosa cheio de memórias.
Foi dessa forma que meu novo livro passou a existir. PARA SEMPRE, AMANHÃ é fruto desses afetos por dentro e por fora como numa espécie de fotografia, onde a materialidade do papel traz junto de si o retrato de nossas existências.
Tenho uma maneira muito particular de ver as coisas. Tudo para mim precisa fazer sentido, porque do contrário não funciona. Nada é exatamente aquilo que se mostra. Há algo maior em tudo. Se você pegar um livro e olhar para ele, verá a sua forma e nada mais. Mas, se pegar um livro artesanal e olhar atentamente sentirá, mesmo sem conhecer ainda a história ali contida, uma espécie de completude, uma emanação quase mágica. É algo sutil, mas possível de perceber. Nessa hora irá enxergar muito além de um objeto ou um caminho unilateral, mas um lugar de transcendência, uma conformidade entre autor, leitor e natureza.
Por isso gosto da artesania do livro, sem a qual me sentiria incompleto. Eu preciso “ser o livro”, sentindo-o à medida que escrevo. Assim, os papéis não são simplesmente escolhidos como não basta a uma capa ser simplesmente bonita; é preciso haver uma fusão de todos os elementos vivos, uma concepção afetuosa a originar não em mais um livro, mas algo com a potencialidade de um abraço.
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Amigos leitores e leitores, a campanha de pré-venda do livro PARA SEMPRE, AMANHÃ continua aberta. Ela irá até o dia do lançamento, 17 de setembro deste ano. Quem desejar receber o livro autografado com valor promocional no dia do evento na FLIM – Festa Literária Vale do Mucuri, em Teófilo Otoni ou mesmo em casa em qualquer cidade do Brasil, é só entrar neste link https://forms.gle/7F5WRyu7GttX7Tk28 e preencher o formulário.
Um forte abraço e até a próxima!
Leandro.
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