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Há mais de 2.500 anos, livros têm sido usados ao redor do mundo para diversos objetivos, desde religiosos, informativos, artísticos, entre outros. Códices maias, papiros egípcios, iluminuras de manuscritos medievais, as impressões de Gutenberg e Aldo Manúcio, cartografias, atlas das grandes navegações, cartilhas, livros para crianças, de cavalaria, de horas, são exemplos de um verdadeiro banquete e inspiração para a humanidade.
Por mais diversos os objetivos, uma coisa é certa: todos eles passaram pela encadernação, essa arte milenar a atravessar gerações. Não é exagero dizer, portanto, que a encadernação é uma das representatividades históricas mais importantes de que se tem notícia.
Não fosse ela, ainda hoje estaríamos a depender das pinturas rupestres feitas com ocre pelos aborígenes australianos ao representarem nas cavernas corvos e bisões.
A escrita como sistema de registro codificado, só aparece muito tempo depois, por volta do início do 4° milênio a.C., onde começam a ser desenvolvidas as estruturas por onde esses escritos tão ricamente ornamentados ganham morada e, consequentemente, preservação e, principalmente, mobilidade. Está aí uma imensa evolução! Duvida? Imagina carregar uma caverna no bolso…
Em cada época surgiram técnicas das mais simples às mais elaboradas. Encadernadores de várias partes do mundo contribuíram com suas criações que, ao longo dos anos, foram se desenvolvendo não apenas no critério documental, mas artístico. Alguém duvida que o Corão, o livro de Kells, os livros hebraicos são considerados verdadeiras obras de arte?
Em fins do século XVIII, o mercado de livros ganhou ainda mais notoriedade agora não com a hegemonia dos livros religiosos, mas também obras clássicas ao lado da ficção de entretenimento. Eram livros muito bem produzidos e de encadernações luxuosas. Todo esse conhecimento foi e ainda é migrado para a produção artesanal de cadernos e muitos são os artesãos que se empenharam e se empenham nessa arte. Cada corte, cada ponto, cada costura repassadas e criadas são histórias sendo contadas. As técnicas são tão variadas quanto a criatividade de quem as realiza.
O melhor da encadernação é quando começamos a fazer os nossos próprios projetos! Estes da ilustração são cadernos em que utilizei algumas técnicas juntas, como a costura francesa, porém aparente, com a abertura tipo Copta a partir da estrutura do Sewn Boards Binding, que é o início da encadernação capa presa. Tudo isso com a nossa tradicional arte da decoração com recortes e colagens.
O resultado é um caderno extremamente elegante, contemporâneo e atraente pelas suas cores e infinitas possibilidades de gramaturas, tipos de papel e combinações. Perfeitos para escrita de memórias, escrita terapia, receitas, poesias, Bullet Journal e muito, muito mais.
Eu como escritor independente sempre desejei que os livros, mais do que o valor literário, pudessem ser vistos, eles mesmos, como objetos de arte. Por isso, escolhi produzi-los e confeccioná-los. Daí para os cadernos foi apenas um passo a partir de fundamentos de uma arte que está longe de acabar, mesmo com o advento da tecnologia. Basta lembrar novamente do princípio, onde muitos dos documentos, iluminuras, livros históricos produzidos pelos escribas em séculos passados, até hoje só existem graças a maior “tecnologia” da existência humana: a escrita à mão.
Portanto, deixo a seguinte reflexão: mesmo que um caderno e um lápis custem um pouco mais de dez centavos, como sugeriu Bob Grinde em uma de suas célebres frases, vale a pena comprá-los e escrever ideias e histórias que valham milhões.
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Você certamente já ouviu muito falar dos benefícios da leitura, mas já parou para pensar nos benefícios da escrita?
Engana-se quem acha que escrever é tarefa só para escritores. Certo, eu sou escritor! Mas também utilizo a escrita de outras formas, com outros objetivos e não somente para escrever livros.
A escrita está ao alcance de todas as pessoas. Mais do que contar histórias, escrever pode ser também uma forma de autoconhecimento. Falar sem medo de ser julgado ou mal interpretado, expressar sentimentos de alegria e de apreciação e também colocar para fora as nossas dores e incômodos. Esses são apenas alguns dos benefícios a serem encontrados na escrita, principalmente à mão.
Quantas pessoas você conhece que dizem não saber por onde começar a escrever?… Quantas pessoas você conhece que acham que escrever é muito difícil?… Pois quero desmistificar esse lugar e mostrar outro ponto de vista muito mais acessível, leve e de benefício sem precedentes ao alcance das suas mãos.
(Eu vou apresentar aqui) Veja a seguir algumas dicas de como essa prática pode ser incorporada no seu dia a dia. (e tenho certeza que você vai gostar)
1 – ESCOLHA UM CADERNO PARA CHAMAR DE SEU
Sim! A ideia aqui é escrever usando papel e caneta. A escrita à mão cria uma conexão maior de você com você. Há nessa relação muito mais autenticidade e personalidade. Portanto, escolha um caderno para ser o seu aconchego, te inspirar o desejo da escrita e te fazer feliz. Aqui na Árvore das Letras temos centenas, isso mesmo, centenas de opções onde cada caderno é único, ou seja, nenhum é igual ao outro. A nossa intenção é conseguir fazer um caderno que Já no corte e na costura do papel aflore os melhores sentimentos. E as capas são verdadeiras obras de arte onde se mesclam natureza e poesia, tecidos e colagens de maneira a criar a harmonia necessária para encantar.
2) – ESCREVA LIVREMENTE SEM SE PREOCUPAR COM REGRAS
A proposta é escrever sem medo. Não se preocupe com erros de ortografia, em escrever “certo” ou bonito, nem mesmo se o texto tem coerência. Não julgue. No princípio pode até parecer uma grande bagunça, ideias completamente desconexas; não importa, esse é o caminho. Lembre: ninguém precisa ler o que irá escrever, este é um exercício só seu. E não se surpreenda se no meio de tantos “entulhos” frasais aparecerem verdadeiras pérolas, insights fantásticos a serem aproveitados no futuro. Mas, atenção! Não escreva com essa intenção. Caso aconteça, ótimo! Se não… Ótimo também. O mais importante é escrever, só escrever.
3 – CRIE EM UM AMBIENTE ACOLHEDOR
Acredite: o ambiente influencia e muito a nossa disposição para escrever. Estar de frente a uma janela diante de uma flor ou mesmo em uma rede faz muita diferença. Se for escrever em seu quarto, tudo bem. Cuide para ter perto de você coisas que te tragam acolhimento e conforto. Acenda um abajur perto de você, ele proporciona uma luz aconchegante. Experimente velas ou até mesmo incensos bem suaves, se gostar. Música instrumental ajuda a deixar o ambiente ainda mais propício. Faça tudo que puder te trazer acolhimento.
4 – BUSQUE UMA REGULARIDADE DE ESCRITA, MAS SEJA GENTIL
É importante lidar com a escrita de modo a não torná-la algo obrigatório. Onde entra a obrigação acaba o prazer. Mas manter uma regularidade é necessário para se criar o hábito. Melhor escrever todos os dias, mesmo pouquinho, a escrever muito só de vez em quando. Escreva uma, duas, três páginas… É muito? Escreva meia página, um parágrafo, não importa, o importante é estar em contato com as palavras.
5 – ENCONTRE O SEU TEMPO
Se você não tem o hábito de escrever, no início pode ser um pouco desafiador. Mas você deve procurar conhecê-lo e encontrar o tempo onde você se sinta melhor e possa se entregar a essa prática. Há quem goste de escrever de manhã logo ao acordar, mas há quem prefere a noite antes de dormir. Às vezes durante a tarde seja mais interessante. Só tem uma forma de saber: experimente. Com certeza o melhor tempo irá se mostrar para você. Como irá saber? Pelo coração.
Bem, essas foram apenas algumas dicas das inúmeras existentes. Poderia listar outras tantas. Algumas podem funcionar mais outras menos. Mas o mais importante é você buscar, criar, encontrar a sua forma. O importante é não se prender em regras. A vida é bálsamo de inspiração! Até os momentos não tão bons — sim, eles existem — são fontes de crescimento onde a escrita pode tornar tudo muito mais leve e agradável.
O SEGREDO É COMEÇAR!
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Bem, espero que essas dicas tenham sido úteis e que tenham inspirado você a iniciar essa prática e colocá-la como um hábito no seu dia a dia. Tenho certeza que isso trará, de fato, muitos benefícios para você.
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Quem me conhece sabe o quanto os livros e a leitura são importantes para mim. Eles fazem parte da minha existência, movem meu sistema nervoso, são sangue a correrem por minhas veias e artérias e até são responsáveis pelo meu batimento cardíaco.
Exagero?
Não! sem livros eu sinto sede, sem livros eu sinto fome. Fico, inclusive, sem almoçar, mas não fico sem ler. Seria eu um dependente literário? Se for, por favor, não me curem. Prefiro, neste mundo dos avessos e dos conteúdos rasos, estar doente dos olhos, não por deixar de enxergar, mas por enxergar demais através do meu pince-nez, linhas e entrelinhas a tecerem histórias.
Não saberia dizer quantos lugares eu já visitei, por quantos países, catedrais, até oceanos eu já naveguei. Estive entre trabalhadores do mar, entre o ciúme, a loucura e a obliquidade de personagens inseguros e corajosos, subi Bahia e desci Floresta tantas vezes a caminho de um encontro marcado. Quantos fidalgos, quantas vidas secas a revelarem crimes e castigos, mas também a me levarem entre a razão e a sensibilidade às ilusões de um bosque perdido.
Minha vida é estar entre os livros, ora no exercício da escrita e muitas vezes neste prazer arrebatador da leitura.
Ao contar dos meus 7 anos de idade, quando ganhei das mãos de minha mãe o meu primeiro livro – Cinderela, depois O caso da borboleta Atíria, A ilha perdida, Menino de engenho e tantos outros -, aos meus até então 52 anos de agora, já não saberia dizer quantas páginas passaram por meus olhos. Evitarei citar nomes de autores e autoras para não cometer injustiças de esquecimento, e nem também caberia aqui, mas foram umas boas centenas sem dúvida.
O melhor é que mesmo com tudo isso, muitas são as histórias ainda não conhecidas, algumas delas a descansarem por anos nas estantes à espera de leitura. É comum ao término de um livro eu dizer: “mas como foi possível você estar aqui há tanto tempo sem que eu o tivesse lido?”
Pois é, isso acontece. O motivo? Sempre tem um livro a ser lido — às vezes dois ou três ao mesmo tempo — e alguns ficam na espera gostosa do depois e do momento mais adequado.
Por isso, neste ano resolvi fazer uma experiência: desci alguns livros dos galhos da minha árvore-biblioteca para finalmente poder lê-los, um após o outro.
Chegou o momento! E aqui, sim, vou citá-los com seus criadores; afinal, me aguardaram pacientemente.
Fiz uma pilha com eles e cheguei até a sentir a vibração de suas páginas já folheadas e namoradas. Fiquei a pensar: o que me espera em Corda bamba, da Lygia Bojunga, presente da minha madrinha literária, da Academia de Letras de Teófilo Otoni, quando nos encontramos em uma barbearia cheia de livros, ao me apresentar ao proprietário, seu amigo? O que dizer de Claro enigma, do nosso poeta maior Carlos Drummond de Andrade, uma das minhas aquisições nascidas daquela vontade de sorver poesia? E a Poesia completa de Alberto Caeiro, um dos heterônimos de Fernando Pessoa, o meu poeta maior, e o meu grande preferido dentre eles, companheiro de memórias felizes, luzes e palco? O palhaço e o psicanalista, do Cláudio Thebas e Christian Dunker, certamente me alimentará e contribuirá muito para o meu trabalho de Biblioterapia. O Livro do Desassossego, também de Fernando Pessoa, mas através do ajudante de guarda-livros Bernardo Soares, o qual pode ser aberto aleatoriamente em qualquer página, mas que eu resolvi lê-lo do início ao fim para só depois retornar dessa forma apaixonante e algumas vezes já experimentada. Na lista também está O cão dos Baskervilles, de Sir Arthur Conan Doyle, com um clássico de Sherlock Holmes a demonstrar versatilidade de estilos. Múltipla escolha, da Lya Luft e Amor que faz o mundo girar, de Ary Quintella, representantes da nossa literatura contemporânea e histórica, as quais gosto muito. E O vermelho e o negro, de Stendhal, ao marcar a minha leitura preferida: a clássica.
Aí estão alguns dos meus livros para 2025. Há outros, alguns já lidos neste início de ano, como O corcunda de Notre Dame, do Victor Hugo, e De mãos dadas, de novo do Cláudio Thebas, porém com coautoria de Alexandre Coimbra Amaral, ao me conduzir literalmente pela mão no momento mais delicado da minha vida até aqui… Sim, livros são fontes salvadoras a nos darem colo também! Outros ainda estão nos galhos da Árvore à espera da descida. Mas para que melhor possam saber do que se tratam estes, transcreverei a sinopse de cada um deles para, quem sabe, ter a sua companhia na leitura. Caso isso aconteça ficarei feliz. Se não, também fico feliz em poder plantar uma semente no coração de quem se prontificar e germiná-la.
Vamos lá e ótima escolha.
CORDA BAMBA (LYGIA BOJUNGA)
Lygia Bojunga se aventura pelas veredas da imaginação infanto-juvenil e arma sobre o jovem e respeitável público a lona de seu circo de surpreses e encantamento, apresentando-lhe esta CORDA BAMBA, através da qual Maria, filha de equilibristas, e ela mesma artista de circo, resolve viajar para dentro de si mesma. Viver na corda bamba — é como o imaginário popular define a existência de quem tem que enfrentar desafios diários para sobreviver. Assim caminha Maria em busca de seu próprio equilíbrio, abrindo as portas do passado e recompondo-se dos dramas que marcaram sua infância circense.
CLARO ENIGMA (CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE)
“E como ficou chato ser moderno. / Agora serei eterno”, escreveu Drummond em um poema do livro Fazendeiro do ar, de 1954. Mas esse distanciamento da atitude poética modernista — com tudo que ela continha de euforia, rebeldia e otimismo — vinha de antes. Mais precisamente, deste Claro enigma, publicado em 1951, quando o autor se aproximava dos 50 anos de idade. Daí a obra ser considerada um marco de sua maturidade filosófica e poética. Os recursos da poesia moderna passam a conviver com formas fixas, entre elas os sonetos, e com esquemas de rimas e metros clássicos na língua portuguesa, como a redondilha, o decassílabo e o alexandrino. O tom jocoso, muitas vezes presente nos livros anteriores, se trona aqui predominantemente grave e elevado. Como a contradição dos termos no título do livro já sugere, Drummond não buscava um simples retorno à ordem. Um sentido de incompletude, de insolvência, presente em vários poemas, corrói qualquer ilusão de estabilidade. Claro enigma demonstra, acima de tudo, qual a naturalidade, longe de representar um ponto de vista fixo e seguro, recoloca em outro patamar as inquietações e angústias da juventude.
POESIA COMPLETA DE ALBERTO CAEIRO (FERNANDO PESSOA)
Alberto Caeiro configura uma verdadeira revolução na trajetória de Fernando Pessoa. O heterônimo, que surgiu em março de 1914, quando Pessoa tinha 25 anos, se consagrou pelo estilo singular e bucólico, capaz de aliar pelos aparentemente opostos como simplicidade e profundidade. Em versos que surpreendem pela clareza, Caeiro nos conduz por um universo composto de pedras, árvores, flores e montanhas, e defende que as sensações provocadas pelo contato com a natureza são indiscutivelmente superiores ao pensamento lógico e racional.
O PALHAÇO E O PSICANALISTA (CLÁUDIO THEBAS E CHRISTIAN DUNKER)
Se de médico e louco todo mundo tem um pouco, de psicanalista e palhaço todo mundo tem um pedaço. Christian Dunker e Cláudio Thebas abordam neste livro, com bom humor e profundidade, um tema comum para ambos os ofícios: como escutar os outros? Como escutar a si mesmo? E como a escuta pode transformar pessoas? Mesclando experiências, testemunhos, casos e reflexões filosóficas, os autores compartilham o que aprenderam sobre A ARTE DA ESCUTA, um tema tão urgente no mundo atual, onde ninguém mais se escuta.
LIVRO DO DESASSOSSEGO (FERNANDO PESSOA)
O narrador principal das centenas de fragmentos que compõe este livro é o “semi-heterônimo” Bernardo Soares. Ajudante de guarda-livros em Lisboa, ele escreve sem encadeamento narrativo claro e sem uma noção de tempo definida. Os temas não deixam de ser adequados a um diário íntimo: a elucidação de estados psíquicos, a descriação das coisas através dos efeitos que elas exercem sobre a mente, reflexões sobre a paixão, a moral, o conhecimento. Nesta nova edição, o pesquisador Richard Zenith estabelece nova ordem, acrescenta trechos recentemente descobertos e descarta outros que só depois da digitalização do acervo do autor puderam ser corretamente compreendidos — a caligrafia difícil dava margem a inúmeros equívocos. “O que temos aqui não é um livro, mas sua subversão e negação”, escreveu Zenith na introdução. Livro fundamental para a compreensão da extensa influência de Pessoa na criação da noção contemporânea de indivíduo, suas páginas revelam o gênio de um autor no seu auge.
O CÃO DOS BASKERVILLES (SIR ARTHUR CONAN DOYLE)
Entre as aventuras de Sherlock Holmes, poucas atingiram o nível de popularidade de O cão dos Baskervilles, várias vezes filmado. Mais que uma história de detetive, é uma profunda incursão no terror — e assim tem sido encarada pelos inúmeros leitores, que releem incansavelmente estas páginas magistralmente elaboradas. Neste romance, além da perfeita caracterização dos personagens e de sua psicologia, Sir. Arthur Conan Doyle preocupou-se em criar toda uma atmosfera de pavor e mistério. O cão gigantesco, que parece saído do próprio inferno para executar a maldição dos Baskervilles, é uma criação verdadeiramente inesquecível. Por as vez, Sherlock Holmes tem de lançar mão de toda a sua capacidade de raciocínio e dedução para encontrar a solução do enigma. A velha mansão, a paisagem lúgubre e desolada, o perigoso pântano, tudo contribui para situar o jovem herdeiro dos Baskervilles num ambiente de pesadelo. Ao apaixonar-se pela irmã do naturalista Stapleton, está ele, sem saber, envolvendo-se ainda mais numa trama sinistra. Do pântano chegam os uivos do cão, que, à noite, ronda ameaçadoramente a casa, cercado de uma luz sobrenatural. A qualquer momento, o último dos Baskervilles sucumbirá ao peso da maldição, enquanto Sherlock Holmes, que deveria salvá-lo, estranhamente não dá sinal de presença. O cão dos Baskervilles é leitura imprescindível para os iniciados no gênero.
MÚLTIPLA ESCOLA (LYA LUFT)
A vida é um cenário com um palco e com muitas portas, e diversas maneiras de encarar esse jogo: como um trajeto, um naufrágio, um poço, uma montanha. Somos, em parte, resultado das nossas próprias decisões. Em Múltipla escolha, Lya Luft pondera sobre alguns mitos enganosos da nossa cultura, que, embora criados por nós, dificultam nossa tarefa existencial. Os homens desde sempre criaram mitos para explicar o que não poderiam entender: nascimento e morte; nossos impulsos mais sombrios; o desejo de eternidade. No entanto, Lya Luft mostra que muitos desses mitos fundadores se modificaram na nossa sociedade moderna e faz neste ensaio uma profunda reflexão sobre o que ela chama de “nossos enganos”, os mitos modernos criados para abafar a angústia e disfarçar a futilidade do nosso dia a dia. Um exemplo disso é a suposta liberdade que alcançamos. Longe de uma sociedade livre, somos, nessa nossa cultura impositiva tão cheia de obrigações, prisioneiros padecendo do que a autora chama de síndrome do “ter de”. Da busca pela eterna juventude à ética na política, passando pelas transformações de família, Lya Luft mostra quanto estamos enredados em práticas opressoras e que é importante assumir as rédeas de nossa vida e o caminho da nossa sociedade e cultura.
AMOR QUE FAZ O MUNDO GIRAR (ARY QUINTELLA)
Cento e cinquenta anos se passaram desde que Anita Garibaldi se tronou heroína de dois mundos. O tempo, longe de apagar sua memória, se encarrega de engrandecê-la. Neste texto forte de Ary Quintella, a filha do tropeiro da pequena Laguna vai crescendo como se fosse uma bola de neve capaz de encher, com sua vida, uma das mais belas páginas da história. Amor e guerra ocupando o mesmo espaço e o mesmo tempo, eis a curta e eterna trajetória de Anita Garibaldi.
O VERMELHO E O NEGRO (STENDHAL)
Publicado em 1830, O Vermelho e o Negro é apontado como um dos pioneiros do realismo mundial. Nesta obra-prima, Stendhal nos apresenta Julien Sorel, um humilde carpinteiro cheio de ambições, entre as quais integrar o Exército de Napoleão. Seu sonho, no entanto, cai por terra junto com o império napoleônico. A partir daí, sua luta pela ascensão é impulsionada por um misto de engenhosidade, carisma e hipocrisia, o que de fato faz com que Sorel passe a viver com a burguesia e a aristocracia. Nesse novo mundo, sua vida se transforma em uma torrente impelida pelo amor, pela traição e pelo espírito de vingança.
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Bem, aí estão alguns dos livros a serem lidos por mim neste ano. Espero que eu tenha contribuído um pouco para o seu interesse e que eles os incentivem também à leitura. Escreva nos comentários se já leu algum deles e o que achou. Se quiser, indique outros de sua escolha e vamos ampliando essa grande paixão pelos livros e seus autores e autoras.
Só tem! Biblioterapia é uma forma de cuidar das emoções por meio das histórias literárias. Uma das maneiras de potencializar esse encontro em nós é a prática da dinamização. Um excelente recurso para isso é a escrita à mão, tamanha sua capacidade de libertação dos sentimentos. E é aí que entra a encadernação. Escolher um caderno que combine com você, que tenha a sua personalidade ajuda muito nesse processo.
Vamos explicar melhor!
Um dos componentes biblioterapêuticos existentes é a catarse. Trata-se de uma reação inconsciente do indivíduo considerada uma espécie de limpeza profunda seguida de um estado de leveza que gera um sentimento de alívio.
É possível alcançar esse estado de catarse ao entrarmos em contato com uma poesia, um conto, uma crônica. É por esse motivo, inclusive, que muitas histórias nos fazem chorar, rir e, a partir delas, nos identificamos com personagens, sensações e situações vividas.
Mas não fica por aí…
Para tudo isso acontecer de forma ainda mais profunda, é salutar exteriorizar essas percepções. É onde a escrita exerce profundamente o seu papel transformador, porque, além de movimentar áreas do cérebro e estimular a criatividade, escrever à mão é também uma forma de demonstrar carinho e guardar lembranças. Essa prática tem muito a dizer sobre o que somos e como enxergamos o mundo, a partir do momento que a nossa caligrafia reflete não apenas a nossa personalidade, como nossa trajetória e até mesmo aquilo que sentimos.
Dito isso, você bem pode escrever em qualquer lugar, até mesmo em guardanapos… Mas eu garanto que a experiência será completamente outra se você escrever em um caderno especialmente reservado para isso. Duvida? Experimente beber o melhor dos vinhos em um copo de plástico… É exatamente essa a correlação.
Se essa sintonia entre o escrever à mão e o caderno se faz presente, imagina escrever em um caderno feito por você! Na nossa vivência de Biblioterapia e Arte, na Tenda Literária, na Árvore das Letras, você pode confeccionar o seu próprio, dando ainda mais sentido a sua escrita. Separar os papéis, as cores das linhas para combinar, furar, costurar e decorar torna-se um complemento das descobertas vividas nas histórias lidas e nos momentos de fala e escuta afetuosa.
Neste mês de fevereiro estaremos a promover mais um encontro presencial de Biblioterapia e Arte, onde associaremos a leitura, a importância da palavra e do que verbalizamos, a escrita e a confecção de um caderno artesanal onde você poderá expressar toda a sua individualidade e compartilhar esse momento com outras pessoas.
Caso você não more em Padre Paraíso, mas gostaria de apoiar o projeto Biblioterapia e Arte na Tenda, entre em contato.
Você também pode clicar AQUI e ter mais informações.