
Por Leandro Bertoldo Silva
Você já ouviu falar dos livros de horas?
Provavelmente, deve pensar: é um livro para saber as horas, certo?
Bem, digamos que, de uma certa forma, sim. Mas “há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe sua vã filosofia”, já dizia Horácio, em Hamlet, uma das mais famosas peças de Shakespeare.
Pois estava, ou melhor, estou eu lendo não Hamlet, mas O corcunda de Notre Dame, mais precisamente Notre Dame de Paris, para mim um título muito mais elegante e apropriado da célebre obra de Victor Hugo, outro monstro da literatura universal, que nada ou pouco tem a ver com as adaptações romanceada da Disney, quando me deparo com o termo “livros de horas”.
Se você já achou interessante, aproveite para enviar este artigo para um amigo ou amiga que, às vezes, como eu e você, também gosta de informações históricas, principalmente porque no final, como se verá, acrescentarei uma espécie de “livro de horas literário” em infográfico, uma vez que estamos no início de 2025 e não queremos perder nada do que vem por aí, não é mesmo?
Mas… Como assim? Livro de horas literário em infográfico?! Vamos por parte!
Que eu amo ler não resta dúvidas, mas também sou um implacável curioso quando o assunto diz respeito a livros e suas histórias e, assim, lá fui eu em busca do termo lançado aos meus olhos.
Como o assunto também diz respeito ao meu ofício da encadernação, transcrevo aqui o resultado da minha pesquisa, na esperança de que possa ser-lhe útil. Se aumentar ao menos um pouco a cultura de quem ler, já me dou por satisfeito.
Então, vamos lá!
O livro de horas foi uma forma popular de livro de orações para leigos na Idade Média tardia e na Renascença. Ele indicava as preces e devoções adequadas a momentos específicos do dia e às estações do ano. Um livro de horas podia ser encomendado por um patrono rico para se adequar ao seu gosto e práticas religiosas. Com frequência, eram personalizados com ricas iluminuras. Eram objetos de luxo, portáteis e geralmente escritos com caracteres latinos ou góticos, exemplificando a crescente produção de livros para leitores leigos instruídos. Os livros de horas sugeriam um envolvimento privado e individual com o texto.
Um exemplo espetacular e magnificamente ilustrado foi “Les três riches heures du duc de Berry”, produzido no século XV para João, duque de Berry (1340-1416), irmão do rei Carlos V da França, entusiasmado bibliófilo e patrono das artes. Os irmãos Limbourg, flamengos, começaram a iluminar o livro em 1411, mas o trabalho levou anos e, quando da morte do duque, em 1416, ainda estava incompleto. O trabalhou prosseguiu na década de 1440 com o artista flamengo Barthélemy d’Eick (c. 1420-após 1470), e foi completado sob o patronato de Carlos, duque de Savoia (1468-1490), por volta de 1485.
As miniaturas do livro combinam cenas pitorescas da vida da corte e imagens sagradas. No estilo gótico franco-flamengo do período, retratam roupas da moda, os passatempos dos cortesãos e o trabalho dos camponeses em vários momentos do ano agrícola. Os irmãos Limbourg usaram vários pigmentos. Extraiam o verde da malaquita húngara, o azul do lápis-lazúli moído do Oriente Médio, e o vermelho de uma combinação de enxofre e mercúrio. O texto latino, produzido em formato grande, foi colocado em duas colunas e escrito em letras góticas negras, com iniciais e finais de linha decorados. O livro continha um calendário com dias de santos e de celebração religiosas, trechos dos evangelhos, preces, salmos, litanias e uma série de missas para os dias sagrados.
Depois da morte de Carlos de Savoia, o livro desapareceu, mas ressurgiu no século XIX, depois de ter sido encadernado em couro vermelho pela família Spinola, de Gênova, durante o século XVIII. Em 1856 foi comprado pelo duque de Aumale, filho do rei Luís Felipe da França, e, desde então, é mantido no Château de Chantilly, perto de Paris.
(Fonte: Livro uma história viva – Martyn Lyons).
Bem, aí está um pouco da história do livro de horas. Como dito, entre aspectos religiosos, o livro continha datas importantes que eram seguidas pela população daquele século.
Pensando nisso, já que estamos no início do ano, deixo aqui não um livro, mas um infográfico com algumas datas, porém literárias, que fazem a alegria de todos nós leitores.
Espero que essas datas sejam muito comemoradas por você. Eu, certamente, irei!
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Um forte abraço, feliz 2025 e até a próxima!
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