O FUTURO INCERTO

Por António Alexandre*

Levanto-me cedo para ganhar o pão de cada dia.
Percorro quilómetros vendendo produtos em ruas de Luanda.

De rua em rua vendo:
Sacos, água fresca, cigarros, laranja, tomate, vendo tudo.

Na chuva, em sol aberto e ardente vendo.
Vendo para sobreviver.

Já fui chamado “futuro do amanhã”, porém hoje vendo a minha idade.

Vendo para pagar a escola dos meus irmãos, a saúde dos meus pais.

Parti o lápis muito cedo.
E desde cedo vendo os adultos sem juízo comendo tudo.
Comendo até o caroço, comem até o dinheiro do povo.

Percorro descalço vendendo nas ruas de Luanda e vendo os adultos vendendo o país.
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António Alexandre é angolano, colaborador e integrante da turma Paulina Chiziane da Vivência Novos Autores, da Árvore das Letras.

Quarta Literária é uma ação da árvore das Letras de fomento à literatura independente.

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