Certa vez, estive a pensar na vida e nas suas suscetibilidades. Imaginei-a como um romance repleto de suspense, até que se vire a página. Cada dia é uma página nova e diferente com surpresas despropositadas…
Nunca se sabe o que virá até que você se surpreende com a realidade que salta aos seus olhos. Cada manhã na virada da página é o prazer de sentir-se dono de sua história. Você pode registrar alguma coisa maravilhosa ou não, depende do seu posicionamento frente aos empecilhos que terão de ser enfrentados ou contornados. Somos seres incompletos, estamos em constante evolução. Nascemos indivíduos, mas a meta é alcançarmos a condição de pessoas. A travessia não é fácil. É preciso maturidade e desprendimento para abrir mão de muitas coisas, pessoas e até mesmo de sonhos. Ser o que somos demanda cuidado, já não é possível ser somente na solidão; necessitamos do encontro, pois a vida é feita desses embates…
Cabe a nós acreditarmos no valor da nossa potencialidade de desconsiderar pessoas que nos esmagam, que nos viciam e dos que pensam por nós, que nos roubam a nossa alegria e autonomia, fazendo-nos prisioneiros de nós mesmos.
Devemos abrir as gaiolas que nos aprisionam e ganharmos os céus, num voo que nos leve aonde quisermos chegar.
Como toda “Maria”, batalhamos, temos forças e ainda fé na vida, mesmo que a dureza da existência queira nos tirar o direito de amar e sonhar.
Temos que perpassar todos os valores capazes de nos tornar pessoas melhores a cada virada de página do livro da vida. Só assim teremos a certeza de que alguma coisa maravilhosa pode acontecer em cada amanhecer da nossa existência.
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Elisa Augusta de Andrade Farina é escritora, presidente da Academia de Letras de Teófilo Otoni e integrante da turma Manoel de Barros da Vivência Novos autores.
A Quarta Literária é uma ação da árvore das Letras de fomento à literatura independente.
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Sempre gostei de histórias. Os primeiros livros que li foram os clássicos “Cinderela” e o “Caso da Borboleta Atíria”, da antiga coleção vaga-lume. Hoje as coleções são mais modernas, melhoradas... Mas aqueles livros transformaram a minha vida. Lia-os de cima de um pé de ameixa, na casa de minha avó, e lá passava a maior parte do meu tempo sempre na companhia de outros livros que, com o tempo, foram ficando mais “robustos”. A partir de José Lins do Rego e seu “Menino de Engenho” fui descobrindo Graciliano Ramos, Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Clarice Lispector, Fernando Pessoa, Henriqueta Lisboa, Fernando Sabino, Murilo Rubião... Ainda hoje continuo descobrindo escritores, muitos se tornando amigos, outros pelas páginas de seus livros, como Mia Couto, Ondjaki, Agualusa. Porém, já naquela época sabia o que queria ser. Não tinha uma formulação clara, mas sabia que queria fazer parte do mundo das histórias, dos poemas, dos romances e das crônicas, pois aquilo tudo me encantava, me tirava o chão, fazia a minha imaginação voar. Hoje sou um homem feliz; casado, eterno apaixonado e pai da Yasmin. As duas, ela e a mãe, minhas melhores histórias... Mas também sou formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC/MG, com habilitação em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, sou Membro Correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni/MG, título que muito me responsabiliza e sou um homem das palavras. Mas essas palavras tiveram um começo... O meu encanto por elas fez com que eu começasse a escrever, inicialmente para mim mesmo, mas o tempo foi passando e pessoas começaram a ler o que eu produzia. Até que a revista AMAE EDUCANDO me encomendou um conto infanto-juvenil, e tal foi minha surpresa que o conto agradou! Foi publicado e correu o Brasil, como outros que vieram depois deste. Mais contos vieram e outros textos, como uma peça de teatro encenada no SESC/MG, poemas, artigos até que finalizei meu primeiro romance - Janelas da Alma - em fase de edição e encontrei uma grande paixão: os Haicais! Embora venho colecionando "histórias", como todo homem que caminha por esta vida, prefiro deixar que as palavras falem por mim, pois escrever para mim é mais do que um ofício que nos mantém no mundo. Escrever me coloca além dele... E é por isso que a minha vida, como a de um livro, vai se escrevendo – páginas ao vento, palavras ao ar.
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