
Por Elisa Augusta de Andrade Farina*
Ah! O amor!… O amor é um dos grandes temas para filmes, novelas, teatros e propagandas. Onde está o amor verdadeiro? Como definir o amor? Como saber amar?
Guimarães Rosa disse que “o amor é passo de contemplação “. Decidi embrenhar-me no filosofar para conhecer a plenitude do viver e do amor. Busco dar sentido e ver sentido nas coisas, nas palavras, nas pessoas, poetizar…
Sou um ser despreparado com relação ao amor; quando ele entrou em minha vida não fui avisada, não pediu-me licença, pegou-me desprevenida. Fez questão de chegar de mansinho para não ser notado. Apaixonei-me pela vida, pelas pessoas, pelas flores e os pássaros em seus voos livres e felizes. Sonhei… Fiz dos sonhos poesia. O amor estava em toda parte, saciava minha fome. Estava em tudo e ao mesmo tempo no nada, busquei as estrelas mais brilhantes para povoarem o meu céu de amor.
Das asas da liberdade fiz um trampolim para alcançar o inalcançável. Vi no amor a possibilidade de me conservar viva e atuante.
Quando observo as pessoas na sua luta diária, pergunto-me se sabem o sentido do amor, do existir, da importância de amar e saber ser amado.
O amor que está estampado aos quatro ventos é um amor raso, imediatista, sem profundidade, egoísta e impregnado de falsas ilusões. O verdadeiro amor reside no âmago da alma, no cerne do ser, pronto para encontrar ressonância em outra alma. Não adianta ter o amor, se não tiver a quem amar. O amor é troca, é busca, é renúncia. Necessita-se do outro com todas as suas especificidades e defeitos para que haja a comunhão. Não estou falando do amor carnal, este já se banalizou, falo do amor ágape. O amor que sentimos pelo nosso próximo, um amor generoso, sem limites, puro, livre de amarras. Para amar dessa maneira é necessário abandonar os adornos, esquecer-se de seu ego que necessita de atenção e aplausos.
Coisificamos o homem através do consumismo exacerbado. Para libertar -se dessa teia avassaladora é necessário fazer o caminho inverso do que trilhamos. Precisamos ir além do que os nossos olhos veem, a capacidade de ver além do que possamos captar através dos sentidos. É preciso penetrar o recôndito do nosso coração e escutar a linguagem dos sentimentos, encontrar a simplicidade, amar como o Criador nos ama e cuida. O amor é ação. É movimento. É (re)encontro. O amor dá significado às relações e nos torna mais dóceis, mais comprometidos com o outro. Deixa-nos mais sensibilizados e preparados para enfrentar a dor e as mazelas que surgem em nossas vidas.
Não temos tempo para o cultivo de uma vida interior. É mais fácil a superficialidade. Não experienciamos as realidades que nos levam a uma transcendência para poder acessar cada vez mais a nossa verdade pessoal, possibilitando a posse de nós mesmos, favorecendo relacionamentos mais saudáveis.
Só quando conseguimos enxergar o outro como possibilidade de complemento, seremos capazes de amar. Aí sim, seremos como a fragrância de um perfume que exala e deixa o seu cheiro modificando nossa jornada chamada vida!
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* Elisa Augusta de Andrade Farina nasceu e cresceu na cidade de Teófilo Otoni. Morou em Belo Horizonte, onde graduou-se em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, constituindo família. Após 30 anos retornou com sua família à cidade Natal, onde tornou-se integrante da Academia de Letras e concretizou o seu sonho de escritora lançando seu primeiro livro: Antes de tudo, mulher. Após novas publicações, Elisa hoje é presidente da Academia de Letras de Teófilo Otoni – ALTO, exercendo um trabalho de fundamental importância para difusão da literatura nos Vales do Mucuri e Jequitinhonha, em Minas Gerais e no mundo.
Elisa é integrante da Vivência Novos Autores da Árvore das Letras, um encontro on-line semanal de leitura e produção literária. Você também pode participar. Saiba mais AQUI.
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O amor é algo que a gente conquista, constrói,cuida e sente e ao contrário da paixão que dá e passa,ele fica para vida toda
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Linda reflexão, Ric. E concordo plenamente com você 🙂
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Elisa, lindo texto. É tão necessário nos dias de hoje que falemos e vivamos esse amor ágape, incondicional. Parabéns pela sensibilidade.
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Um texto muito rico, uma temática transversal,” AMOR”.
É um texto que deixa os leitores felizes e tristes ao mesmo tempo.
Parabéns ,Elisa!
Todos precisamos de amor para dar e para receber.
Amor também é sofrimento!
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É isso aí, Elisa! Parabéns pelo belo texto! Grande abraço.
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Que texto tocante! Uma reflexão em torno de uma qualidade cada vez mais rara,as pessoas tornaram-se mais egocêntricas,esqueceram-se do amor ao próximo. Parabéns Elisa!
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Muito bom!
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