Por Kaká Bertoldo*
— Olá, boa tarde! Poderia me informar que horas são?
— Boa tarde! Você quer enformar qual pão?
— Não, não…quero saber o horário de agora!
— Ah, claro! São 16h. – respondeu o padeiro.
— Nossa, então preciso me apressar!
— Que coincidência! Eu estava indo agora mesmo apreçar, você vai comigo?
— Vou aonde? – perguntou.
— Apreçar os pães, uai! Logo os clientes chegam aqui.
Sem entender nada, resolveu ir embora.
— Olha, obrigado! Já vou indo, meu caminho é bem comprido.
— Ah, eu também estou cumprindo direitinho minha função! Recebo muitos elogios, todos os dias.
— Seus pães são ótimos mesmo, Sr. Padeiro, uma pena essa inflação, estão cada dia mais caros….
— O que foi que você disse? – o interrompeu o padeiro. – Eu não cometo infração nenhuma aqui não! Sou muito cuidadoso com o meu trabalho.
— Calma, não fique bravo não, afinal isso é eminente!
— O que está iminente? Qual infração??
Respirando fundo, continuou a se explicar:
— Fique calmo Sr. Padeiro, sei bem de sua intenção, não se irrite!
— Bom, isso é bem verdade! É preciso muita intensão para fazer pães caseiros.
E cansado de toda aquela confusão, achou melhor se despedir e finalmente seguir seu caminho. Afinal, só havia entrado na padaria para perguntar as horas.
Antes de ir, achou correto se apresentar:
— Sr. Padeiro, meu nome é Sinônimo, qual é o seu?
— Eu me chamo Antônimo!
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* Kaká Bertoldo é integrante da Vivência Novos Autores, um encontro on-line semanal de literatura.
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Publicado por leandrobertoldo
Sempre gostei de histórias. Os primeiros livros que li foram os clássicos “Cinderela” e o “Caso da Borboleta Atíria”, da antiga coleção vaga-lume. Hoje as coleções são mais modernas, melhoradas... Mas aqueles livros transformaram a minha vida. Lia-os de cima de um pé de ameixa, na casa de minha avó, e lá passava a maior parte do meu tempo sempre na companhia de outros livros que, com o tempo, foram ficando mais “robustos”. A partir de José Lins do Rego e seu “Menino de Engenho” fui descobrindo Graciliano Ramos, Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Clarice Lispector, Fernando Pessoa, Henriqueta Lisboa, Fernando Sabino, Murilo Rubião... Ainda hoje continuo descobrindo escritores, muitos se tornando amigos, outros pelas páginas de seus livros, como Mia Couto, Ondjaki, Agualusa. Porém, já naquela época sabia o que queria ser. Não tinha uma formulação clara, mas sabia que queria fazer parte do mundo das histórias, dos poemas, dos romances e das crônicas, pois aquilo tudo me encantava, me tirava o chão, fazia a minha imaginação voar. Hoje sou um homem feliz; casado, eterno apaixonado e pai da Yasmin. As duas, ela e a mãe, minhas melhores histórias... Mas também sou formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC/MG, com habilitação em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, sou Membro Correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni/MG, título que muito me responsabiliza e sou um homem das palavras. Mas essas palavras tiveram um começo... O meu encanto por elas fez com que eu começasse a escrever, inicialmente para mim mesmo, mas o tempo foi passando e pessoas começaram a ler o que eu produzia. Até que a revista AMAE EDUCANDO me encomendou um conto infanto-juvenil, e tal foi minha surpresa que o conto agradou! Foi publicado e correu o Brasil, como outros que vieram depois deste. Mais contos vieram e outros textos, como uma peça de teatro encenada no SESC/MG, poemas, artigos até que finalizei meu primeiro romance - Janelas da Alma - em fase de edição e encontrei uma grande paixão: os Haicais! Embora venho colecionando "histórias", como todo homem que caminha por esta vida, prefiro deixar que as palavras falem por mim, pois escrever para mim é mais do que um ofício que nos mantém no mundo. Escrever me coloca além dele... E é por isso que a minha vida, como a de um livro, vai se escrevendo – páginas ao vento, palavras ao ar.
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Excelente o texto!
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Obrigado e fico feliz que tenha lido e gostado, meu amigo 🙂
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