O CHÃO DA MINHA TERRA

Por António Alexandre
(Angola)

A caminho, para Sequele musseque, vi-a cantar vitória.

Porém era uma vitória sem glória.

Numa manhã de ditadura

Vi cavalos e cavalaria em aventura.

.

A vitória era doce como o mel.

E por ser bom demais

Os abutres deram-lhe o fim

Tão doce tão curto e tão ruim.

.

A vitória era como a ereção do desejo

Tão doce, que vi o chão perdendo o fundo.

E os olhos também se foram embora para longe.

.

A vitória também era como o solo

Hoje pilhado e seminu ficou para os pés descalços.

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Cada um de nós têm as suas lembranças e afaga as suas memórias. O poeta António Alexandre nos traz as lembranças de um chão que pisou. Qual a memória do seu chão?

Forte abraço!

Até a próxima.


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3 comentários em “O CHÃO DA MINHA TERRA”

  1. Que interessante! Memória funda e profunda. É uma pena que há, entre a gente, aqueles que se dedicam única e exclusivamente na destruição de sonhos, projectos alheios. Um abraço, Dr Alexandre!

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