Por Leandro Bertoldo Silva
Para que consertar algo se é possível, rapidamente, substituir pelo novo? O futuro são homens-máquinas? O caminho que se está per(correndo) o leva para qual direção?
Esses e outros questionamentos são apontados pela escritora e psicóloga Fabiene Lemos em um texto que não se propõe agredir, mas, muito antes pelo contrário, acolher e afagar as nossas mais sinceras reflexões a respeito de nós mesmos ou, sem qualquer exagero, ao futuro da humanidade. “Perdoe-me pela minha ansiedade” já traz no próprio título esse que talvez seja, sim, o mal do século apontado por tantos estudiosos, cientistas, pesquisadores, profissionais de saúde e, por que não, escritores e atores das mais variadas manifestações artísticas: a ansiedade, essa angústia perturbadora que, segundo a autora, “foi se modificando com o tempo, juntamente, com o comportamento da sociedade e se transformando quase em um arquétipo”.
É exatamente assim que acontece. É natural nos sentirmos ansiosos, como bem diz Fabiene Lemos, ao nos submetermos a um teste ou nos prepararmos para um encontro. Porém, a vida do desejo mimético ou daquilo que nem sequer necessitamos, mas nos vemos compelidos a consumir porque a sociedade nos obriga, cria em nós a desordem que nos impele ao enigma das emoções.
E é aqui que passado, presente e futuro se confundem… É preciso lançar olhos carinhosos com absoluta sinceridade de nos reconhecermos nesse jogo de verdades e ilusões para que o monstro arquetípico não consuma o humano que nós somos.
É Com esse carinho, alinhado a uma escrita afetuosa, alcançável e profundamente talentosa de quem sabe tecer as palavras certas, no tom certo e no lugar certo, que Fabiene nos presenteia e nos proporciona a oportunidade do melhor encontro possível: o encontro com nós mesmos, no nosso tempo e no nosso lugar.
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Gostou dessa temática? Absolutamente atual e necessária, não é mesmo? A sociedade – e nós somos a sociedade – necessita, e muito, lançar olhos para essas questões. Por isso, convido para o lançamento desse livro que será essa semana em uma live com a autora. O horário e mais informações podem ser adquiridas no perfil https://www.instagram.com/psifabie/
Forte abraço!
Até a próxima.
Descubra mais sobre Por uma literatura de identidade própria - Escrever é costurar ideias com as mãos
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Publicado por leandrobertoldo
Sempre gostei de histórias. Os primeiros livros que li foram os clássicos “Cinderela” e o “Caso da Borboleta Atíria”, da antiga coleção vaga-lume. Hoje as coleções são mais modernas, melhoradas... Mas aqueles livros transformaram a minha vida. Lia-os de cima de um pé de ameixa, na casa de minha avó, e lá passava a maior parte do meu tempo sempre na companhia de outros livros que, com o tempo, foram ficando mais “robustos”. A partir de José Lins do Rego e seu “Menino de Engenho” fui descobrindo Graciliano Ramos, Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Clarice Lispector, Fernando Pessoa, Henriqueta Lisboa, Fernando Sabino, Murilo Rubião... Ainda hoje continuo descobrindo escritores, muitos se tornando amigos, outros pelas páginas de seus livros, como Mia Couto, Ondjaki, Agualusa. Porém, já naquela época sabia o que queria ser. Não tinha uma formulação clara, mas sabia que queria fazer parte do mundo das histórias, dos poemas, dos romances e das crônicas, pois aquilo tudo me encantava, me tirava o chão, fazia a minha imaginação voar. Hoje sou um homem feliz; casado, eterno apaixonado e pai da Yasmin. As duas, ela e a mãe, minhas melhores histórias... Mas também sou formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC/MG, com habilitação em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, sou Membro Correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni/MG, título que muito me responsabiliza e sou um homem das palavras. Mas essas palavras tiveram um começo... O meu encanto por elas fez com que eu começasse a escrever, inicialmente para mim mesmo, mas o tempo foi passando e pessoas começaram a ler o que eu produzia. Até que a revista AMAE EDUCANDO me encomendou um conto infanto-juvenil, e tal foi minha surpresa que o conto agradou! Foi publicado e correu o Brasil, como outros que vieram depois deste. Mais contos vieram e outros textos, como uma peça de teatro encenada no SESC/MG, poemas, artigos até que finalizei meu primeiro romance - Janelas da Alma - em fase de edição e encontrei uma grande paixão: os Haicais! Embora venho colecionando "histórias", como todo homem que caminha por esta vida, prefiro deixar que as palavras falem por mim, pois escrever para mim é mais do que um ofício que nos mantém no mundo. Escrever me coloca além dele... E é por isso que a minha vida, como a de um livro, vai se escrevendo – páginas ao vento, palavras ao ar.
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Leandro, é uma reflexão interessante que Fabiene Lemos trás em “perdoe-me pela minha ansiedade”, visto que actualmente fala-se muito das inteligências artificiais (AI), em virem substituir algumas actividades realizadas por nós humanos, o que de certa forma suscita algumas inquietações sobre nossa convivência com estas máquinas e a prevalência de algumas das nossas profissões, por isso estou espectante por esta live.
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Verdade, Emílio! Você tocou em um ponto extremamente importante que vem a lançar ainda mais reflexão a esse tema. Muito obrigado pelo comentário. O avisarei da live.
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A ansiedade é um mal desta época. Todos querem tudo ao mesmo tempo. O mundo muda a cada dia, a cada hora, a cada instante. Isso mexe com nossa cabeça e nos insufla a correr, cada vez mais. Vou ler esse livro. Gostei do tema. Obrigada e um abraço.
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Obrigado, Maria Francisca, pelo comentário. Sim, precisamos lançar nossos olhos para esse tema. A necessidade de desacelerarmos é urgente.
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Excelente texto da Fabiene, querido amigo Leandro! Como anda comum nos dias atuais ouvirmos a palavra ansiedade e a palavra depressão!! Um comum que não deveria ser comum!!! Sabemos bem que a raiz das duas estão no excesso de pensamentos de futuro e no excesso de pensamentos de passado. Ou seja, a humanidade não anda vivendo o momento presente e aí adoece! Muito bom abordar temáticas tão pertinentes em nossa sociedade. Parabéns aos dois! Um abraço..
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Obrigado, Valéria, pelo comentário tão assertivo. Vivemos mesmo esse instante nesse momento das nossas existências, e é preciso abrir o diálogo para isso. Gratidão!
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