ENCONTROS DE BIBLIOTERAPIA E ARTE

O QUE É BIBLIOTERAPIA?

Segundo a professora e especialista Clarice Caldin, Biblioterapia é o cuidado com o desenvolvimento do ser humano por meio das histórias literárias, sejam elas lidas, narradas ou dramatizadas.

Em sentido mais amplo, BIBLIO não diz respeito ao livro em si, mas ao conteúdo ficcional que ele representa como se fosse a “capsula” que contém o “medicamento” (as histórias), cujo princípio ativo são as metáforas que nos levam à reflexão. Já TERAPIA quer dizer cuidado com o outro, ou “a arte de cuidar do ser”.

LITERATURA COMO DESENVOLVIMENTO HUMANO

Segundo Cândido, 2011, p.176, literatura são todas as criações de toque poético, ficcional, ou dramático em todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de cultura, desde o que chamamos folclore, lenda, chiste, até as formas mais complexas e difíceis da produção escrita das grandes civilizações.

Portanto, usar a literatura como desenvolvimento humano através da Biblioterapia é enxergá-la como um lugar em que é possível viver e contemplar, através das histórias e personagens variadas, a plenitude da sua condição. Um lugar em que é possível transformar-se integralmente no outro, vivendo outros papéis e se identificando com situações que refletem as suas próprias experiências, auxiliando no processo de autodescoberta, aceitação e liberdade.

ARTE COMO PROCESSO TRANSFORMADOR

Apesar da Biblioterapia se servir predominantemente da literatura para se manifestar, há nela a correlação de outras artes, como a pintura, a música, a dança, a colagem, etc., mostrando que há entre todas essas expressões pontos intrínsecos e comuns em um mesmo espaço de manifestação.

Basta levarmos em conta que em cada conto lido, em cada poesia apreciada, seja pela leitura ou audição, em cada crônica ou lenda descoberta, há uma imagem que a traduz e uma musicalidade que melhor a representa.

Dito isso, é exatamente aqui que o processo da Biblioterapia atua, proporcionando aos participantes o contato com a literatura, retirando dela componentes que, a partir da inserção de outras artes, permite trabalhar as emoções, ativar a imaginação ou fazer uma reflexão.

A PRÁTICA

A realização de uma vivência de Biblioterapia passa por 5 aspectos:

• 1 – Os facilitadores: É oferecido um olhar afetuoso, um ouvido atento sem julgamentos ou qualquer preconceito e uma postura carinhosa.

• 2 – O texto com potencial terapêutico: A partir de uma temática proposta, os textos são escolhidos buscando sempre a presença da metáfora e da linguagem simbólica. A partir da leitura, busca-se elaborar perguntas para estimular a discussão e provocar a interação do grupo. Utilizamos muito em nossa abordagem textos da literatura infantil e juvenil para trabalhamos, inclusive, com adultos.

• 3 – O exercício da escuta amorosa e interação: Busca-se nesse momento escutar não apenas com os ouvidos, mas com o coração, sem exercer nenhum tipo de poder ou verdade. O que interessa não é nunca o que o autor quis dizer ou a visão dos facilitadores, mas o que cada um sentiu ao ler ou ouvir a história apresentada, sem se sentir ameaçado por qualquer natureza, fortalecendo os sentimentos, histórias pessoais e memórias que foram despertadas.
• 4 – A dinamização: A dinamização acontece na medida em que se utiliza atividades que vão potencializar o efeito terapêutico do texto e favorecer a interação. A partir da temática do encontro pode-se pensar atividades lúdicas ou outro tipo de intervenção que possa ser feita de forma criativa. Como sugestões de atividades, trabalhamos com desenhos, pintura, escrita criativa, colagem, expressão corporal, dentre outras.

• 5 – Fechamento/encerramento: É interessante que o participante possa levar uma lembrança do encontro, algo que ele mesmo produziu, potencializando a sua experiência e fortalecendo positivamente as suas emoções e sentimentos.

TEMAS PROPOSTOS PARA O 1º SEMESTRE /2025

TEMA	TEXTO
JANEIRO: Sonhos e objetivos: qual o nosso lugar no mundo?	Que vida eu quero ter? (Susana Maria Fernandes).Se assim é, assim será? (Silvinha Meireles).
FEVEREIRO: O poder da palavra e do que verbalizamos.	A grande fábrica de palavras (Agnés de Lestrade e Valeria Docampo).
MARÇO: Lembranças e memórias	A caixinha de guardar o tempo (Alessandra Roscoe).
ABRIL: Mudança e transformação	A menina que fazia borboletas (Leandro Bertoldo Silva).
MAIO: Crença e autoconfiança	O menino que carregava água na peneira (Manoel de Barros).
JUNHO: Desapego	Janelas da Alma (Leandro Bertoldo Silva).

LOCAL: Que seja apropriado, sem barulho, com bom espaço de movimentação e iluminação.

PÚBLICO ALVO: Crianças e jovens acima de 12 anos.

QUANTIDADE DE PARTICIPANTES: 10 pessoas por turma, podendo ser adaptado ao estilo do evento.

DURAÇÃO DAS VIVÊNCIAS: 4 horas.

Essas Vivências acontecerão presencialmente no espaço da Árvore das Letras, localizado na Rua Amazonas, 136, em Padre Paraíso/MG.

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FACILITADORES:

Geane Matos: Geane Matos é atriz, produtora cultural, artesã e professora. Formada pelo Teatro Universitário da UFMG desde 1995. Atua como artesã desde 1988, trabalhando com diversas técnicas.

Leandro Bertoldo Silva: Leandro Bertoldo Silva é escritor, professor, contador de história e mediador de leitura em uma abordagem biblioterapêutica. Nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais e em 2000 formou-se em Letras pela PUC/MG. É membro titular da Academia de Letras de Teófilo Otoni/MG. Tem livros publicados entre romances, contos e poesia – haicais. Leandro é o artífice de seus próprios livros, que são feitos em prensa de madeira, utilizando técnicas de encadernação e papelaria fina.

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