CRÔNICA NOSSA DE CADA DIA

Sempre gostei de crônica, essa maneira deliciosa de falar da realidade por caminhos literários. A propósito, é comum nos vemos em volta da seguinte pergunta: afinal, o que é realmente uma crônica?

Bem, recebi de presente do amigo Ricardo Albino essa resposta em forma de… Crônica! Assim, com a sua permissão, publico aqui no blog esse texto “muito gostoso de ler”.

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Outro dia alguém me perguntou o que era uma crônica e eu disse apenas que era um texto muito gostoso de escrever, pela sua liberdade. No entanto, na tarde de 12 de março último, a caminho de mais um treino de bocha, acho que encontrei uma resposta criativa para essa pergunta.

Em minha opinião, a crônica é tudo aquilo que se enxerga e não apenas vê; é tudo que se escuta e não apenas ouve; é o colorido que todos nós damos a um quadro pintado em tela transparente, com letras escritas em linhas tortas que ganhamos de presente ao nascer.

 Portanto, a crônica nada mais é do que a representação da arte de viver. Dizem que tudo se cria nada se perde tudo se transforma. Para o jornalista posso dizer que não há nada mais verdadeiro, chega a ser até engraçado. É só colocar o pé na rua e é como se um radar fosse ligado, para nossa sorte, nosso radar, não costuma ter limite de velocidade, no meu caso funciona até parado no sinal de trânsito.

O cenário, desta vez, não era um barzinho da capital, mas, uma loja de esquina. Quatro pessoas, supostamente amigos, conversavam. A curiosidade surgiu quando ouvi a frase:

— Ocê viu, ele pegou!

O outro retruca:

— Não pegou nada!.

Pensei que falavam da paixão nacional do brasileiro, o futebol. Mas, logo percebi que o assunto em questão era a paixão nacional do homem, ou ao menos da maioria deles, as mulheres.  Um ser humano abençoado. Coisa mais linda, por Deus, ainda não foi criado. Dizem até que ele tentou, mas, ficou desanimado, pois, percebeu que era difícil criar algo tão iluminado.  Por elas de A à Z sou um cara apaixonado.

Ah! Os outros dois entraram na conversa. Um dizia assim:

— Ocê tá falando que chegou na loira?

E o quarto rapaz grita de lá:

— Eu duvido!

E o primeiro, todo orgulhoso, reage rápido:

— Ela me deu até o telefone dela!

O segundo ri e o terceiro completa:

— Ela é muito areia pro seu caminhãozinho.

O outro diz:

— Ocê ligou? Aposto que deu ocupado ou ela deu o número errado.

Foi gargalhada geral. Nesse momento, o sinal de trânsito abriu e fui eu dentro do carro imaginando onde foi parar aquela crônica nossa de cada dia.

Ricardo Albino é formado em Comunicação Social – Jornalismo, pelo Centro Universitário de Belo Horizonte – UNI-BH. Contador de histórias, formado pelo Instituto Cultural Aletria, Ricardo participou de inúmeros projetos, como a “Semana Nacional de Museus”, participou no quadro “Os Contadores de Histórias” no programa Revista da Tarde, na Rádio Inconfidência e vários outros projetos e festivais.

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