Por Xavier de Novais, personagem narrador do livro Histórias de um certo Aarão e outros casos contados, ainda em processo de escrita.
Olá! Cuidei que o meu escritor estivesse brincando quando delegou a mim a tarefa de assumir a lista de transmissão no WhatsApp. Mas qual! Não só não estava brincando, como cruzou os braços (literalmente) a isso, deixando mesmo para mim o encargo de alimentar de literatura quem por lá estiver espontaneamente. Não que ele não queira, mas as tarefas de escrita e produção de livros, além dos cursos e oficinas na Árvore das Letras os chamam ao serviço. Para comprovar o que digo, deixo aqui um pequeno vídeo dele em ação com a nossa “Paula Brito”, sim, nossa! Dou-me o direito de tê-la como minha, já que é ela que dará existência física à minha história e as do meu amigo Aarão Reis…
A propósito, você sabe por que a máquina de livros da Alforria Literária se chama “Paula Brito”? Esse nome é em alusão a Francisco de Paula Brito, proprietário de uma livraria no antigo lago do Rocio no século XIX, atual Praça Tiradentes, no Rio de Janeiro. Mulato, autodidata e oriundo de meio humilde, Paula Brito trabalhou como tipógrafo, impressor de livros e jornais, fundando a Marmota Fluminense numa época em que o analfabetismo era gigantesco em nosso país. Com essa história, o nome de uma máquina que faz livros não poderia ser mais adequado, não acha? Além disso, a importância de Paula Brito foi fundamental para acolher um mocinho acanhado, também mulato, brilhante e que faria história… Machado de Assis, que, por sua vez, inspirou com o seu óculos pince-nez a marca da Alforria Literária. E tudo se encaixa!
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Sempre gostei de histórias. Os primeiros livros que li foram os clássicos “Cinderela” e o “Caso da Borboleta Atíria”, da antiga coleção vaga-lume. Hoje as coleções são mais modernas, melhoradas... Mas aqueles livros transformaram a minha vida. Lia-os de cima de um pé de ameixa, na casa de minha avó, e lá passava a maior parte do meu tempo sempre na companhia de outros livros que, com o tempo, foram ficando mais “robustos”. A partir de José Lins do Rego e seu “Menino de Engenho” fui descobrindo Graciliano Ramos, Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Clarice Lispector, Fernando Pessoa, Henriqueta Lisboa, Fernando Sabino, Murilo Rubião... Ainda hoje continuo descobrindo escritores, muitos se tornando amigos, outros pelas páginas de seus livros, como Mia Couto, Ondjaki, Agualusa. Porém, já naquela época sabia o que queria ser. Não tinha uma formulação clara, mas sabia que queria fazer parte do mundo das histórias, dos poemas, dos romances e das crônicas, pois aquilo tudo me encantava, me tirava o chão, fazia a minha imaginação voar. Hoje sou um homem feliz; casado, eterno apaixonado e pai da Yasmin. As duas, ela e a mãe, minhas melhores histórias... Mas também sou formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC/MG, com habilitação em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, sou Membro Correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni/MG, título que muito me responsabiliza e sou um homem das palavras. Mas essas palavras tiveram um começo... O meu encanto por elas fez com que eu começasse a escrever, inicialmente para mim mesmo, mas o tempo foi passando e pessoas começaram a ler o que eu produzia. Até que a revista AMAE EDUCANDO me encomendou um conto infanto-juvenil, e tal foi minha surpresa que o conto agradou! Foi publicado e correu o Brasil, como outros que vieram depois deste. Mais contos vieram e outros textos, como uma peça de teatro encenada no SESC/MG, poemas, artigos até que finalizei meu primeiro romance - Janelas da Alma - em fase de edição e encontrei uma grande paixão: os Haicais! Embora venho colecionando "histórias", como todo homem que caminha por esta vida, prefiro deixar que as palavras falem por mim, pois escrever para mim é mais do que um ofício que nos mantém no mundo. Escrever me coloca além dele... E é por isso que a minha vida, como a de um livro, vai se escrevendo – páginas ao vento, palavras ao ar.
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Um comentário em “A ARTE DE SIGNIFICAR”
Parabéns! A cada dia vejo o sucesso de um trabalho importante pela sua relevância ao meio ambiente e seus habitantes.
Parabéns! A cada dia vejo o sucesso de um trabalho importante pela sua relevância ao meio ambiente e seus habitantes.
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